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Agenda desta quarta (26) tem IPCA-15 de junho e pronunciamento de membros do Banco Central Europeu; confira

Com um calendário econômico sem grandes eventos, ganham certa relevância os dados do comércio varejista britânico e as vendas de casas novas nos EUA em maio.

Por Matheus Spiess

26 jun 2024, 09:04 - atualizado em 26 jun 2024, 09:04

Bom dia, pessoal. Vários membros do BCE da Zona do Euro devem se pronunciar durante o pregão de hoje, o que pode adicionar volatilidade ao já conturbado desempenho dos ativos europeus devido aos ruídos políticos na França.

Com um calendário econômico sem grandes eventos, ganham alguma relevância os dados do comércio varejista britânico e as vendas de casas novas nos EUA em maio.

Nesta manhã, tanto os ativos europeus quanto os futuros americanos apresentam alta, acompanhando o tom positivo da Ásia, que reagiu favoravelmente à notícia de que a China implementará novas políticas fiscais para consolidar sua recuperação econômica.

Também estão no radar novas declarações de membros do Fed, além da divulgação do PIB americano do primeiro trimestre e do PCE de maio, previstos para quinta e sexta-feira, respectivamente.

A ver…

· 00:52 — O debate da meta contínua

No cenário econômico brasileiro, o foco se volta para o IPCA-15 de junho, que funciona como uma prévia da inflação oficial.

A expectativa é de uma leve desaceleração na comparação mensal, de 0,44% para 0,43%, embora se projete uma aceleração no acumulado de 12 meses, de 3,70% para 4,10%.

Resultados em linha ou abaixo das previsões podem aliviar a pressão sobre a curva de juros, num contexto em que o mercado busca estabilidade após as turbulências monetárias de maio.

Em resposta, o governo planeja um decreto estabelecendo uma meta de inflação contínua de 3% para o próximo ano, com um horizonte de 12 meses, não 18.

Essa medida visa reforçar o compromisso técnico das autoridades econômicas, conforme reiterado na recente ata do Copom e nos comentários de Gabriel Galípolo, provável sucessor de Roberto Campos Neto. A sucessão no Banco Central deverá se dar sem maiores problemas.

No entanto, essas ações ainda não são suficientes para restaurar a confiança do mercado, atualmente marcado por um ceticismo significativo quanto à direção econômica do país.

Esse pessimismo é evidenciado pela revisão do JP Morgan na projeção do Ibovespa para o final de 2024, reduzindo o índice de 142 mil para 135 mil pontos.

A falta de preocupação do governo com a sustentabilidade dos gastos públicos contribui para as altas taxas de juros. O governo continua a gastar sem considerar as consequências financeiras de longo prazo, o que se reflete diretamente nos custos de empréstimos. Para resolver essa situação, é essencial implementar cortes nos gastos.

Um momento crucial será a discussão da Lei de Diretrizes Orçamentárias no Congresso, com expectativas de que a Fazenda, em colaboração com o Ministério do Planejamento, consiga formular um orçamento realista e prudente. A alta arrecadação, ultrapassando R$ 1 trilhão até o final de maio (recorde para o período) não basta.

· 01:48 — Voltando a ficar animada

Nos EUA, a terça-feira foi o oposto da segunda, com a Nvidia e outras ações de tecnologia se recuperando, impulsionando setores que estavam sob pressão. O S&P 500 subiu 0,4%, enquanto o Nasdaq saltou 1,3%. Em contraste, o Dow Jones Industrial Average, focado em ações de valor, caiu 0,8%. Este foi o oitavo dos últimos dez pregões em que o Nasdaq e o Dow se moveram em direções opostas.

Na agenda econômica, destacaram-se os novos dados de vendas residenciais para maio. O mercado espera uma taxa anual ajustada sazonalmente de 650 mil novas casas unifamiliares vendidas, 16 mil a mais que em abril. Um número abaixo do esperado poderia fortalecer a expectativa de corte de juros em setembro, beneficiando ativos de risco. No entanto, os dados mais importantes da semana serão divulgados a partir de amanhã, com a nova leitura do PIB na quinta-feira e o índice PCE de maio na sexta-feira.

· 02:36 — Sem parar

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), à qual o Brasil está prestes a aderir, manteve suas previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, projetando uma expansão de 2,6% em 2024 e de 1,8% em 2025, conforme seu relatório mais recente sobre as perspectivas econômicas do país. No entanto, a inflação persistente no setor de serviços pode retardar o ritmo de flexibilização das políticas monetárias pelo Fed.

O relatório prevê que a economia americana deve manter um crescimento estável, embora moderado a curto prazo, devido aos altos custos dos empréstimos e à diminuição das poupanças acumuladas durante a pandemia. Existe, porém, um potencial de desempenho econômico superior, impulsionado pelo aumento da produtividade através de avanços em inteligência artificial. Há também o risco de deterioração econômica se a inflação subjacente permanecer elevada, o que poderia atrasar a flexibilização da política monetária.

Em relação à inflação, a OCDE projeta que o índice de preços ao consumidor (PCE) deve recuar para 2,4% em 2024 e atingir a meta de 2% em 2025. Já o núcleo do PCE deve se manter acima dessa meta, caindo para 2,6% em 2024 e 2,1% em 2025. Estas previsões estão em linha com as estimativas divulgadas em maio. A robusta expansão econômica está impulsionando os salários, enquanto os custos no setor de serviços, especialmente habitacionais, continuam pressionando. Ruim para a queda dos juros…

· 03:23 — Quanto trilhões?

Após Cathie Wood projetar um preço-alvo de US$ 2.600 para as ações da Tesla até 2029, equivalente a cerca de US$ 8 trilhões em valor de mercado, Elon Musk, CEO da Tesla, apresentou uma visão ainda mais ambiciosa. Wood distribuiu essa avaliação em US$ 1 trilhão para a divisão automotiva da Tesla, mais de US$ 5 trilhões para tecnologias de direção autônoma, e o restante para outras áreas de negócio, como o armazenamento de energia. Durante a assembleia anual de acionistas da Tesla, Musk enfatizou a importância da direção autônoma e sugeriu que o desenvolvimento de robôs humanoides poderia se tornar a maior área de negócio da empresa.

A Tesla está desenvolvendo o robô humanoide Optimus, equipado com inteligência artificial, projetado para operar em fábricas 24 horas por dia ou auxiliar em tarefas domésticas. Musk estimou que, se o Optimus gerar US$ 1 trilhão em lucro anual e for avaliado com um múltiplo preço-lucro entre 20 e 25, isso poderia elevar o valor de mercado do projeto para entre US$ 20 trilhões e US$ 25 trilhões, potencialmente elevando o valor total da Tesla para US$ 30 trilhões. Essas projeções mencionadas por Musk em um evento oficial podem parecer extremamente otimistas hoje. No entanto, é sim possível que o valor atual da Tesla esteja subestimado…

· 04:19 — Turbulência europeia

A União Europeia concordou recentemente em iniciar negociações de adesão com a Ucrânia e a Moldávia, com o objetivo de reduzir a influência da Rússia na região. Os Estados-membros decidiram que as negociações começarão em 25 de junho, em Luxemburgo. A Ucrânia solicitou adesão ao bloco logo após a invasão russa em fevereiro de 2022, e os líderes da UE agiram rapidamente ao conceder o status de candidata em junho daquele ano. No entanto, o processo tem avançado lentamente desde então, e a adesão, se ocorrer, poderá levar anos ou até décadas.

Enquanto isso, a França atrai atenção com suas eleições parlamentares programadas para o final de semana. Uma pesquisa recente mostrou o partido de extrema-direita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, na liderança com 38% das intenções de voto, seguido pela coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), com 29%. O partido do presidente Macron, o Renaissance, ocupa o terceiro lugar, com 22%. É improvável que Macron consiga uma virada, mas ele teve sucesso em forçar a direita a participar do governo. Isso significa que a oposição de Le Pen será obrigada a governar o país sob a presidência de Macron, o que ele espera valorizar sua gestão para as próximas eleições presidenciais.

· 05:01 — Uma saída

A Volkswagen anunciou um investimento significativo de US$ 5 bilhões em uma joint venture com a Rivian Automotive, oferecendo um suporte crucial à startup de veículos elétricos em dificuldades e permitindo à montadora alemã acesso às avançadas tecnologias da Rivian. Deste montante, US$ 1 bilhão será investido imediatamente, enquanto os US$ 4 bilhões restantes serão aplicados ao longo do tempo. O acordo estabelece que ambas as empresas terão controle e propriedade iguais, com foco no desenvolvimento de veículos elétricos de próxima geração e software avançado.

Esse anúncio ocorre em meio a crescentes tensões comerciais com a China. Recentemente, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, alertou sobre as consequências de um “decoupling” econômico do Ocidente, em uma tentativa de mitigar a…

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.