Recebi vários comentários sobre a minha newsletter anterior, na qual externei minha angústia com a perspectiva de termos ainda 47 meses de um governo comandado por Lula.
Como eu já esperava, muitos dos assinantes e leitores não só dividem a mesma preocupação como entendem que estamos condenados a viver novamente aquele cenário de “O Fim de Brasil”, que a Empiricus antecipou em 2014 e que se verificou nos anos seguintes.
Apesar de não descartar a possibilidade de uma nova crise decorrente de políticas e medidas irresponsáveis e populistas, entendo que cabe aqui um contraponto e uma pausa para reflexão.
Com seu ritmo e dinâmica própria, a política tem um modus operandi distinto do que a maioria de nós, que trabalhamos na iniciativa privada, estamos acostumados.
O mercado financeiro, então, com sua incessante busca por antecipar fatos, única maneira de se gerar o chamado “alfa”, monitora cada manifestação dos políticos, procurando pistas do que está para acontecer.
Como sempre lembra Felipe Miranda, há de se separar o que é sinal dentro de todo o ruído do noticiário. Assim, busca-se descartar o que é mera retórica política, identificando a real intenção de se adotar medidas efetivas.
Pode-se criticar Lula em inúmeros aspectos, especialmente os éticos e morais, mas há de se reconhecê-lo como um dos mais hábeis políticos de nossa história.
Lembrando disso, admito que errei na semana passada quando afirmei que esperava que Lula descesse do palanque para que enfim começasse a governar para todos, como o promote seu slogan de governo, “União e Reconstrução”.
Lula não descerá do palanque, seu habitat natural desde seus tempos de líder sindical em São Bernardo. Fazer política, com tudo o que se pode entender disso, é a sua reason d’être. Lula fora do palanque é apenas Luiz Inácio, alguém que deixou de existir desde que Lula se tornou conhecido.
Lula trouxe ao estado da arte a postura conhecida dos políticos, de sempre ter um bode expiatório para qualquer tipo de problema.
Talvez poucos se recordem mas, em seu primeiro mandato, toda e qualquer deficiência em seu governo, Lula colocava na conta de uma suposta e inexistente “herança maldita” da gestão de FHC.
Agora, precisando preparar uma explicação para a falta de picanha no domingo do brasileiro, Lula resolveu fazer bullying com Roberto Campos Neto e sua atual política monetária.
Usando um discurso que não condiz com o estadista que alguns acreditam que Lula seja, o presidente fornece os argumentos que sua base precisa para seguir defendendo que o Brasil pode sorrir novamente, desde que os malvados capitalistas sejam enquadrados.
Com seus 77 anos, não há a menor possibilidade de Lula mudar. Resta-nos, então, observar as medidas efetivas de seu governo, especialmente no que se refere à economia, e colocar na conta de sua gestão política as suas declarações, por mais infelizes que sejam.
Sugiro atenção à atuação de Fernando Haddad. A escolha de Lula para chefiar o Ministério da Fazenda, até que se prove o contrário, tem sido correta. Para a surpresa de muitos, eu inclusive, o ministro tem adotado uma postura sóbria e responsável.
Entendo que Haddad pode transmitir sinais confiáveis sobre o destino da política econômica, afastando nossa atenção dos ruídos emitidos pelo seu chefe.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço.