Determination makes you run, never stop
Gotta win, gotta run ‘til you drop
Keep the pace, hold the race
The mind is getting clearer
You’re over halfway there
But the miles, they never seem to end
As if you’re in a dream, not getting anywhere
It seems so futile
Run, on and on
Run, on and on
The loneliness of the long distance runner
Steve Harris – Iron Maiden
Assim, completamos o primeiro quadrimestre do governo Lula.
Na maratona dos 48 meses, já percorremos 44. Como na prova clássica, o esforço tem sido grande, mas estamos avançando. Depois de um início muito desafiador, parece que entramos em um trecho mais plano que nos dá ânimo para seguir em frente.
Explico.
Ainda estão vivas as memórias das especulações do mercado, durante e depois das eleições, sobre qual Lula teríamos desta vez: o responsável e pragmático Lula I de Palocci e Meirelles ou o descontrolado Lula II de Mantega, que deu o tom para o desastre subsequente de Dilma.
Pelo tom do discurso (e como ele gosta de falar), o Lula de hoje tem se aproximado de sua pior versão. Carregando no populismo de esquerda, Lula tem assustado com muito mais frequência do que acalmado.
As recentes viagens internacionais têm oferecido certo alívio aos mercados e às nossas carteiras. Não que o nosso presidente tenha melhorado ou mesmo moderado seu discurso. Pelo contrário, os discursos recentes de Lula têm sido um show de horrores, especialmente seus descabidos pitacos sobre a invasão russa na Ucrânia.
Enquanto tenta bancar o líder mundial que não é, Lula nos deixa em paz, pelo menos temporariamente. Com um governo com as ideias erradas, quanto menos ideias tiver, melhor.
Por outro lado, parecem surgir sinais de que, pelo menos em um futuro próximo, não capotaremos na reta.
Tirando os ruídos da retórica ruim, a incompetência do governo tem jogado a nosso favor, já que vemos pouca implementação prática de suas ideias, pelo menos no campo econômico.
Na realidade, o esforço da equipe econômica tem sido no sentido correto. Mesmo sabendo que o arcabouço fiscal proposto por Fernando Haddad não seja o ideal, há uma demonstração de certa preocupação com a estabilidade fiscal, algo que não víamos no final do governo anterior de Lula e de sua sucessora.
É possível, inclusive, que a proposta seja até melhorada, mesmo que marginalmente, durante sua tramitação no Congresso, que tem se mostrado fiel à vontade mais conservadora dos eleitores que o escolheram.
Uma prova disso ficou por conta do recente revés imposto por Arthur Lira ao governo. Ao forçar o recuo em sua tentativa de alterar o marco do saneamento básico, o presidente da Câmara demonstrou que iniciativas heterodoxas enfrentarão resistência no Legislativo.
Demonstrações de harmonia entre Ministério da Fazenda e Banco Central, evidenciadas na cordialidade do debate entre Haddad e Campos Neto na audiência desta semana do Senado, também contribuem para um clima mais construtivo na condução da economia.
Falando em Banco Central, os números positivos da inflação recente devem abrir espaço para o relaxamento da política monetária no segundo semestre, como o mercado já precifica.
As quedas recentes do dólar, que permaneceu abaixo dos R$ 5,10 durante todo o mês de abril, e do petróleo, abaixo dos US$ 80, podem trazer ainda mais alívio na pressão inflacionária, ao menos no curto prazo.
Com o início de um ciclo de juros, poderemos finalmente ver uma reversão nos fluxos, com o dinheiro regando novamente as cotações dos ativos de risco.
Esta semana ouvi de uma figura para lá de relevante da Faria Lima que o “mercado está com vontade de melhorar”.
Nesta maratona que se inicia, partimos carregando o peso das ideias erradas propagadas pelo presidente eleito. A corrida segue dura, mas decorridos quatro meses, sentimos certo alívio em nossas passadas.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço,