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Nem tudo que reluz é ouro

Enquanto víamos o dólar disparar, a curva de juros abrir e as cotações na bolsa sofrerem duras correções, admiramos a performance das criptomoedas.

Por Caio Mesquita

09 dez 2024, 10:59 - atualizado em 09 dez 2024, 10:59

bitcoin ouro

Imagem: iStock.com/DKart

We believed
We’d catch the rainbow
Ride the wind
To the sun
And sail away
“Catch the Rainbow”- Ronnie James Dio / Ritchie Blackmore

Mais uma semana dura para os mercados brasileiros.

Enquanto víamos o dólar disparar, a curva de juros abrir e as cotações na bolsa sofrerem duras correções, admiramos a performance das criptomoedas com destaque para o marco histórico do Bitcoin que finalmente ultrapassou a cotação dos US$ 100.000.

Foi realmente uma semana importante na longa jornada do Bitcoin, desde seu início como uma aposta ousada para muitos a um ativo legitimado até pelos mais céticos. Desta vez, o impulso veio de uma declaração inesperada de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve.

Durante o DealBook Summit, Powell comentou que o Bitcoin “não é um concorrente do dólar, mas sim do ouro”, destacando que o papel do Fed no mercado de criptomoedas é limitado e reconhecendo que “Bitcoin é como ouro, só que virtual, digital”.

Essas palavras, vindas do líder do maior banco central do mundo, ajudaram a impulsionar o ativo, que subiu 3% no dia seguinte, ultrapassando US$ 103.000 antes de corrigir ligeiramente.

Embora Powell não tenha tido a intenção de promover o Bitcoin, suas declarações soaram como uma validação. Reconhecer o Bitcoin como uma alternativa ao ouro é um marco importante, especialmente para um ativo que já acumulou uma impressionante valorização de 200.000.000% desde que foi negociado a US$ 0,05 há 15 anos.

A declaração de Powell renovou a força das criptomoedas, em alta desde a vitória de Donald Trump que, por sinal, prometeu transformar os EUA na “capital mundial das criptomoedas”, intenção reforçada pela nomeação de Paul Atkins como chefe da SEC.

A investidora Cathie Wood, da ARK Invest, resumiu bem o otimismo atual: “Bitcoin é uma ideia muito maior que o ouro.” O mercado de ouro, avaliado em cerca de US$ 15 trilhões, ainda é mais de 7x maior que o valor de mercado do Bitcoin, mesmo após seu recorde. Essa diferença alimenta projeções ambiciosas, como a da ARK, que prevê o Bitcoin chegando à formidável marca de US$ 1 milhão até 2030.

O momento é ainda mais significativo considerando o cenário atual. Após anos sendo visto como uma moeda de especuladores e associada a escândalos e fraudes, o Bitcoin atravessa uma transformação histórica. Hoje, ele é reconhecido como um ativo legítimo, presente em corporações, hedge funds, fundos de pensão e até portfólios de investidores individuais.

Enfrentando todo tipo de desafios, o Bitcoin mostrou uma resiliência impressionante. Ele foi declarado “morto” 415 vezes, mas nunca deixou de funcionar como prometido. Mesmo durante o colapso da FTX e outros invernos cripto, sua estrutura permaneceu intacta, e seu preço voltou mais forte.

Nassim Taleb, apenas para citar um exemplo de seus detratores, recorrentemente critica o Bitcoin por falhar como moeda funcional, reserva de valor e proteção contra a inflação. Taleb também afirma que o Bitcoin se transformou em um “culto” e é ineficaz até para atividades ilícitas devido à sua rastreabilidade, prevendo que ele desaparecerá por ser insustentável no longo prazo.

Muitos, inclusive Taleb, eram céticos quanto à capacidade de sobrevivência do setor em um ambiente de juros reais positivos. O fato é que o Bitcoin, assim como todo o universo de cripto, passou pelo seu mais duro teste quando na forma do aperto monetário promovido pelo Federal Reserve entre 2022 e 2024.

Hoje, além do Bitcoin, que representa mais da metade do valor do mercado total de criptomoedas, altcoins como Ethereum, Solana e Polygon estão ganhando tração, impulsionadas por inovações em blockchain e aplicações revolucionárias. Essas moedas menores oferecem possibilidades significativas para investidores dispostos a diversificar.

Se você ainda não entrou nesse mercado, talvez seja a hora de reconsiderar. A marca de US$ 100.000 é de fato emblemática, mas está longe de ser o destino final. O jogo mudou de nível, e as oportunidades estão à disposição de quem tiver visão de longo prazo.

Por aqui, sabemos que esse é apenas o começo. Quando a Empiricus recomendou o Bitcoin a US$ 3.000 em 2017, fomos alvo de críticas, mas mantivemos nossa tese, trazendo retornos fabulosos aos nossos assinantes.

Se você ainda está fora desse mercado, é hora de agir. A história está sendo escrita diante de nossos olhos.

Sobre o autor

Caio Mesquita

CEO da Empiricus