“Tragam as crianças para casa.”
Segundo o locutor Galvão Bueno, era assim que Ross Brawn, diretor técnico da equipe Ferrari durante o período de glória de Michael Schumacher, orientava cautela nas voltas finais das provas em que seus pilotos lideravam.
Tratava-se de uma postura adequada de gestão de risco, especialmente diante da assimetria de resultado em caso de uma manobra mais arriscada retirar as chances de os pilotos pontuarem.
Infelizmente para nós, torcedores brasileiros, a cautela de Brawn tinha um viés para proteger o vitorioso piloto alemão, diminuindo as chances de vitória do nosso Rubens Barrichello.
O engenheiro e seu piloto favorito
Patriotismos à parte, temos que reconhecer a brilhante carreira do engenheiro britânico, aposentado recentemente como diretor técnico da renovada Fórmula 1.
Brawn chegou inclusive a ser dono de escuderia, que carregava seu próprio nome, tendo sido campeã de construtores em 2009, quando estreou, ano em que seu piloto Jenson Button também se sagrou campeão.
O sucesso foi tão grande que, no final do ano seguinte, o britânico vendeu sua equipe à Mercedes, dando origem à campeoníssima escuderia que viria a dominar a década seguinte.
Com o fim do ano se aproximando, nada mais natural do que, após um novembro excepcional, lembrarmos de proteger nossos ganhos, garantindo um final de ano mais tranquilo.
Depois de meses de vento contra, novembro resgatou o ânimo dos investidores, salvando a rentabilidade de nossas carteiras.
Contudo, as árvores não crescem até o céu, como nos recorda Felipe Miranda em seus áudios matutinos.
O cenário mais provável indica certa acomodação dos mercados em dezembro, com investidores rebalanceando suas posições depois da correria do mês anterior.
Se fosse um grande prêmio, 2023 nos lembraria uma daquelas provas de Interlagos de antigamente, que aconteciam no início da temporada, onde as quatro estações do ano se sucediam em ritmo frenético.
Começamos o ano mal, especialmente no plano doméstico onde a verborragia do presidente trouxe chuvas e trovoadas aos mercados.
O sol apareceu no segundo trimestre, com boas notícias tanto por aqui, com Haddad se mostrando melhor do que o esperado, como lá fora, onde indicadores mostravam um arrefecimento na inflação.
O tempo voltou a se fechar no meio do ano, quando a escalada dos juros longos nos Estados Unidos drenou os fluxos e desvalorizou os ativos de risco.
A sequência de meses de mau tempo só teve trégua com o aceno dovish do FED de Jerome Powell, ao final de outubro, secando a pista para que os mercados acelerassem no aguardado rali de fim de ano.
Assim chegamos em dezembro com mais azul do que vermelho nas carteiras.
Ainda há nuvens escuras no horizonte, com riscos e incertezas de sobra a nos ameaçar.
Momento ideal para trazer logo “as crianças para casa”, lembrando sempre de dirigir “com a ponta dos dedos”.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço.