Fechamos um novembro para entrar na história dos investidores.
O índice MSCI World, que reúne os 25 maiores mercados bursáteis do mundo, teve seu terceiro melhor mês da década e a nossa Carteira Empiricus experimentou seu segundo melhor mês de sua existência.
Salvo inesperado desastre em dezembro, temos tudo para realizar a profecia do rali de final de ano, com o esse último trimestre recuperando o Ibovespa aos níveis de meados de 2021, quando atingiu seu recorde histórico.
Com tamanha rapidez na recuperação dos mercados, nada mais natural em nos questionarmos se haverá certa realização, com investidores embolsando os ganhos recentes a fim de passarem o réveillon mais tranquilos.
Os mais céticos ainda nos alertam dos riscos com potencial de estragar a festa, acabando com o sonho de um bull market em 2024.
De fato, apesar de relativos avanços, ainda paira muita incerteza quanto à capacidade do atual governo em entregar um caminho consistente para o equilíbrio fiscal, uma pauta estranha aos seus princípios históricos.
Lembremos também que teremos eleições ano que vem, o que tradicionalmente traz incentivos para medidas populistas que visam angariar votos às custas do gasto público.
Lá fora, então, não faltam motivos para preocupação.
Teremos eleições presidenciais nos Estados Unidos, provavelmente repetindo os candidatos do pleito anterior, ambos distantes de inspirarem grande confiança.
Ademais, ainda procura-se uma maior visibilidade quanto ao comportamento da economia americana, com ameaça de recessão de um lado e recrudescimento da inflação de outro.
Isso sem falar dos aspectos fiscais, com déficit e dívida pública em níveis alarmantes.
A geopolítica mundial também preocupa, com o prosseguimento de guerras na Ucrânia e Israel, além da constante ameaça de uma ação chinesa contra Taiwan.
De qualquer forma, os riscos elencados acima já estão de certa forma mapeados e, portanto, precificados pelo mercado.
O que deveria realmente nos preocupar seriam os riscos desconhecidos, os chamados “unknown unknowns”, termo cunhado pelo ex-secretário de defesa americano Donald Rumsfeld, quando questionado sobre a atuação do país na Guerra do Iraque.
Recentemente estreou nos cinemas o filme “Napoleão”, do diretor Ridley Scott. Ainda não assisti à película, que tem recebido críticas por imprecisões históricas.
Lembro aqui do herói francês pois Napoleão terminou sendo derrotado na malograda invasão da Rússia justamente por um risco desconhecido.
Não estou falando do inverno russo, uma obviedade ululante.
Ao contrário do que aprendemos na escola, a tropa de Napoleão já entrou na Rússia dizimada, muito antes de o inverno chegar.
Napoleão se aproximou de Moscou em setembro de 1812, ainda no clima ameno da primavera europeia, com contingente de 90 mil homens, uma fração dos quase meio milhão de soldados que iniciaram a campanha dois meses antes.
O grosso das baixas deveu-se à passagem pela Polônia, quando as tropas sucubiram ao tifo, transmitido por piolhos que infestavam o país à época.
Diante do caos, Napoleão até tentou impedir a contaminação, proibindo os soldados de interagirem com a população local, mas já era tarde demais.
Os piolhos rapidamente infestaram as barracas onde as tropas dormiam, e a devastação foi rápida e implacável.
Claro que a evacuação de Moscou antes da chegada do exército francês teve relevância, tendo minado os planos de Napoleão de passar o inverno por lá, mas já não havia caminho viável para a vitória com tantas baixas acumuladas no caminho.
Sem informação sobre o que se passava na Polônia, Napoleão não teve chances contra um exército de minúsculos piolhos, perecendo diante do “desconhecido desconhecido”.
Ignorantes do que está por vir, não há maneira de se preparar a priori.
Quando o assunto é investimentos, uma carteira balanceada e diversificada ainda é a melhor ponte para o futuro.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço.