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Agenda desta terça (10) tem IPCA de junho e votação da Câmara sobre o IVA federal e estadual/municipal; confira

Com a proximidade do recesso parlamentar que começa em 18 de julho, o Congresso redobra esforços para debater e votar questões essenciais.

Por Matheus Spiess

10 jul 2024, 09:09 - atualizado em 10 jul 2024, 09:09

Imagem representando o IPCA, mostrando um carrinho de compras ao fundo e pilhas de moedas a frente. IPCA-15 renda fixa

Bom dia, pessoal. Ontem, em seu testemunho perante o Congresso, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizou a possibilidade de cortes de juros mesmo que a inflação ainda não tenha atingido a meta de 2%.

Embora seja necessário mais dados para confirmar essa direção, estamos no caminho certo. Nos últimos meses, Powell tem se mostrado cada vez mais isolado dentro do Fed, sendo relativamente mais favorável à redução das taxas de juros.

Para convencer os demais membros do comitê, ele precisa de dados que justifiquem a flexibilização da política monetária. Hoje, ele falará novamente, desta vez aos deputados, embora seu discurso provavelmente não mudará muito.

O dia começou com dados de inflação mais fracos do que o esperado na China, com a inflação retornando lentamente à deflação, apesar dos altos preços da carne de porco (os preços dos alimentos têm um peso maior na inflação da China em comparação com as economias desenvolvidas). Isso sugere que as expectativas de apoio à política interna continuarão.

Os mercados europeus e os futuros americanos estão em alta nesta manhã, apesar dos persistentes ruídos políticos no continente.

Paralelamente, a cúpula da OTAN chama a atenção para o desempenho de Biden junto aos líderes mundiais, relevante já que o presidente está determinado em manter sua candidatura.

A ver…

· 00:54 — A inflação de junho

Ontem, o Ibovespa marcou sua sétima alta seguida, reconquistando o nível de 127 mil pontos, que havia sido perdido em 21 de maio. Desde o início de julho, o índice acumulou uma elevação de 2,6%. Simultaneamente, o dólar se aproximou de R$ 5,40.

Embora a liquidez do mercado tenha sido limitada pelo feriado no estado de São Paulo, a tendência positiva do mercado local é evidente. Contrariamente ao dia anterior, que foi desprovido de eventos locais significativos e dominado por influências externas, hoje o foco recai sobre os novos dados de inflação do Brasil.

Espera-se que o IPCA de junho, a ser divulgado hoje, mostre uma desaceleração para 0,32%, após registrar 0,46% em maio. Contudo, a inflação acumulada em 12 meses deve aumentar de 3,93% para 4,34%. A análise detalhada desses dados é crucial, embora não se espere que alterem a atual política monetária de manutenção da taxa Selic.

Em Brasília, com a proximidade do recesso parlamentar que começa em 18 de julho, o Congresso redobra esforços para debater e votar questões essenciais, como a reintegração gradual do imposto sobre a folha de pagamento, a regulamentação da Reforma do Imposto sobre o Consumo e a renegociação das dívidas estaduais.

A Câmara dos Deputados foca na votação do Projeto de Lei Complementar que define o IVA federal e estadual/municipal e o imposto seletivo federal, crucial para a Reforma Tributária. Esses debates e ajustes ao projeto estão agendados para hoje e amanhã.

Com o avanço das discussões conforme o planejado, a segunda parte da regulamentação da reforma tributária também poderá ser votada ainda esta semana. Face às eleições municipais, o calendário legislativo do segundo semestre será reduzido, o que impulsiona a necessidade de antecipar essas votações.

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01:46 — Perdendo a oportunidade?

Atualmente, a América Latina enfrenta duas grandes oportunidades: impulsionar a transição energética e exportar produtos mais sustentáveis em comparação com países como a China, que ainda dependem fortemente do carvão e do petróleo para geração de energia. Esta perspectiva, recentemente reforçada por William Maloney, economista-chefe para a América Latina e Caribe do Banco Mundial, já é conhecida. No entanto, para aproveitar plenamente a oportunidade proporcionada pelo movimento de nearshoring, Brasil e seus vizinhos precisam superar desafios significativos. A infraestrutura é um dos principais obstáculos, com investimentos insuficientes e uma burocracia que frequentemente gera entraves, dificultando a obtenção de licenças. Brasil e México têm o potencial de liderar esse movimento, mas a falta de progresso ameaça a perda dessa janela de oportunidade.

Outro aspecto crucial é o papel do Brasil no BRICS+. Este bloco, que inclui alguns dos países em desenvolvimento mais influentes, poderia se posicionar como um contrapeso ao G7 e ao Ocidente liderado pelos EUA. No entanto, diversos fatores dificultam esse posicionamento. Primeiramente, a Índia está no caminho para se tornar a principal força motriz do crescimento global até 2028, o que a coloca em conflito potencial com a China, outro membro influente do grupo. Além disso, os países do Golfo, como os Emirados Árabes Unidos, mantêm um alinhamento próximo com os EUA. Finalmente, a China, que atua mais como principal credor do que como membro do Sul Global, complica ainda mais a dinâmica do grupo. Dessa forma, o BRICS+ ainda não conseguiu gerar o impacto estratégico positivo que se esperava para o Brasil no cenário global.

· 02:39 — Mais um recorde

As ações americanas fecharam em alta histórica pela 36ª vez este ano, após os comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ao Congresso, que pouco alteraram as expectativas de cortes nas taxas de juros pelo banco central ainda este ano. Embora Powell tenha evitado estabelecer um cronograma para os cortes, ele destacou sinais crescentes de desaceleração no mercado de trabalho, após dados do governo indicarem o terceiro mês consecutivo de aumento do desemprego. Assim, o índice S&P 500 subiu pelo sexto dia consecutivo, marcando sua sequência de ganhos mais longa desde janeiro, desafiando preocupações sobre um mercado sobrecarregado.

As ações da Tesla, frequentemente mencionadas nesta newsletter, continuam sua impressionante série de vitórias, acumulando ganhos por 10 pregões consecutivos. Desde 24 de junho, as ações da fabricante de veículos elétricos subiram notáveis 44%. Hoje, Powell retorna ao Capitólio para testemunhar perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara. Não se esperam surpresas após seu depoimento de ontem, servindo apenas como preparação para os dados de inflação que serão divulgados amanhã e sexta-feira. Além disso, aguardamos ansiosamente o início da temporada de resultados.

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· 03:21 — Ser incumbente nunca foi tão difícil

As últimas eleições nos mostraram que ser incumbente (ou seja, ser da situação, do governo atual) não é mais tão vantajoso quanto no passado. A pandemia realmente marcou uma mudança na condução das políticas públicas globalmente, e a opinião dos eleitores reflete a perda de espaço do centro político. Infelizmente, a tendência é de uma polarização crescente, agravada pelo advento das redes sociais em nossas vidas, que intensificam esse fenômeno. Esse movimento de desconfiança e insatisfação tem ocorrido em muitos países, como recentemente vimos na França e no Reino Unido. A África do Sul e a Índia também podem ser incluídas nessa análise, já que seus líderes perderam espaço no parlamento, embora tenham se mantido no poder.

Muitas dessas eleições refletem o descontentamento das pessoas com suas lideranças, em um ambiente sem precedentes, onde a dificuldade de lidar com as crises se torna evidente. Isso tem influenciado, inclusive, no fluxo de recursos e nas migrações. Engana-se quem pensa que apenas o Brasil sofre com a fuga de capitais e a “perda de cérebros”. Essa questão agora se coloca fortemente nos Estados Unidos, onde o atual incumbente provavelmente enfrentará derrotas nas próximas eleições de novembro. O mesmo sentimento foi observado no Brasil em 2016. Historicamente, ser incumbente foi uma vantagem, mas a herança inflacionária deixada pela pandemia alterou essa realidade. Não sabemos se essa mudança será permanente.

· 04:18 — Aniversário da OTAN

A Cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de 2024 começou ontem em Washington, DC, EUA. O evento ocorre em um momento histórico, celebrando os 75 anos da organização, mas também de incerteza tanto para a aliança quanto para a nação anfitriã. A OTAN enfrenta uma guerra em curso na Ucrânia, prepara-se para a chegada de Mark Rutte como novo chefe e aguarda os resultados das eleições presidenciais de 2024 nos EUA. A guerra na Ucrânia, que levou Finlândia e Suécia a se aproximarem da OTAN, fez da aliança a maior de sua história, com tensões entre Ocidente e Rússia atingindo níveis não vistos desde a Guerra Fria.

Manter o apoio à Ucrânia, à medida que o país se aproxima do terceiro ano da invasão russa iniciada em 2022, é uma questão central na agenda da cúpula. Os membros da aliança enfrentam dificuldades crescentes para justificar o uso continuado de armas e recursos financeiros em um conflito sem fim aparente. Embora as ambições de Kiev de se juntar à OTAN sejam discutidas, os combates contínuos entre Ucrânia e Rússia significam que isso não ocorrerá tão cedo. 

Outro ponto crítico é a eleição presidencial dos EUA, que pode redefinir como o país interage com os outros membros da aliança, especialmente diante da possível volta de Trump. O presidente Biden pretende usar a cúpula como uma oportunidade para recuperar sua posição após um debate desastroso, mas o tempo pode estar contra ele.

· 05:05 — Ainda vale a pena manter?

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) recentemente aprovou um financiamento expressivo de R$ 58 milhões para o Plano de Investimento em Inovação da Weg Drives and Controls (WDC). Este apoio, oferecido pelo Programa BNDES Mais Inovação, faz parte de um investimento total de R$ 69,5 milhões, destinados a 45 projetos inovadores, incluindo o desenvolvimento de novos equipamentos e soluções tecnológicas avançadas. Esta iniciativa é especialmente positiva para a…

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.