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Mercado em 5 minutos

Abril começa com alta do petróleo, desaceleração chinesa e expectativa pelos dados de emprego nos EUA; confira

Confira os temas mais quentes do mercado financeiro e das principais economias do mundo nesta segunda-feira, 3 de abril

Por Nicole Vasselai

03 abr 2023, 09:13 - atualizado em 03 abr 2023, 09:14

Petróleo - Mercado em 5 minutos
Imagem: Pixabay

Bom dia, pessoal. Lá fora, a maioria das ações asiáticas subiu nesta segunda-feira, com o apetite por risco persistindo diante das leituras de inflação dos EUA mais brandas do que o esperado na semana passada, embora um aumento nos preços do petróleo tenha levado os mercados a permanecerem cautelosos com um possível ressurgimento da inflação nos próximos meses — o preço do barril disparou no domingo com a confirmação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) de um corte de mais de 1 milhão de barris por dia. 

Ainda tivemos o aviso de queda do PMI industrial chinês de março, que impacta principalmente o mercado de commodities metálicas. Contudo, os investidores asiáticos parecem ter ignorado em grande parte a fraqueza do indicador (a recuperação econômica pós-Covid parece estar perdendo força). Os mercados europeus não possuem uma só direção nesta manhã, enquanto os futuros americanos caem predominantemente, pelo menos por enquanto. No Brasil, acompanhamos as movimentações nas commodities globais, enquanto avaliamos mais do arcabouço. 

A ver… 

· 00:49 — Caindo a ficha 

Hoje, devemos repercutir a alta internacional do barril de petróleo por aqui, enquanto também conciliamos a notícia de desaceleração da atividade chinesa — os dois movimentos afetam Petrobras e Vale, respectivamente, dois pesos pesados no Ibovespa. Paralelamente, ainda temos que digerir melhor o arcabouço fiscal apresentado, com cada vez mais os investidores percebendo que a proposta demanda um aumento de arrecadação que não necessariamente virá.  

Resta saber qual a percepção do Banco Central sobre a proposta. Na quarta-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, vai participar de almoço com empresários brasileiros em evento organizado pelo Esfera Brasil. A autoridade poderá então passar um pouco de sua visão do que o governo desenhou para substituir o teto de gastos públicos. Adicionalmente, contamos nesta semana com mais iniciativas fiscais para aumentar a arrecadação de 2023 — o alvo será R$ 150 bilhões. 

· 01:30 — Na expectativa pelos dados de emprego 

Nos EUA, teremos uma semana encurtada pelo feriado (sexta-feira para a Sexta-feira Santa), com várias divulgações de dados econômicos importantes antes da temporada de resultados do primeiro trimestre. Ainda assim, como é de costume, a primeira semana do mês reserva a divulgação dos dados americanos de emprego, em que os economistas esperam um aumento de 200 mil postos de trabalho em março, uma desaceleração contra as 311 mil vagas de fevereiro, mas que manteria a taxa de desemprego em 3,6%. Teremos também a pesquisa de rotatividade de mão-de-obra. 

O mercado de trabalho permanece aquecido, apesar da agressiva campanha de aperto monetário do Fed. Embora isso possa parecer uma boa notícia para a autoridade, na verdade é um sinal de que o banco central pode ter que apertar ainda mais a economia. Isso porque o forte crescimento de empregos e salários significa que as empresas repassam esses custos trabalhistas mais altos aos clientes, aumentando os preços de seus produtos e serviços. Outros dados da semana incluem o índice de gerentes de compras de serviços de manufatura. 

· 02:23 — E lá de volta outra vez 

O calendário corporativo desta semana é bastante tranquilo, antes que JPMorgan Chase, Wells Fargo e Citigroup comecem a temporada de resultados do primeiro trimestre na semana que vem. Isso mesmo, o primeiro trimestre acabou e isso significa que a temporada de resultados está chegando, devendo ajudar o mercado a decidir se deseja subir – ou testar novamente suas mínimas de 2022. 

A expectativa é que o lucro por ação do S&P 500 deve cair 4,6% no primeiro trimestre de 2023 em comparação com o ano anterior. Isso acompanharia uma queda de 3,2% na comparação anual no quarto trimestre. As estimativas vêm caindo rapidamente, com muitos dos cortes motivados por um receio de que a recessão esteja chegando. E se a crise vier, devemos ver mais revisões negativas das expectativas. 

Quanto mais tempo essas estimativas permanecerem altas, maior será o problema para os investidores. Em outras palavras, quanto mais cedo as estimativas estiverem alinhadas com o cenário macro, mais cedo e mais provavelmente o mercado poderá restabelecer uma tendência de alta. Lembrem-se de que o S&P ainda está caro e a alta recente foi muito impulsionada por grandes nomes do setor de tecnologia. 

· 03:20 — O corte da Opep+ 

Os investidores estão debruçados sobre o setor de energia, depois que a Opep+ jogou o contrato Brent (referência para a Petrobras, por exemplo) de volta para US$ 84 por barril ao cortar a produção diária de barris. Quem liderou o movimento foi a Arábia Saudita, reduzindo sua oferta em 500 mil barris por dia a partir de maio. Seus aliados a acompanharam, inclusive a Rússia.  

O objetivo seria o de tomar medidas de precaução para enfrentar os desafios nos mercados globais de petróleo e alcançar o equilíbrio entre demanda e oferta e a estabilidade do mercado. Essas decisões resultam num corte de cerca de 1,1 milhão de barris por dia a partir de maio, sendo que, a partir de julho, devido à menor oferta da Rússia, haverá cerca de 1,6 milhão de barris por dia a menos. Isso é bom para as petroleiras, mas ruim para a inflação global, que poderá voltar a acelerar. 

· 04:06 — Entre notícias boas e ruins 

Na China, chamou a atenção o recuo do PMI industrial de 51,6 em fevereiro para 50,0 em março. O número é negativo para quem espera uma recuperação mais vibrante da China, podendo provocar uma reação do governo chinês, que poderá promover mais estímulos sobre a economia. 

O mercado, porém, ignorou um pouco esse número, ainda animado com o anúncio da gigante do comércio online, a Alibaba, de que dividirá seu império de US$ 250 bilhões em seis empresas separadas. A reestruturação histórica permitiria que as divisões operassem de forma mais independente e abrisse as portas para futuras ofertas públicas iniciais – um benefício potencial para o mercado de ações de Hong Kong. 

Talvez mais notavelmente, porém, a revisão poderia servir como um modelo para mudar o setor de tecnologia da China, algo que Pequim examina fazer há anos. Isso atingiria o objetivo do governo de restringir empresas privadas cada vez mais poderosas e, ao mesmo tempo, liberar valor para os acionistas. Talvez o Ocidente possa aprender algo com isso.   

Um abraço, 

Matheus Spiess 

Sobre o autor

Nicole Vasselai

Editora do site da Empiricus. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Análise de Ações e Finanças e passagem por portais de notícias e fintechs.