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Incentivos e interesses

“A estratégia jurídica sugerida pela advogada realmente defende os meus interesses? […]”.

Por Caio Mesquita

01 out 2022, 09:22 - atualizado em 03 out 2022, 09:43

Opotunidades
Fonte: Free Pik

A estratégia jurídica sugerida pela advogada realmente defende os meus interesses?

A cirurgia proposta pelo médico é a melhor opção para o meu tratamento?

O layout de decoração apresentado pela arquiteta é a melhor opção dentro do meu orçamento?

Sempre que há um interesse comercial envolvido, torna-se complicado delimitar onde termina a orientação desinteressada e começa a busca por um bom negócio por quem aconselha.

Apesar de não ser exclusividade do nosso setor, é inegável que o conflito de interesses permeia as relações dentro da indústria de investimentos.

A contradição entre aconselhamento e venda, equação de delicado equilíbrio, traz desafios de difícil reconciliação.

Nada mais legítimo do que um profissional buscar uma remuneração justa pelo seu trabalho.

Quem poderá discordar que o bom trabalho oferecido deve ser devidamente recompensado?

A questão que se apresenta é como construir um mecanismo de remuneração que melhor alinhe os interesses de ambas as partes, promovendo uma verdadeira relação ganha-ganha, condição recomendada para um relacionamento saudável no longo prazo.

Há muito tempo a remuneração variável, condicionada ao atingimento de metas e produção de resultados, está consagrada nas boas práticas de gestão.

Muitas das críticas ao serviço oferecido pelo poder público, sem querer generalizar, decorre do desinteresse de alguns funcionários cuja remuneração não é vinculada à satisfação dos que são por eles atendidos.

Existe, todavia, um equilíbrio delicado a ser atingido.  

Pouco incentivo permite acomodação.
Incentivo demais pode induzir a práticas abusivas. 

Na batalha pelo bolso do investidor individual brasileiro, os grandes bancos têm reformulado seus modelos de negócio em resposta ao avanço das plataformas independentes.

Hoje o cliente dos Bancões tem acesso a um leque de opções de investimento infinitamente maior e melhor do que encontrava anos atrás.

Nada como a entrada de novos participantes para tirar os incumbentes da zona de conforto.

Por outro lado, preocupa a adoção por parte desses bancos de certas práticas comuns em algumas plataformas que, ao invés de mitigar, terminam incentivando o conflito de interesses entre cliente e instituição.

Em especial, chama a atenção a estrutura de compensação aos assessores das plataformas recém-estruturadas pelos bancos.

Empurrando quase toda remuneração para o variável, não resta opção ao profissional a não ser buscar produtos de alta rentabilidade ao banco, e não necessariamente ao cliente.

Tal estratégia pode até render frutos no curto prazo, mas não parece ser a mais adequada para a construção de uma relação robusta no longo prazo.

Depois de sofrer uma contínua sangria dos recursos dos clientes, os bancos estão sendo ajudados pelo panorama atual de juros altos, onde terminam jogando em casa.

Assim sendo, os Bancões poderiam ter, neste momento, uma perspectiva mais perene de atuação neste momento em que tentam reconstruir sua relação com os investidores individuais.

Deixo você agora com os destaques da semana.

Um abraço e boa leitura,

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Sobre o autor

Caio Mesquita

CEO da Empiricus