Empiricus 24/7

Quarterback scramble

Não sei você, mas ninguém me tira da frente da TV na noite de 13 de fevereiro, no próximo domingo. 

Por Caio Mesquita

07 fev 2022, 09:21 - atualizado em 07 fev 2022, 09:22

Não sei você, mas ninguém me tira da frente da TV na noite de 13 de fevereiro, no próximo domingo.

Nesse dia teremos a 56ª edição da grande final da NFL, a bilionária liga profissional de futebol americano. Nesta edição, a ser realizada no monumental SoFi Stadium, o time da casa, o Los Angeles Rams, enfrentará o Cincinnati Bengals.

Acompanho de perto o futebol americano e posso estabelecer com precisão o início da minha admiração tanto pelo esporte quanto pelo grande evento em torno de sua final.

Tudo começou em uma viagem aos EUA que fiz, junto com o meu pai, em janeiro de 1986. Até então distantes do futebol americano, num mundo pré-TV a cabo e pré-internet, fomos contaminados com o frenesi que anualmente domina o país às vésperas do seu evento esportivo mais aguardado.

O Super Bowl XX colocava frente a frente as equipes do Chicago Bears e do New England Patriots. Com muita neve caindo pela janela, acompanhamos todo o confronto do nosso quarto de hotel, o The Roosevelt, em Nova York.

Curiosamente, foi nesse mesmo quarto, e nessa mesma TV, que, dois dias depois, assisti e gravei para sempre na minha memória as imagens da explosão do ônibus espacial Challenger.

Os Bears, que tinha entre seus jogadores um gigante com a alcunha de “The Refrigerator” (a geladeira), massacraram os Patriots e levaram o título do Super Bowl. Apesar do nosso total desconhecimento quanto às regras, fomos contagiados pelo espetáculo esportivo. Foi amor à primeira vista.

O gigante de Chicago, William “The Refrigerator” Perry

Estruturado e planejado ao extremo, com cada posição de um time tendo um mandato específico e atual, o futebol americano é quase uma antítese do nosso futebol, fluido, dinâmico e aberto a improvisações.

Assim como podemos aproveitar o calor da praia e o frio da montanha, não é preciso escolher entre modalidades tão diferentes para apreciá-las.

Há um momento, contudo, dentro de uma partida de futebol americano em que sua estrutura se evapora. Chamado de “quarterback scramble”, o termo descreve a jogada em que o armador da equipe atacante sai da posição protegida por sua linha de ataque, buscando alternativas de lançamento normalmente não planejadas.

Costumeiramente rígida e ensaiada, a movimentação dos jogadores durante o scramble torna-se livre e imprevisível. Daí, “all hell breaks loose” e lances incríveis surgem.

Sintomaticamente, desde que o Fed (o banco central americano) começou a indicar sua convicção quanto à necessidade de aumentar os juros, o mercado demonstra sinais de que busca novas referências de valor.

Como num quarterback scramble, os índices das grandes Bolsas em geral e os preços de ações em particular parecem improvisar seus movimentos.

Nas últimas semanas, as ações de algumas das empresas de maior valor na Bolsa americana explodiram em volatilidade.

De um dia para o outro, conforme a recepção quanto aos resultados anunciados, valorizações e desvalorizações formidáveis são anotadas.

Em um espaço de uma semana, Apple, Alphabet (Google) e Amazon registraram valorizações diárias acima de US$ 100 bilhões.

Por outro lado, a Meta (dona do Facebook) bateu o recorde negativo, com mais de US$ 250 bilhões sendo evaporados de seu valor de mercado.

Raramente viu-se tamanha variação no valor de mercado de empresas cujos resultados são amplamente cobertos e projetados por analistas e investidores.

No próximo dia 13 estarei grudado na TV, com direito a chips e salsa, assistindo ao grande espetáculo americano.

Não torço para nenhum dos times, apesar de preferir que os Bengals finalmente conquistem o seu primeiro Super Bowl. O time de Ohio (a zebra segundo o quadro de apostas) precisará de todo seu poder de execução e, por que não, de improvisação do seu jovem quarterback, Joe Burrow, para levar o título.

Deixo você agora com os destaques da semana.

Boa leitura e um abraço,
Caio

Sobre o autor

Caio Mesquita

CEO da Empiricus