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“Escrevo esta newsletter após ler a notícia de que a Binance, a exchange de criptomoedas do sino-canadense Changpeng Zhao, adquiriu uma participação relevante […]”

Por Caio Mesquita

14 fev 2022, 09:47 - atualizado em 14 fev 2022, 09:56

Escrevo esta newsletter após ler a notícia de que a Binance, a exchange de criptomoedas do sino-canadense Changpeng Zhao, adquiriu uma participação relevante na Forbes, tradicional publicação de negócios e conhecida pelos seus rankings dos bilionários.

A participação no capital da revista veio através do investimento de US$ 200 milhões em um SPAC, veículo que possibilitará a abertura de capital da Forbes.

Ao anunciar o negócio, a Binance explicou o caráter estratégico da aquisição. Segundo a empresa, a Forbes ajudará na construção de um entendimento melhor sobre a tecnologia blockchain e de ativos digitais.

O negócio se junta a uma longa lista de transações envolvendo grandes grupos empresariais e ativos de mídia, principalmente veículos de imprensa, invariavelmente fragilizados pelas mudanças de hábitos de seus leitores após o advento da internet.

Nos Estados Unidos, em especial, empresas ou empresários de tecnologia têm sido responsáveis pelas principais aquisições de veículos de imprensa. Antes de Changpeng Zhao, Jeff Bezos (Amazon) e Marc Benioff (Salesforce) compraram o jornal The Washington Post e a revista Time, respectivamente.

A potência financeira da turma do Vale do Silício impressiona. Uma rápida olhada no ranking das maiores empresas americanas por capitalização de mercado mostra isso.

Ao olhar o ranking, precisamos descer uma dúzia de posições antes de chegar à primeira empresa industrial, no caso, a Johnson & Johnson. Antes que você reclame, tiro a Tesla dessa categoria já que suas métricas de valorização seguem claramente uma lógica tech.

Partindo da premissa que o valor de uma empresa é produto da própria criação de valor à sociedade derivada da comercialização de seus bens e serviços, deveríamos estar testemunhando um formidável aumento na riqueza das famílias nessas duas últimas décadas de revolução tecnológica.

Infelizmente, os números indicam o contrário.

Tomando os próprios Estados Unidos como referência, verificamos que a renda das pessoas andou de lado desde o início do século.

Pois bem. Se ajustada pela inflação a renda das famílias não evoluiu em nada desde o surgimento das gigantes techs, para onde foram os enormes ganhos de produtividade que deveríamos estar usufruindo a partir de tantas inovações tecnológicas?

O fato é que estamos progressivamente ficando dependentes da tecnologia que invadiu nosso dia a dia, transformando os nossos hábitos, não necessariamente para melhor.

Gastamos tempo demais nos nossos celulares. Diariamente, as pessoas ficam quase duas horas e meia nas redes sociais, não exatamente a atividade mais produtiva que podemos exercer.

O valor de mercado de Apple, Google e Microsoft demonstra que, além de tempo, gastamos dinheiro com tecnologia. Como dinheiro atrai dinheiro, um enorme fluxo de capital, impulsionado por políticas monetárias e fiscais expansionistas, tem sido direcionado a esses ativos, elevando os preços dessas ações a níveis estratosféricos.

Uma parte desse capital, antecipando o movimento de alta nos juros a ser promovido pelo Federal Reserve, começa a refluir, causando pressão vendedora nas ações tech. A correção no índice Nasdaq, caindo mais de 12% desde seu pico em novembro do ano passado, pode prosseguir enquanto houver incertezas quanto à duração e à profundidade no ciclo de alta de juros.

A pressão negativa nos preços parece ser conjuntural e transitória, posto que parecemos irreversivelmente destinados a integrar progressivamente a tecnologia em nossas vidas.

Tal como meus pais e avós criticavam meu tempo de infância desperdiçado na frente da TV, eu também me esforço para diminuir a exposição dos meus pequenos aos gadgets e aplicativos. Esforços que têm sido, de maneira geral, em vão.

Sabendo que meu caso está longe de ser único, muito pelo contrário, entendo que a importância da tecnologia, e das empresas envolvidas, não só deve permanecer, como aumentar.

Se como pai estou preocupado, como investidor sigo interessado nas imensas oportunidades advindas do impacto da tecnologia nas nossas vidas.

Como disse um dia Ivana Trump, ao comentar seu litigioso processo de divórcio de Donald Trump: “Don’t get mad, get everything”.

Deixo você agora com os destaques da semana.

Boa leitura e um abraço,
Caio

Sobre o autor

Caio Mesquita

CEO da Empiricus