Qual a diferença entre persistência e teimosia?
Essa pergunta me acompanha desde o início da minha vida como empreendedor, lá no início dos anos 2000.
Musk, Bezos, Zuckerberg, Arnault… Quem poderia descartar que a persistência dos grandes empreendedores da atualidade foi parte integrante das suas vitoriosas trajetórias?
A seleção natural dos menos convictos garante que somente os realmente obcecados em atingir seus objetivos obtenham sucesso.
A leitura de qualquer biografia de um grande empresário invariavelmente é pródiga em exemplos de situações extremas onde, por um detalhe, a empresa sobreviveu à morte iminente.
Como a história é contada pelos vencedores, nunca terminamos conhecendo a infinidade de projetos – e de empreendedores – que falharam no meio do caminho.
Também nunca saberemos em que medida a persistência se transformou em teimosia, arruinando de maneira irreversível a vida financeira dos que ousaram mas falharam nos seus empreendimentos.
De fato, persistência e teimosia são tons da mesma cor, cujo brilho final somente o espelho retrovisor poderá revelar.
Nesta semana tivemos a oportunidade de ouvir pessoas de sucesso no CEO Conference do Banco BTG Pactual, todas persistentes em suas vidas profissionais.
Caso não tenha assistido ao vivo, a participação era gratuita a todos que se cadastraram, e todas as palestras estão disponíveis no canal do BTG no Youtube.
Contando com a presença de autoridades do Governo, líderes do setor privado e profissionais do mercado financeiro, o evento ganha a cada ano mais atenção e prestígio.
Neste ano tivemos a novidade de contar com duas atrações internacionais de peso, o mega investidor Bill Ackman, em grande evidência atualmente, e o professor/consultor/empreendedor Scott Galloway, cujo podcast “The Prof G Pod” tem minha audiência diária.
A propósito, Galloway, ele mesmo empreendedor de quase uma dezena de startups, tem trazido importantes insights sobre os limites da persistência, ponderando os perigos da teimosia excessiva.
A história traz inúmeros exemplos de líderes que souberam o momento de retroagir ao invés de insistir em caminhos que os levariam ao abismo.
Há, porém, tantos ou mais casos de exemplos contrários, em que a ousadia passou do ponto e teimosos líderes se afundaram na desgraça irreversível.
Galloway lembra da máxima espartana que exigia que o herói voltasse com seu escudo ou sobre ele.
Curioso lembrar que Esparta, apesar de exemplificar ideias de bravura, não conseguiu deixar sua marca na história como uma força hegemônica, provavelmente por sua incapacidade de temperar cautela com sua natural ousadia.
Nos negócios, também nos fascinam as histórias dos que falharam, e desistiram, antes de finalmente lograrem sucesso. O exemplo de Jorge Paulo Lemann, que teria quebrado três vezes antes do Banco Garantia, é sempre uma referência.
Antes de fundar a Empiricus, fui sócio de uma rede de restaurantes por sete anos. Tivemos um relativo sucesso, chegando a ter 13 pontos de vendas entre São Paulo e Rio de Janeiro.
Sem maiores perspectivas de crescimento, decidi “stoppar” e vendi minha participação.
O lema da persistência absoluta teria me prendido em um negócio que não me permitiria alcançar a altitude que atingi com a Empiricus.
Desistir pelas razões corretas não deveria nos trazer vergonha. Pelo contrário, trata-se de uma decisão natural diante da situação apresentada. Ir além disso seria submeter-se a caprichos do ego, o que raramente leva a bons resultados.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço.