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Pelo menos temos os juros compostos

“Não sei exatamente precisar quando aconteceu. Na verdade, não creio que seja possível […]”.

Por Caio Mesquita

04 nov 2023, 08:20 - atualizado em 06 nov 2023, 08:42

Dica para investidor
Imagem: Freepik

Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara
“O Tempo não para” –
Cazuza


Não sei exatamente precisar quando aconteceu.

Na verdade, não creio que seja possível precisar o momento da virada.

A ficha não cai, mas a chave é lentamente virada.

Claramente trata-se de um processo, algo que vai tomando forma, lenta e progressivamente.

Talvez seja mais fácil pensar então em um período, uma longa travessia na qual, ao final, chegamos diferentes do que éramos no ponto de embarque.

Não sei precisar quando acontece, enfim, mas sei muito bem o que é.

Alguém já disse que envelhecer não é necessariamente algo ruim, especialmente diante da desagradável alternativa.

Se não é ruim, bom também não é.

Assim como a erosão do relevo após anos sofrendo a ação das chuvas, a decadência física é algo que vamos percebendo, e sofrendo, aos poucos.

No dia a dia, nada muda. Olhamo-nos no espelho e vemos exatamente a mesma pessoa.

Basta, porém, uma foto mais antiga aparecer e percebemos que a juventude está nos abandonando.

Uma boa alimentação e uma rotina de exercícios nos ajuda a retardar os efeitos do avanço do tempo, além de aumentar as chances de uma melhor qualidade de vida para anos futuros.

Realmente, tem havido uma mudança no comportamento das pessoas, prolongando nossos melhores anos e justificando o oxímoro de que os velhos de hoje são mais novos que os de antigamente. 

Pelé, sempre um atleta exemplar, parou de jogar ao completar 37 anos, e deixou de atuar pela Seleção aos 34 anos.

Recentemente tive a oportunidade de assistir presencialmente uma partida de Cristiano Ronaldo pela sua seleção. 

Com quase 39 anos, o craque está voando em campo. Após o jogo, na coletiva de imprensa, confirmou sua intenção de defender o seu país na próxima Copa, quando já terá completado 41 anos de vida. Não duvido.

Não é só na parte física que vamos perdendo para o tempo, porém.

Etarismo à parte, termo que vem ganhando relevância, mas contam-se nos dedos histórias de empreendedores de sucesso que iniciaram suas empresas em idade mais avançada.

Para cada Ray Kroc há incontáveis Mark Zuckerbergs. 

Executivos veteranos são substituídos por mais novos, cuja falta de experiência é compensada por uma remuneração mais baixa.

Warren Buffett, com 93 anos, e Charlie Munger, com 99 anos, nos dariam esperança que, pelo menos nos investimentos, o tempo joga a nosso favor?

Lamentavelmente, os estudos não apoiam tal conclusão.

Mais experientes, os investidores mais velhos, mesmo dotados de maior conhecimento sobre investimentos, não conseguem resultados consistentemente superiores aos auferidos pelos mais jovens.

O que ganham em aversão a risco, investidores veteranos perdem em agilidade, sendo que os mais velhos ainda têm que enfrentar os efeitos adversos da perda cognitiva.

Sem pódio na chegada, nem beijo de namorada, mas temos, pelo menos, os juros compostos para nos consolar.

Deixo você agora com os destaques da semana.

Boa leitura e um abraço,

Sobre o autor

Caio Mesquita

CEO da Empiricus