Quando o time é bom, o resultado vem.
Não tem jeito. No futebol, e em outros esportes coletivos, a superioridade técnica termina conduzindo a melhor equipe ao sucesso competitivo.
É bem verdade, contudo, que o futebol traz surpresas, mais além do que outras modalidades, como basquete e vôlei, cujos sistemas de pontuação dão mais justiça ao melhor elenco.
Destarte, zebras futebolísticas acontecem com mais frequência, com gols “achados” e defesas cerradas garantindo resultados imprevistos por especialistas.
No longo prazo, porém, converge-se à média. Se de um lado é quase impossível ver uma equipe fraca conquistar um campeonato com pontos corridos, o mesmo não se pode afirmar sobre copas no estilo eliminatório.
Um bom exemplo? O Palmeiras de 2012, comandado por Felipão, foi simultaneamente rebaixado no campeonato brasileiro e campeão da Copa do Brasil.
Torcer para uma equipe fraca é, portanto, uma experiência miserável, pois é uma luta constante contra as estatísticas.
Falo com propriedade sobre o tema, sofrendo com o meu Corinthians nos últimos anos.
Aqui no Brasil, desde a eleição de Lula para o seu terceiro mandato, estamos torcendo, e sofrendo, com um time ruim.
O humorista Helio de La Peña, ex-“Casseta e Planeta” e fanático botafoguense, disse certa vez que torcer para o seu time era apreciar um lateral bem batido ou qualquer detalhe desprezado por outros.
Comemorarmos cada dia de silêncio do presidente e festejamos cada medida inócua de sua equipe econômica, nos confortando com a ideia de que sempre poderia ser pior.
Depois de um junho terrível para ativos de risco brasileiros, com bolsa, moeda e títulos do tesouro enfrentando importantes correções, tivemos um certo alívio no começo de julho.
O bode fedorento do descontrole fiscal, colocado pelo próprio presidente da república, foi retirado da sala pela turma do “deixa-disso”.
Sob pressão, especialmente por conta da rápida escalada do dólar, indicador de risco acompanhado por todos, não só pelos especialistas da Faria Lima, Lula recuou e moderou o seu tom.
Amassado, o mercado reagiu rápido. A cotação da moeda americana cedeu para abaixo dos R$ 5,50 e os juros futuros cederam bastante.
O destaque, porém, ficou para a formidável sequência de altas no Ibovespa, agregando 10 mil pontos ao índice brasileiro.
O alívio, entretanto, esgotou. Nos últimos dias, os ativos locais devolveram parte dos ganhos, e o dólar retomou sua alta.
Seguimos flertando com a zona do rebaixamento em um campeonato que ainda nem chegou em seu segundo turno.
Decorridos menos da metade do mandato do atual governo, há razões de sobra para preocupação e quase nada a comemorar.
Enquanto isso, resta-nos seguir jogando fechado, esperando que fatores externos, com o iminente início do ciclo de corte de juros, possam trazer melhores ares para nosso sufoco diário.
Até lá, vamos comemorar até lateral bem batido.