“Verba volant, scripta manent”
Provérbio romano
Estou escrevendo esta newsletter na sexta-feira, dia 19.
Lá fora uma linda manhã de outono em São Paulo. Não há uma nuvem no céu sequer. O aplicativo do meu celular mostra o agradável friozinho de 19ºC lá fora.
No monitor da sala, que compartilho com Felipe e Rodolfo, as cotações do mercado mostram mais setas verdes de alta do que vermelhas de baixa.
O Ibovespa está um pouco acima dos 110 mil pontos, e nossas carteiras recomendadas têm apresentado muitos sinais positivos.
Os meses de abril e maio têm sido bons para nós investidores. Após um final de 2022 ruim e um início de 2023 pior ainda, finalmente temos uma sequência boa para nossas carteiras.
Já há uma brincadeira aqui na Faria Lima sobre a correlação entre as (muitas) viagens de Lula e a boa performance do mercado.
Se isso for verdade, há um bom prognóstico para os próximos dias, com o presidente passando alguns dias lá no outro lado do mundo.
Brincadeiras à parte, com quase seis meses decorridos do atual governo, já podemos compreender melhor o seu modo de operação.
Durante a eleição, Lula criticava incessantemente o que chamava de subordinação da estatal aos investidores internacionais. Em sua campanha, ele prometia não só devolver a empresa ao verdadeiro dono, o povo brasileiro, mas também rever sua política de preços “entreguista”.
Um bom exemplo é o recente anúncio da nova política de preços da Petrobras, feito com pompa e circunstância por Alexandre Silveira e Jean Paul Prates, respectivamente Ministro de Minas e Energia e Presidente da empresa.
Segundo eles, a nova regra “encerra a subordinação dos valores ao preço de paridade de importação” e será baseada em referências de mercado, com prioridade para o custo alternativo do cliente e o valor marginal para a Petrobras.
Na prática, nada muda. Tanto é que os preços das ações da estatal subiram após o anúncio, mostrando o alívio dos investidores com a notícia.
Por outro lado, apesar de inócua, a medida foi recebida com festa pela base ideológica de Lula. Sites “chapa-branca” como Brasil 24/7 e Carta Capital elogiaram o cumprimento da promessa de campanha e o “resgate da soberania nacional”.
Para ficar ainda na Petrobras, outro episódio recente traz mais pistas sobre a natureza do atual governo. A confirmação da distribuição de dividendos de R$ 24 bilhões demonstra que as críticas feitas por Lula às distribuições feitas na administração passada eram meramente retóricas.
Menos mal. Até agora, as assustadoras declarações que Lula tem feito, especialmente em eventos junto à sua base, não têm passado disso, meras declarações.
Aos poucos vamos lembrando do caótico equilíbrio político que marca a trajetória de Lula, desde os tempos de líder sindical no ABC.
Lula não hesita em alimentar a sua base com argumentos para apoiá-lo. Segue em permanente estado de campanha, apesar de já estar no poder há tempos.
Por outro lado, e felizmente, ele reluta em implementar de fato o que propõe em seus discursos.
Como resultado, temos um governo na retórica e outro na prática. Com isso, diminui a probabilidade de um desastre, e o mercado começa a entender isso.
Encerro transcrevendo o que escreveu Bill Bonner nesta semana:
“Sim, o governo talvez seja inevitável. Mas, como mosquitos, intoxicação alimentar e mídia social, quanto menos você tiver, melhor para você.”
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço.