Os principais índices europeus e os futuros americanos estão apresentando um bom desempenho nesta manhã, após o fechamento positivo das bolsas asiáticas nesta quinta-feira (26), com destaque para as ações do setor de tecnologia.
O impulso veio, em parte, da alta nas ações da Micron Technology no pós-mercado. A maior fabricante americana de chips de memória para computadores registrou uma alta significativa após divulgar projeções surpreendentemente positivas de vendas e lucros, beneficiada pela crescente demanda por equipamentos voltados para inteligência artificial.
Além disso, a OpenAI está em negociações para conceder ao CEO Sam Altman uma participação de 7% na empresa e reestruturar-se como uma organização com fins lucrativos, marcando a primeira vez que Altman teria participação acionária na startup de IA. Somando-se a isso, tivemos ontem notícias animadoras da Meta (M1TA34), proprietária do Facebook, Instagram e WhatsApp, que contribuíram para o otimismo do mercado.
Esses eventos precedem a divulgação do PCE, o índice de inflação preferido pelo Fed, que será publicado amanhã. Antes disso, hoje teremos os dados do PIB do segundo trimestre, com expectativa de crescimento de 3%. No entanto, o foco dos investidores está mais voltado para os discursos de autoridades monetárias, que podem ter maior impacto do que o próprio dado de atividade, que provavelmente não trará grandes novidades para a condução da política monetária.
Além disso, o mercado está digerindo a ata da última reunião de política monetária do Banco do Japão e o boletim mensal do Banco Central Europeu, que coincidem com o recente corte de juros na Suíça, sinalizando a continuidade do afrouxamento monetário global. Também no radar, surgem novas notícias de estímulos na China, onde o governo planeja injetar até US$ 142 bilhões em seus maiores bancos estatais, com o objetivo de aumentar a capacidade de financiamento para impulsionar a economia.
A ver…
· 00:59 — Não estão olhando tanto para a inflação corrente
No Brasil, o Ibovespa voltou a registrar queda ontem (25), interrompendo a recuperação tímida observada na terça-feira, refletindo o pessimismo que dominou os mercados globais. Nem mesmo a prévia da inflação de setembro, medida pelo IPCA-15, foi capaz de inverter essa tendência, apesar de ter registrado um aumento mensal de apenas 0,13% (ou 4,12% em termos anuais), desacelerando em relação ao mês anterior e ficando bem abaixo da mediana esperada de 0,29%. Esse resultado surpreendente foi influenciado principalmente por itens voláteis e não recorrentes, como os preços de alimentos em casa e gasolina. Apesar desse alívio nos números de inflação, é improvável que eles mudem o rumo da política monetária. A expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) intensifique o aperto monetário em sua próxima reunião, em novembro.
Hoje, o Relatório Trimestral de Inflação foi divulgado, trazendo projeções atualizadas do Banco Central para a inflação até 2026, com destaque para o primeiro trimestre, que passa a ser o novo horizonte de referência para as ações de política monetária. O cenário externo continua a oferecer oportunidades favoráveis ao Brasil, com a queda dos juros nos Estados Unidos, impulsionada pela desaceleração da inflação, o crescimento econômico local ainda robusto e o aumento da liquidez com os estímulos promovidos pela China.
Além disso, os ativos brasileiros seguem negociados a preços atrativos, com uma posição técnica favorável. Entretanto, o grande obstáculo permanece no campo fiscal. Sem um ajuste adequado nas contas públicas, o mercado pode enfrentar dificuldades em aproveitar um possível rali no final do ano.
· 01:45 — Pausa rápida para retomar o fôlego
As ações americanas tiveram um dia de forte volatilidade ontem, com os investidores avaliando o caminho dos cortes de juros do Federal Reserve e absorvendo os dados do setor imobiliário. Os números mostraram uma queda nas vendas de novas casas nos Estados Unidos no mês passado, enquanto um outro conjunto de dados revelou que as taxas de hipoteca caíram pela oitava semana consecutiva.
Mesmo com o corte de meio ponto percentual nas taxas de juros pelo Fed na semana passada, o mercado continua à procura de novos catalisadores para impulsionar as ações. Nem mesmo a aprovação, tanto pela Câmara quanto pelo Senado, de um projeto de lei que financia as agências federais até o fim de dezembro — evitando, assim, a paralisação do governo em pleno período eleitoral — foi suficiente para animar os mercados.
Hoje, as atenções se voltam para a terceira e última estimativa do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, com a expectativa de que a taxa de crescimento permaneça em 3%, conforme a segunda estimativa. No entanto, o grande destaque da semana será a divulgação do PCE, índice de inflação preferido pelo Fed, que será divulgado amanhã e é esperado com grande antecipação pelos investidores, pois pode influenciar a trajetória da política monetária nos próximos meses.
· 02:32 — Novidades no mundo da tecnologia
Eu mencionei anteriormente algumas notícias sobre a Micron Technology e a OpenAI, mas o destaque de ontem foi, sem dúvida, a conferência MetaConnect, organizada pela Meta (M1TA34), controladora do Facebook. Durante o evento, o CEO Mark Zuckerberg apresentou o novo headset Meta Quest e revelou uma série de novos hardwares e recursos, com grande ênfase nos óculos Orion AR, que ele descreveu como “os mais avançados que o mundo já viu”. Embora as especificações desses dispositivos ainda não estejam disponíveis para venda, e provavelmente não estarão por algum tempo, Zuckerberg fez questão de mostrar um protótipo leve de óculos de realidade aumentada.
O objetivo foi evidenciar que os bilhões investidos pela empresa no metaverso estão, de fato, gerando resultados concretos. Esses óculos utilizam rastreamento ocular e uma nova “interface neural”, permitindo que os usuários naveguem em aplicativos por meio de gestos e movimentos controlados por uma pulseira, similar a um Fitbit. Sem dúvida, um grande avanço tecnológico.
Além disso, a Meta trouxe mais novidades no campo dos wearables. Seus populares óculos Ray-Ban Meta em breve terão a capacidade de traduzir conversas em tempo real entre inglês, francês, italiano e espanhol. Os Ray-Bans também contarão com processamento de vídeo baseado em inteligência artificial, possibilitando que os usuários façam perguntas sobre o que está à sua frente, ampliando a funcionalidade dos óculos para além da simples visualização.
Após o insucesso do headset de US$ 3.500 da Apple, a Meta parece ter ajustado sua estratégia ao focar em dispositivos mais acessíveis e com uma oferta de jogos mais ampla, que é o que os consumidores realmente demandam da tecnologia de realidade virtual.
Por fim, a Meta também anunciou que sua inteligência artificial, o Meta AI, passará a interagir com os usuários em plataformas como WhatsApp, Instagram, Facebook e Messenger, usando vozes de celebridades. Este foi um avanço significativo para a empresa, marcando um importante passo em direção à integração de IA com suas plataformas sociais e de realidade aumentada.
· 03:26 — Há chance de algum cessar fogo?
Ontem, o mercado de petróleo sofreu uma forte correção, revertendo grande parte dos ganhos recentes. Essa tendência continua hoje, com o preço do Brent caindo para abaixo de US$ 72 por barril. A queda é impulsionada pela incerteza dos investidores quanto ao impacto dos estímulos econômicos anunciados pela China, somada à notícia de que facções rivais na Líbia chegaram a um acordo para cessar os conflitos e retomar a produção de petróleo no país.
Simultaneamente, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deu sinal verde para o início de negociações visando um cessar-fogo no Líbano, além da retomada das conversas sobre um armistício e a liberação de reféns em Gaza. Essa nova tentativa de pacificação está sendo liderada pelos Estados Unidos.
Embora o presidente Joe Biden tenha alertado nesta semana sobre a possibilidade de uma “guerra total” no Oriente Médio, devido à intensificação dos confrontos entre Israel e Hezbollah, a Casa Branca demonstra otimismo quanto à chance de evitar uma escalada maior de violência. A perspectiva de um cessar-fogo reduz as tensões geopolíticas, o que diminui a pressão sobre os preços do petróleo, contribuindo para a queda observada no mercado.
· 04:18 — A medida contra a China gerou bastante repercussão
Ontem, discuti com vocês as recentes restrições impostas pelo Departamento de Comércio dos EUA a hardware e software fabricados na China e na Rússia, com foco especial em veículos conectados. Vale destacar que, apesar de a China ter se consolidado como uma superpotência econômica e industrial nos anos 1990, estreitando laços comerciais com os Estados Unidos, esses vínculos estão se desintegrando gradualmente.
Um exemplo claro dessa mudança ocorreu no ano passado, quando, pela primeira vez em duas décadas, o México ultrapassou a China como o principal parceiro comercial dos EUA. Embora haja preocupação de que essa crescente divisão possa prejudicar os consumidores americanos, limitando o acesso a produtos chineses a preços competitivos, o caminho escolhido parece irreversível.
Esse distanciamento nas relações comerciais pode também atingir outras potências aliadas dos EUA, sobretudo devido à rápida expansão de empresas chinesas como a BYD. Em menos de dois anos de operação nos mercados da União Europeia e do Reino Unido, a montadora busca uma expansão agressiva, marcada por grandes campanhas publicitárias, presença destacada em feiras automotivas e o patrocínio da Euro 2024, um dos eventos esportivos mais importantes do continente.
No Brasil, o movimento também é notável.
A BYD pretende dobrar sua rede de vendas e serviços no Reino Unido, passando de 60 para 120 pontos até o final do próximo ano. Essa expansão ameaça mercados e empregos tradicionais na Europa e no Reino Unido, gerando apreensão entre políticos europeus e americanos.
Em resposta, a União Europeia está considerando a aplicação de tarifas de 36,3%, 19,3% e 17% sobre veículos das montadoras chinesas SAIC Motor, Geely (controladora da Volvo Car) e BYD, respectivamente. Essas tarifas viriam somar-se aos 10% já aplicados às exportações chinesas. O Reino Unido também estuda seguir o mesmo caminho, o que poderia agravar ainda mais as tensões comerciais.
· 05:03 — O impulso nuclear
A energia nuclear está ganhando um impulso inesperado. Larry Ellison, fundador da Oracle, anunciou aos investidores que sua empresa está desenvolvendo um dos maiores data centers do mundo, que será alimentado por reatores nucleares.
A instalação terá uma demanda energética superior à de 300 mil residências. Ellison revelou que a Oracle já está colaborando com uma empresa que possui licenças de construção para três pequenos reatores nucleares…