– 213 mil quilos de biscoitos
– 508 barris de vinho
– 170 quilos de feijão
– 90 quilos de grão de bico
– 4.800 quilos de óleo comestível
– 200 barris de anchovas e peixes secos
– 5.700 quilos de toucinho
– 315 quilos de açúcar
– 680 litros de vinagre
– 250 tranças de alho
– 1.800 quilos de passas
– Quantidades menores de figos, amêndoas, mel, ameixas secas, sal, arroz, mostarda, farinha de trigo
Muitos consideram a expedição de Fernão de Magalhães, o navegador português a serviço da Coroa Espanhola, a maior aventura da humanidade, superando inclusive as missões Apollo.
Navegar para o Oeste em direção às Índias era apenas uma ideia ainda sem comprovação empírica.
A relação acima lista todas as provisões carregadas nos cinco navios de Magalhães, com o objetivo de sustentar sua tripulação de 234 homens em uma viagem prevista para durar 2 anos.
O impressionante volume de vinho, por exemplo, era suficiente para que todo marinheiro pudesse saborear um litro do líquido em cada dia de sua viagem.
Todo o planejamento, obviamente, não foi suficiente para garantir uma viagem tranquila, muito pelo contrário.
O percurso foi marcado por todo o tipo de contratempo.
A tripulação, liderada por capitães espanhóis descontentes com o líder estrangeiro, se amotinou por duas vezes.
Firme, Magalhães conseguiu controlar as duas revoltas sendo que a última, à altura do litoral argentino, resultou na morte de um capitão, na execução de outro e no abandono em uma ilha deserta de um terceiro.
Magalhães também perdeu três dos cinco navios no trajeto. A primeira perda foi por conta do naufrágio do Santiago. Depois houve a deserção do capitão do San Antonio que retornou à Espanha e o afundamento proposital do Concepción, decidido por Magalhães diante de uma tripulação insuficiente para levar os três navios que restavam.
Com apenas dois navios restantes, a missão finalmente chegou às Filipinas, próxima das ilhas Moluca, único local onde o cravo, então preciosa especiaria, era cultivado.
Depois de suportarem todo o inverno estacionados na ponta extrema da América do Sul, a expedição enfrentou a travessia do Pacífico, um corpo d’água muito maior do que a frota de Magalhães podia suportar.
A longa jornada massacrou a tripulação. Fome, sede e o terrível escorbuto ceifaram a vida de mais de uma centena de homens.
Fernão de Magalhães terminou morrendo numa batalha antes de chegar às Ilhas Moluca, desnecessariamente se envolvendo em um conflito entre líderes locais.
Conheci um pouco mais de sua história ao assistir o belo documentário Magellan’s Extraordinary Odyssey em um voo internacional recente.
A saga do português foi, na sua essência, uma aventura empreendedora.
Descontente com a remuneração que recebia do rei de Portugal, Magalhães apresentou ao rei espanhol Carlos I o seu projeto: desbravar uma rota às Índias sem passar pelos territórios portugueses.
Caso lograsse sucesso, Magalhães não somente seria financeiramente recompensado, como também passaria a ter participação relevante na exploração da nova rota de comércio, potencialmente tornando-o um dos homens mais ricos da Península Ibérica.
A missão de Magalhães pode ser vista como uma fascinante metáfora do que se propõe um empreendedor.
Busca-se construir algo novo, criando um espaço para prosperar onde antes nada existia.
Mark Ford, meu ex-sócio da Agora, ensinou-me que forças permanentemente conspiram contra a viabilidade de uma empresa, pressionando suas margens.
Clientes, fornecedores e funcionários, todos pressionam para receber mais e entregar menos.
O empreendedor que resistir, impondo sua visão, prospera. Se não, está fadado ao fracasso.
Há 14 anos, iniciei a minha expedição, junto com o Felipe e o Rodolfo, ao criar a Empiricus.
Tem sido uma aventura maravilhosa e, diferente de Magalhães, estamos aqui vivos, contando nossa história.
Para comemorarmos com os nossos assinantes e clientes, organizamos uma série de encontros para entender o mundo atual e como os eventos do presente afetam nossos investimentos.
Abrimos a série na última sexta-feira recebendo o economista, professor e ex-diretor do Banco Central, Tony Volpon.
Semana que vem, será a vez de conversarmos com o também economista e professor, além de ter sido presidente do Banco dos Brics, Marcos Troyjo.
Para acompanhar toda a programação, inscreva-se aqui.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço.