Bom dia, pessoal. Lá fora, a maioria dos mercados de ações asiáticos caiu nesta segunda-feira, com cautela antes de uma reunião do Federal Reserve e dos principais dados econômicos desta semana, enquanto as ações chinesas subiram acentuadamente ao retomarem as negociações após o feriado de uma semana. Ao menos vemos as commodities subindo em sua maioria, como o caso do minério de ferro, que caminhou para uma alta de 1,5% durante o pregão, o que poderá ser bem digerido no Brasil.
O clima é mais tenso nos mercados europeus e nos futuros americanos, com investidores nervosos com as reuniões de política monetária do Fed, do Banco da Inglaterra e do Banco Central Europeu, que devem elevar as taxas de juros em um esforço para reduzir a inflação de uma alta de várias décadas. A temporada de resultados também ganha tração com alguns nomes mais pesados, assim como acontecerá no Brasil, onde devem nos preocupar com o ambiente político.
A ver…
· 00:46 — As corridas parlamentares
Por aqui, além de uma temporada de resultados agitada com grandes nomes importantes nos próximos dias, a começar com o Santander hoje, os investidores precisam também se preocupar com o clima em Brasília, com a retomada das atividades nesta semana. Teremos na quarta-feira a eleição das presidências das casas legislativas, assim como suas respectivas mesas diretoras. Enquanto na Câmara a tendência é de que Arthur Lira confirme sua vitória, conseguindo comandar os trabalhos dos deputados federais por mais dois anos, no Senado a história é diferente — Lula tem trabalhado pela manutenção dos atuais presidentes, querendo construir uma grande união partidária abarcando diversos partidos.
Rodrigo Pacheco ainda é o grande favorito para manter o cargo no Senado, mas haverá competição. Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Bolsonaro, deverá contar com os votos da oposição, tendo unido o apoio do PL, PP e Republicanos. Como sua candidatura não é das mais fortes, no entanto, há uma chance pequena de surpresa: um Plano B que trocaria o nome de Marinho pelo de Tereza Cristina (PP-MS), por exemplo. Mesmo essa estratégia tem pouco espaço para derrotar o favoritismo de Pacheco, mas a eleição será mais apertada. Fora os comandos principais, temos a constituição de mesas importantes, como a Comissão de Constituição e Justiça, a Comissão de Relações Exteriores e o Conselho de Ética.
· 01:51 — Mais um bear market rally?
À medida que os investidores buscam pelo fim dos aumentos das taxas, as ações de tecnologia focadas em crescimento têm sido as principais beneficiárias. O Nasdaq está chegando ao seu melhor janeiro em mais de 20 anos. Faltando dois pregões, o índice acumula alta de 11% no mês, seu melhor janeiro desde o ganho de 12,2% em janeiro de 2001. Contudo, o movimento não gera lembranças tão boas.
Há muitos paralelos sendo criados em 2001. Na época, o mercado ainda estava lidando com o crash das pontocom. Após o forte janeiro, o Nasdaq caiu 30% até o final de 2001. No final das contas, o Nasdaq não encontrou um fundo até outubro de 2002. Se o bear market rally se confirmar, não há muita saída que não novas correções à frente. E qual seria o movimento?
Bem, com a inflação mais baixa e os sinais crescentes de que a economia pode ter de fato mudado, os mercados financeiros estão precificando uma necessidade menor de aumento dos juros para as decisões do Fed, se não nesta semana, na próxima reunião da autoridade monetária. O problema é que ainda não se precificou da maneira devida uma posterior recessão, que deverá acontecer como maturação do aperto monetário.
· 02:54 — Reuniões de política monetária
Nesta semana, teremos reuniões dos Bancos Centrais no Brasil, nos EUA, no Reino Unido e na Zona do Euro. Muito provavelmente, portanto, a temática monetária será central nas decisões dos investidores ao longo dos próximos dias. A desaceleração da inflação é mais rápida do que os modelos do banco central podem esperar, o que prejudica a nossa previsibilidade sobre os próximos passos de cada autoridade, movimento que vem acontecendo nos últimos meses.
As expectativas para as definições das reuniões de política monetária desta semana, no entanto, estão bem alinhadas nas cabeças dos investidores. No Brasil, a taxa de juros deverá se manter inalterada em 13,75%. Nos EUA, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), deve aumentar os juros em 25 pontos-base, levando os juros para entre 4,50% e 4,75%. Na Europa e na Inglaterra as altas devem ser de 50 pontos-base. A novidade ficará por conta dos comunicados que acompanharão as decisões.
· 03:38 — Temporada de resultados e relatório de emprego
Além da continuidade da alta dos juros, teremos nos EUA outra semana importante de resultados do quarto trimestre, com cerca de 100 empresas do S&P 500 programadas para divulgar na próxima semana. A lista conta com nomes como Amazon, Apple, Alphabet e Meta Platforms, podendo moldar o ritmo dos ativos.
Por fim, fora a temporada de resultados, acompanhamos na sexta-feira o relatório de emprego da economia americana. O consenso do mercado pede um aumento de 190 mil empregos não agrícolas, após um ganho de 223 mil em dezembro. A taxa de desemprego deverá subir um décimo de ponto, para 3,6%.
· 04:08 — Voltando do feriadão
Na Ásia, o único destaque positivo foi o desempenho das ações chinesas, com o país voltando do feriado do Ano Novo Lunar. As mídias locais informaram que as viagens domésticas e o consumo se recuperaram acentuadamente na semana passada, graças à diminuição das restrições contra a Covid-19.
Adicionalmente, o governo chinês reiterou no fim de semana que planeja aumentar os gastos e impulsionar o consumo local. Dito de outra forma, uma recuperação na economia chinesa é um bom presságio para os mercados globais, dada a relevância comercial do gigante asiático.
Os mercados estão aguardando os dados da atividade empresarial chinesa esta semana para avaliar o quanto a economia se beneficiou com a redução das medidas de afrouxamento da zero-Covid. As previsões indicam uma melhora nos PMIs de manufatura e não manufatura, embora a atividade geral ainda deva contrair.
O evento de uma reabertura chinesa, como sabemos, é bom para as commodities. Por isso, vale também acompanhar a reunião dos ministros da OPEP+, que deverá revisar os níveis de produção, bem como divulgar as decisões do grupo considerando a expectativa de demanda.
Um abraço,
Matheus Spiess