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Na frente da curva

Fechamos março com o melhor mês para os investimentos brasileiros em muito tempo. Engenheiros de obra pronta afirmam que estavam preparados para a combinação de Bolsa para cima (subiu mais de 6% no mês) e dólar para baixo (caiu quase 8% no mês), marcando seu menor nível desde o início da pandemia. Eu mesmo, sem […]

Por Caio Mesquita

04 abr 2022, 09:33 - atualizado em 04 abr 2022, 09:34

Fechamos março com o melhor mês para os investimentos brasileiros em muito tempo.

Engenheiros de obra pronta afirmam que estavam preparados para a combinação de Bolsa para cima (subiu mais de 6% no mês) e dólar para baixo (caiu quase 8% no mês), marcando seu menor nível desde o início da pandemia.

Eu mesmo, sem ser analista, descrevi por aqui um cenário positivo para os nossos mercados lá no final de janeiro.

Não há como saber quem se posicionou de fato para aproveitar os ganhos. Como os preços de mercado refletem o consenso à época, podemos inferir que esses otimistas não constituíam a maioria dos investidores.

Por certo, não foram os brasileiros que empurraram essa valorização. Pelo contrário, nós fomos a contraparte vendedora para o forte fluxo de compras vindo de fora.

No câmbio, o padrão se repete. O forte fluxo de divisas entrando no país derrubou em 15% a cotação do dólar desde o início do ano. Mais uma vez, se os gringos estão comprando reais, e estão comprando muito, somos nós, brasileiros, que vendemos.

Quando o Banco Central de Roberto Campos Neto começou a subir a taxa de juros, muitos afirmavam que nossa autoridade monetária estaria “behind the curve”, ou seja, que havia demorado muito para iniciar seu ciclo de aperto monetário.

Na virada do ano, ficou claro que o problema da inflação não era exclusividade nossa. Alarmantes dados sobre a alta dos preços nas principais economias do mundo reforçaram a necessidade premente de aumentar os juros lá fora.

De fato, o ciclo de aperto nos Estados Unidos se iniciou em março, com o Fed elevando sua taxa de Fed Funds (equivalente a nossa Selic) em 0,25%. Com a inflação comendo solta por lá, flertando com os dois dígitos, o Fed não só está atrás da curva, como parece ter levado uma volta inteira dos índices de preços.

Na Europa a situação é ainda pior. Enquanto o Banco Central Europeu, de Christine Lagarde, ainda mantém zerada sua taxa de juros de referência, a inflação acelera, com o índice de preços na historicamente sóbria Alemanha batendo inimagináveis 7,3% na comparação entre março deste ano com o ano passado. Para a Zona do Euro como um todo, a inflação já bateu nos 7,5% ao ano.

Gráfico, Gráfico de linhasDescrição gerada automaticamente

Fonte: Bloomberg

Com juros reais tão negativos lá fora, restam poucas opções aos investidores senão buscar abrigo nos ativos reais, retroalimentando a inflação.

Investidores internacionais também descobriram que, relativamente a seus pares, o ciclo de aperto monetário não só está bastante adiantado como se aproxima de seu encerramento.

Consequentemente, a moeda brasileira tornou-se a nova queridinha internacional.

Em seu Diário de Bordo desta semana, o Jojo traz um gráfico que resume essa relação entre juros e câmbio:

Fontes: Bloomberg e Vitreo Gestão

Observando a figura, é interessante notar que o dólar continuou a se valorizar durante todo o segundo semestre do ano passado, desabando repentinamente a partir de meados de janeiro deste ano.

Essa dinâmica é um excelente exemplo do movimento não linear dos preços dos ativos. Tal como o fenômeno descrito por Malcolm Gladwell em seu “The Tipping Point”, de supetão aparece uma confluência de fatores que empurram os preços.

Por fim, março também marcou uma importante recuperação das criptomoedas, que retornaram aos níveis do início do ano, após amargar fortes baixas em janeiro e fevereiro.

Aqui parece que houve uma mudança da percepção de como o ciclo monetário poderia afetar o valor das criptos.

Em um primeiro momento, observou-se uma realização nos preços, em linha com o verificado nas ações tech em geral, por conta da perspectiva de juros mais altos que tiraram a atratividade das moedas digitais.

Mais recentemente, diante do ceticismo quanto à capacidade dos bancos centrais em praticar juros que efetivamente controlem a inflação, parte dos investidores animou-se em buscar nas criptomoedas um abrigo dos efeitos inflacionários nas moedas fiduciárias.

Em conclusão, se você, como eu, entende as criptomoedas como uma classe de ativos que progressivamente ocupará mais espaço nas nossas vidas e, consequentemente, em nossas carteiras, a Vitreo lançou esta semana o primeiro fundo de previdência do Brasil com gestão ativa em criptomoedas.

Fiz lá o primeiro aporte do fundo, aproveitando as vantagens fiscais e sucessórias de uma estrutura de previdência:

 

 

Interface gráfica do usuário, TextoDescrição gerada automaticamente
Deixo você agora com os destaques da semana.

Boa leitura e um abraço,
Caio

P.S: a viagem da nossa equipe à Dubai pra participar dos maiores eventos de cripto do mundo está rendendo mais frutos. Isso porque eles identificaram uma nova microcoin que tem alto potencial e vai integrar a carteira de moedas embrionárias – esta, em questão, tem menos de US$ 50 milhões de market cap. Quer receber a indicação exclusiva em primeira mão na segunda-feira? Acesse aqui e veja como vai funcionar.

Sobre o autor

Caio Mesquita

CEO da Empiricus