Inicio reforçando os votos de um feliz 2024.
Escrevo na minha última semana de férias com a família.
Apreciador da praia, verão, sombra e água fresca, fui voto vencido e viemos para a Europa encarar o frio, com direito a temperaturas abaixo das médias dos últimos anos.
Os filhos quiseram repetir o programa do ano passado e viemos para uma estação de esqui no Alpes franceses.
As crianças crescem rápido. A cada ano, os pais ficam menos interessantes que os programas com amigos.
Certa vez ouvi de um amigo mais velho que, mesmo com filhos crescidos, a viagem de esqui segue sendo o momento de encontro familiar.
Todos sabem que viagens assim são caras, esqui não é exatamente um esporte do povo.
Diante, porém, da perspectiva de alongar o convívio com os filhos, o ROI desse gasto me parece atraente.
A propósito, a prática desse esporte me trouxe um insight interessante, que compartilho mais adiante.
Mas, antes, vamos aos mercados.
Depois de um maravilhoso fim de 2023, a rebordosa pós-réveillon trouxe uma certa correção justa para o clima de oba-oba vivido em dezembro.
Permanecem os riscos já mapeados.
Dúvidas sobre a atividade econômica nos Estados Unidos trazem incerteza sobre a atuação do FED durante um 2024 que, de quebra, traz um pleito presidencial com doses de emoção garantidas.
Por aqui, também temos eleições – municipais no nosso caso –, que devem trazer mais agito ao delicado equilíbrio fiscal almejado pelo Ministro Haddad.
Aprendemos, contudo, que o perigo reside justamente nos riscos não-mapeados. Os cisnes-negros de Nassim Taleb ou os unkown-unknow de Donald Rumsfeld.
De qualquer forma, ainda aguarda-se o estabelecimento de alguma tendência no mercado em 2024, que tem tido frequente alternância entre dias bons e dias ruins.
Do meu lado, férias já quase finalizadas, estarei de volta ao escritório na semana que vem.
Os dias compartilhados com a família passeando pelas montanhas agora fazem parte das memórias que serão revividas nas fotos e vídeos que colecionamos.
Aproveito agora para compartilhar meu insight.
A técnica de esquiar é contraintuitiva, o que garante boa dose de tombos, desafiando a persistência dos iniciantes.
Se você sabe esquiar, permita-me dividir algo com quem nunca experimentou.
Quando descemos as pistas enfrentando a aceleração provocada pela gravidade, a nossa tendência natural é de nos posicionarmos contra a velocidade, transferindo nosso peso na direção contrária.
No momento em que fazemos isso, perdemos a estabilidade, já que é o peso colocado na parte dianteira do esqui que permite que façamos curvas, dosando a velocidade e calibrando a direção desejada.
Analogamente, os carros de corrida também necessitam de pressão aerodinâmica na parte frontal, sob risco de descontrole em caso de perda de aderência.
No esqui, na tentativa de evitar o tombo, o iniciante assustado com a velocidade crescente termina justamente causando a queda, enquanto o praticante experiente utiliza a força da aceleração para executar as manobras.
Na vida prática, o êxito em nossas atividades raramente é logrado por aqueles que se esquivam.
Ao fugirmos dos desafios enfrentados, receosos de possíveis tombos causados pelo desconhecido, não nos damos a possibilidade de construir algo que iremos desfrutar e nos orgulhar ao longo do caminho.
Invariavelmente, aqueles que atingem o sucesso, em qualquer ramo de atividade, engoliram o medo e utilizaram a própria força da adversidade para crescer e se desenvolver.
Recordando novamente Nassim Taleb, o antifrágil, aquele que ganha mais força enquanto assimila os choques enfrentados é superior ao robusto, que meramente resiste a choques adversos.
Em 2024, lembre-se de que sem tombos não há bons esquiadores.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura em um abraço.