Escrevo esta newsletters a seis semanas da votação em primeiro turno das eleições de 2022.
Dado o perfil dos dois candidatos que lideram as preferências nas pesquisas, era de se esperar, a esta altura da disputa, uma temperatura mais quente da que estamos vivenciando no momento.
Depois de passarmos a segunda metade do ano passado e a primeira metade deste especulando sobre a viabilidade de um candidato de centro, caminhamos para um disputa com o meio oco.
Curiosamente, a falta de uma alternativa mais moderada vem contribuindo para uma amenização dos discursos dos dois favoritos, como pudemos observar nas entrevistas de ambos no Jornal Nacional desta semana.
Como me lembrou Kiki Knudsen, da Vitreo Gestão, em um café da manhã com assinantes, pela primeira vez em nossa história temos dois candidatos que já usaram a faixa presidencial, afastando assim o risco do desconhecido.
Daquela maneira macunaímica, o Brasil terminou conquistando, nestas mais de três décadas de redemocratização, um certo grau de estabilidade que nos permite atravessar um ano eleitoral sem aquela montanha russa de emoções que agitava os mercados em momentos como este.
Diferentemente do que a cobertura política quer nos convencer, o Presidente da República tem limitada autonomia para implementar monocraticamente suas ideias. Qualquer medida relevante precisa passar necessariamente pela aprovação do Congresso. Lá, a predominância do chamado Centrão filtra qualquer iniciativa mais contundente, para o bem ou para o mal.
Lula pode bravatear, para o aplauso da sua claque, sobre reverter privatizações e reformas. Isso pode até dar boas manchetes mas, na realidade, iniciativas como essa teriam enorme dificuldade em encontrar apoio do Legislativo.
Além disso, a recém aprovada autonomia do Banco Central traz um grau a mais de controle sobre o Executivo. Caso um presidente afrouxe demais o fiscal, a autoridade monetária necessariamente terá que subir juros para arrefecer preços, medida que se voltaria contra o próprio presidente.
O outro lado dessa moeda é que, por conta de todas essas amarras de Brasília, fica difícil se animar quanto à perspectiva de termos avanços consistentes no País, cuja viabilidade depende de um programa de reformas modernizantes.
Curiosamente, em um ano de eleições presidenciais, a volatilidade que temos observado nos mercados não vem do plano doméstico, e sim das dúvidas quanto à condução da política monetária nos países desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos.
O único cenário que causa certa preocupação ao mercado seria uma derrota do Presidente Bolsonaro por uma margem estreita o suficiente para justificar questionamento sobre a lisura do processo com consequente instabilidade institucional.
Salvo isso, a tendência no plano doméstico é para certo alívio com o fim das eleições, com uma melhora dos preços dos ativos, independentemente do vencedor.
Dito isso, há de se lembrar que o fato de não existir clara aversão do mercado tanto em relação a Lula quanto a Bolsonaro não implica que os ativos reagiriam de forma homogênea caso o vencedor seja um ou outro.
Ações de estatais como Petrobrás e Banco do Brasil teriam uma reação relativamente pior caso haja a vitória do candidato do Partido dos Trabalhadores quando se compara a um cenário de reeleição do atual presidente, por exemplo.
Para acompanhar de perto como os resultados das eleições afetam seus investimentos, ouça o que o Felipe tem a dizer aqui neste vídeo.
P.S: A partir desta segunda começa uma nova Semana da Renda Fixa na Vitreo. O momento é crucial porque pode ser a última grande janela de entrada na Renda Fixa. As taxas de retorno dos títulos, que estavam muito altas, estão começando a ficar mais escassas. E, nas semanas da Renda Fixa, a Vitreo busca, com vários emissores, títulos exclusivos com taxas de retorno bem mais gordas que o mercado. Cada dia é um título diferente. Por fim, já na seara dos títulos high yield, vai ter mais uma operação de precatório durante a semana. Essas acabam rapidíssimo e têm lastro limitado. Também não é pra menos, já que as últimas operações com precatório tiveram rentabilidade estimada acima dos 205% do CDI. Clique aqui para entrar em uma lista preferencial e receber as oportunidades.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço,