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Mercado em 5 minutos

25 ou 50 pontos-base? Decisão do Copom sobre a Selic movimenta mercado; veja este e outros destaques desta quarta (2)

A diferença entre 25 e 50 pontos torna-se menos relevante no médio e longo prazo. Tom do comunicado será importante para a reação do mercado

Por Matheus Spiess

02 ago 2023, 09:41 - atualizado em 02 ago 2023, 09:41

Selic juros copom mercado

Bom dia, pessoal. Hoje, os mercados da Ásia e do Pacífico apresentaram quedas após a agência de classificação Fitch rebaixar a classificação de crédito dos EUA de AAA para AA+. Esse corte foi motivado pela expectativa de deterioração fiscal nos próximos três anos, o que desencadeou um fluxo de aversão ao risco nos mercados. Como resultado, a maioria das ações asiáticas sofreu perdas, especialmente as ações do setor de tecnologia, que viram uma forte realização de lucros, com investidores garantindo seus ganhos após um período de fortes resultados até julho.

Neste momento, os mercados europeus e os futuros americanos também estão em queda, refletindo o rebaixamento inesperado da classificação soberana dos EUA. Embora muitos investidores possam argumentar que esse rebaixamento terá um impacto direto limitado nos mercados financeiros, há uma possibilidade de que haja alguma aversão ao risco no curto prazo. É importante notar que a Fitch se tornou a segunda agência de classificação a retirar a classificação AAA dos EUA, seguindo os passos da Standards and Poor. Essa situação está sendo monitorada de perto pelos investidores, pois pode influenciar as decisões de investimento nos próximos dias.

A ver…

· 00:44 — Adeus ao aperto: Brasil deve iniciar hoje o ciclo de flexibilização 

No Brasil, estamos prestes a chegar à conclusão do Comitê de Política Monetária, que muito provavelmente dará início ao ciclo de flexibilização dos juros no país. Os economistas projetam um corte inicial de 25 pontos-base, enquanto a curva de juros aponta para 50. No entanto, a diferença entre 25 e 50 pontos torna-se menos relevante no médio e longo prazo.

É importante observar que a reação do mercado dependerá do tom adotado nesta decisão. Se houver uma postura mais dura, é possível que o mercado sofra um pouco no curto prazo, enquanto o contrário também é verdadeiro – um tom mais flexível, após o anúncio, poderia impulsionar os ativos, desde que o contexto internacional permita.

Além da decisão em si, toda a atenção estará voltada para a participação de Gabriel Galípolo no Copom. Sendo conhecido por um perfil mais heterodoxo, sua capacidade de diálogo com o atual presidente Roberto Campos Neto será fundamental. Um maior consenso entre ambos será benéfico, passando maior credibilidade institucional.

Considerando o histórico recente, parece coerente um corte de 25 pontos na taxa de juros nesta reunião, com sinalização de possível aceleração no ritmo de corte nas próximas reuniões. A redação do comunicado será de suma importância para transmitir as intenções e direções do Copom de maneira clara, sem bagunçar as expectativas.

· 01:36 — Agenda política engasgada

O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu, está avaliando que a falta de acordo sobre a reforma ministerial para atrair o Centrão está afetando a votação do arcabouço fiscal na Câmara. Os partidos PP e Republicanos já indicaram os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) para compor o governo, no entanto, o Palácio do Planalto ainda não definiu quais pastas eles vão comandar. Em Brasília, é difícil agradar a todos os envolvidos.

Apesar dos obstáculos, o líder partidário afirmou que o projeto do arcabouço será aprovado antes do governo enviar o projeto orçamento de 2024 para o Congresso, algo que deve acontecer até o dia 31 de agosto. A expectativa inicial era votar o arcabouço ainda nesta semana, até quinta-feira. Entretanto, o presidente da Câmara, Arthur Lira, decidiu adiar a aprovação do novo marco fiscal, o que pode ter impacto negativo na curva de juros. A decisão tem como objetivo pressionar o governo a acelerar as definições e garantir mais apoio para a votação do arcabouço fiscal.

· 02:17 — Descendo do Olimpo 

A agência de rating Fitch Ratings rebaixou a classificação de crédito soberano dos EUA, fazendo eco a um movimento semelhante realizado há mais de uma década pela S&P. O país perdeu sua classificação AAA e foi rebaixado para AA+. Essa classificação AAA era mantida na Fitch desde pelo menos 1994. O rebaixamento ocorre como uma consequência tardia da crise do teto da dívida que paralisou Washington há alguns meses, antes de uma prorrogação de última hora.

De acordo com a Fitch, houve uma deterioração constante nos padrões de governança dos EUA nos últimos 20 anos, especialmente em questões fiscais e de dívida. Mesmo com o acordo bipartidário de junho para suspender o limite da dívida até janeiro de 2025, os repetidos impasses políticos em torno do teto da dívida e as soluções de última hora minaram a confiança na gestão fiscal do país.

Algumas vozes consideram que a classificação AA+ ainda é generosa para a realidade fiscal americana. Para vocês terem uma ideia, atualmente, a dívida americana atinge US$ 32,6 trilhões, mais do que o dobro dos US$ 16,7 trilhões registrados há uma década, e o país enfrentou um déficit de US$ 1,39 trilhão nos nove meses até junho, pagando cerca de US$ 1,3 bilhão em juros sobre sua dívida diariamente. Bizarro para um país que é visto como o risco zero global.

Estima-se que o governo americano pague mais em serviço de juros da dívida do que na defesa nacional até 2027, o que é paradigmático para a maior potência militar do mundo. A maneira como o anúncio foi feito levanta curiosidades e levantará questionamentos válidos. A reação inicial dos mercados deve ser negativa, como já está sendo observada nesta manhã, porém, é possível que o assunto seja esquecido nos próximos meses, diferente do que ocorreu no rebaixamento em 2011.

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· 03:30 —Trump indiciado mais uma vez

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, enfrenta novas acusações criminais relacionadas aos seus esforços para anular a eleição presidencial de 2020. Aos 77 anos, ele foi indiciado por conspiração para fraudar os EUA, conspiração para obstruir um processo oficial, obstrução e tentativa de obstruir um processo oficial, além de conspiração contra o direito de votar e ter esse voto contado. As acusações foram apresentadas no tribunal federal e, se condenado, ele poderia enfrentar penas de até 55 anos de prisão.

Esse é o caso com maior potencial de danos para sua possível tentativa de retornar à Casa Branca no próximo ano, uma vez que está ligado à invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Nessa ocasião, uma multidão de apoiadores de Trump tentou, à força, impedir a confirmação da vitória de Joe Biden nas eleições de 2020, resultando em cinco mortes. As duas acusações anteriores não afetaram a possibilidade de Trump concorrer novamente à presidência, mas essa nova acusação pode ter um impacto significativo em sua candidatura.

Embora seja improvável que ele seja preso, essa acusação pode torná-lo inelegível para uma eventual candidatura em 2024. Atualmente, Trump ainda é visto como o favorito entre os republicanos, mas sua saída da corrida presidencial poderia fortalecer o atual governador da Flórida, Ron DeSantis. Esse é um desenvolvimento que acompanharemos de perto nos próximos 18 meses. A situação política dos EUA permanece em constante evolução e o desenrolar desse caso pode ter implicações significativas para o cenário político e eleitoral do país.

· 04:31 — Regulando a AI

Recentemente, a China se tornou um dos primeiros países a regular a inteligência artificial generativa, que é a tecnologia por trás do ChatGPT. A Administração do Ciberespaço da China divulgou novas diretrizes na última quinta-feira, que entrarão em vigor a partir de 15 de agosto. Comparada a um rascunho anterior divulgado em abril, a versão publicada parece ser menos rigorosa.

Essa decisão indica que a China percebe as oportunidades no setor de inteligência artificial, que teve um crescimento notável este ano, e vê essa tecnologia como um impulso potencial para a recuperação do crescimento econômico no país. As novas regras incluem a exigência de que os provedores de serviços de inteligência artificial generativa realizem análises de segurança e registrem seus algoritmos junto ao governo, caso seus serviços tenham a capacidade de mobilizar o público.

Essas regulamentações aplicam-se aos serviços de inteligência artificial disponíveis para o público em geral na China. Com a crescente importância da IA generativa e seu potencial para impactar diversos setores, essa regulamentação procura garantir que essas tecnologias sejam usadas de forma segura e responsável. Ao mesmo tempo, também sinaliza o interesse do governo chinês em impulsionar a inovação e o desenvolvimento nesse campo estratégico da inteligência artificial.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.