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Dor e sacrifício

“Finalmente o mercado parece ter percebido aquilo que qualquer frequentador de academia de ginástica está cansado de saber. […]”.

Por Caio Mesquita

26 set 2022, 08:37 - atualizado em 26 set 2022, 08:37

Dor e sacrifício
Fonte: Free Pik

No pain, no gain.

Finalmente o mercado parece ter percebido aquilo que qualquer frequentador de academia de ginástica está cansado de saber.

Depois de alguns terem nutrido, nos últimos meses, a esperança de que haveria uma resolução tranquila para a altíssima inflação que aflige as economias dos países desenvolvidos, participantes de mercado colocaram definitivamente na conta a perspectiva de uma recessão econômica.

Somente com o arrefecimento da economia e, consequentemente, do mercado de trabalho, é que será possível domar a alta nos preços.

Após mais de uma década de farra monetária, acelerada com a compensação às medidas restritivas de combate à pandemia, a conta finalmente chegou na forma de índices inflacionários comparáveis aos da década de setenta.

Com os indicadores totalmente desequilibrados, as economias dos países desenvolvidos não têm saída senão um ajuste duro, digno daqueles rigorosos spas de emagrecimento.

Quando lemos que a inflação ao produtor na Alemanha, bastião da austeridade monetária, atingiu inacreditáveis 45,8% ao ano em agosto, fica claro que moderação não será suficiente para resolver o problema.

Jerome Powell não poderia ter sido mais enfático em sua entrevista coletiva. Para explicar sua decisão, Powell não economizou no discurso, utilizou algumas vezes a palavra “pain” (“dor” em inglês) para explicar a natureza do ajuste necessário para estabilizar os preços.

Enquanto o mundo encarava a dura realidade, resolvi começar um esporte novo. Ao ouvir o entusiasmo com que Mark Zuckerberg contou a Joe Rogan, em seu popular podcast, sua iniciação no jiu-jítsu, finalmente tomei a decisão de aprender a modalidade.

E não estou começando sozinho. Matriculei-me com os meus dois filhos mais novos, Valentina e David, e juntos estamos iniciando os primeiros passos do aprendizado.

Em família, estamos juntando as primeiras pecinhas deste imenso quebra-cabeça do desenvolvimento pessoal em busca do nosso aprimoramento.

Todos sabemos dos benefícios das artes marciais para o desenvolvimento das crianças, estimulando importantes valores como disciplina, respeito, coragem e lealdade, isso para não dizer, claro, dos ganhos físicos.

Nós adultos, todavia, temos tanto ou mais a ganhar quando nos dedicamos a aprender algo novo.

Amarrar a faixa branca na cintura pela primeira vez reforça que o aprendizado não é só longo, mas infinito.

Lá na sala de treino, não sou pai, muito menos um CEO, mas sim o companheiro de treinamento dos meus filhos. Todos lá, abertos para receber os ensinamentos do professor.

Além do jiu-jítsu, nos últimos anos, iniciei-me em outros esportes. Golfe, tênis e natação.

Como não se ensina novos truques a um cachorro velho, ainda luto para conseguir alguma consistência nas modalidades. Sigo tendo aulas e me dedicando aos três.

O esforço de anos de dedicação terá sua recompensa no futuro.

Os avanços são lentos, porém, por muitas vezes frustrantes. Mas sigo.

Na quarta-feira, Jerome Powell explicou aos americanos o que deveria ser óbvio.

No pain, no gain.

Sobre o autor

Caio Mesquita

CEO da Empiricus