Como já havia anunciado por aqui, passei o último domingo à noite acordado até mais tarde para assistir ao Super Bowl LVI, a grande final da liga profissional de futebol americano.
Do ponto de vista esportivo, a disputa foi ótima. A partida parelha, com as duas equipes se alternando no placar, só foi resolvida nos últimos segundos, com a vitória ficando com o time da casa, o Los Angeles Rams, ligeiramente favorito.
O Super Bowl, como geralmente ocorre em grandes competições nos EUA, transcende o mero evento esportivo, dando show em múltiplas dimensões.
Mesmo os que não ligam para o jogo, como a minha mulher, terminam acompanhando a noite pelo espetáculo em si, especialmente sua atração musical do intervalo, que nesta edição trouxe a nata do hip-hop old school, com Snoop Dogg, Dr. Dre, Eminem, Mary J. Blige e um rechonchudo 50 Cent.
O fato de o jogo ter acontecido em Los Angeles trouxe uma camada adicional de glamour para um evento que, por si só, já é concorrido. Durante a transmissão, não faltaram imagens de celebridades hollywoodianas curtindo a grande final. Os casais Beyoncé/Jay-Z e J-Lo/Affleck e os atores Matt Damon e Samuel L. Jackson, entre outros representantes da nata do show business americano, marcaram presença em animados camarotes.
Participar ao vivo da festa, contudo, foi uma experiência para privilegiados somente. Torcedores que não tiveram a sorte de ser convidados, como provavelmente deve ter sido o caso das estrelas, pagaram caro para assistir ao jogo, desembolsando US$ 9.000 em média para entrar no estádio.
Nem sempre, porém, a entrada para o jogo final foi uma exclusividade para os ricos. Nas suas primeiras edições, no final dos anos 1960, pagava-se entre US$ 12 e US$ 15, em média, por um ingresso, equivalente a cerca de US$ 100 a preços de hoje.
A formidável inflação nos preços não é exclusividade do Super Bowl. Eventos esportivos de ponta, especialmente as finais, observaram um aumento exponencial nos preços dos ingressos. Obviamente tal aumento tem sido sustentado por um incremento equivalente na procura. Como estádios e arenas têm capacidade física limitada, o equilíbrio de oferta e demanda empurra naturalmente os preços para cima.
As pessoas progressivamente estão valorizando e precificando experiências únicas.
Foi nesta mesma Los Angeles do Super Bowl, 26 anos atrás, que vivi um dos momentos mais marcantes da minha vida, assistindo ao Brasil ser (tetra)campeão do mundo, na companhia de meu pai e da minha saudosa mãe. Como precificar aquele nosso abraço tríplice, instantes depois de Roberto Baggio ter isolado a bola na cobrança do derradeiro pênalti da disputa?
Assisti a seis dos sete jogos que o Brasil disputou. A exceção ficou para o primeiro jogo contra a Suécia, ainda na fase de grupos. Como o Brasil já estava classificado, e a disputa seria na fora de mão Detroit, resolvemos dar uma pausa no futebol para uma rápida visita ao Havaí.
Optando por mais autonomia, ficamos longe de pacotes turísticos fechados. Comprávamos os ingressos jogo a jogo, conforme o Brasil ia avançando na competição.
Recordo-me da facilidade com que meu pai adquiria as entradas, sempre a preços bastante acessíveis. Como não havia serviços online à época, o serviço de concierge dos hotéis servia de canal.
Após cada vitória brasileira, comprávamos ingresso para a partida seguinte. E foi assim até a final. Sempre fácil, sem estresse.
Hoje é tudo bem diferente.
Caso tenha havido um mercado para a compra de finais da Copa do Mundo, ou Super Bowls, o investidor que tivesse investido nisso teria tido retornos espetaculares.
O fascínio do único, do exclusivo, do especial, está cada vez mais evidente.
Se assistir a seu time ganhar a final do campeonato tivesse um preço, quanto você pagaria?
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço,
Caio
P.S.: A impressionante valorização dos NFTs (Non-Fungible Tokens) parece ser a expressão do único. Na segunda-feira, dia 21, às 19 horas, vou bater um papo com o nosso head do departamento criptomoedas e blockchain, Vinícius Bazan, para entender melhor esse fenômeno.