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Mercado em 5 minutos

BB Seguridade (BBSE3) e Itaú (ITUB4) abrem semana repleta de resultados corporativos; veja os destaques do mercado nesta segunda (7)

Além dos resultados, mercado aguarda nesta semana a ata da última reunião do Copom, que cortou a taxa Selic em 50 pontos-base

Por Matheus Spiess

07 ago 2023, 08:31 - atualizado em 07 ago 2023, 08:31

Imagem representando a agenda de resultados do 3T22, mostrando o resultado de uma empresa no computador junto a um calendário - mercado.

Bom dia, pessoal. No cenário internacional, os mercados asiáticos encerraram esta segunda-feira sem uma direção única, seguindo as movimentações amplamente negativas de Wall Street na sexta-feira. Os investidores reagiram aos dados que mostraram crescimento do emprego abaixo do esperado nos EUA e no Canadá em julho, o que aliviou as preocupações em relação às perspectivas para as taxas de juros e aumentou as expectativas de que os bancos centrais encerrarão em breve o aperto de suas políticas. A maioria dos investidores ainda espera outra pausa nos aumentos das taxas de juros. Na agenda desta semana, o mercado está atento aos números da inflação e à balança comercial da China.

Enquanto isso, os mercados europeus e os futuros americanos iniciam a semana em queda. Com o mercado de trabalho nos EUA apresentando um desempenho muito forte, os salários em alta e o núcleo da inflação bem acima da meta do Federal Reserve, as chances são maiores de que o Fed faça outro aumento de um quarto de ponto percentual na segunda metade de 2023. Além disso, a produção industrial alemã mostrou fraqueza adicional no setor de construção. Para aumentar a ansiedade dos investidores, vários membros dos bancos centrais farão declarações ao mercado hoje, sendo o mais importante deles o economista-chefe do Banco da Inglaterra. Quanto às commodities, elas não estão indo bem hoje, com o contrato de petróleo devolvendo parte dos ganhos da semana passada.

A ver…

· 00:55 — Vem resultado aí…

No Brasil, após o susto com a Petrobras e a queda do Bradesco, o mercado local está se preparando para uma semana repleta de resultados corporativos, com destaque para o Itaú, cujo resultado será divulgado após o fechamento de hoje. Além disso, os investidores aguardam ansiosamente pela divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) amanhã. Nessa ata, poderemos obter detalhes mais aprofundados sobre as decisões que levaram a autoridade monetária a optar por um corte de 50 pontos-base na taxa de juros e sinalizar futuras reduções de mesma amplitude.

Enquanto isso, Brasília volta a atrair atenção, não apenas devido ao atraso na reforma ministerial, que promete fornecer apoio ao governo para a aprovação de temas importantes, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária, mas também pelo debate em torno da Foz do Amazonas. Segundo informações, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, começou a mudar seu discurso contrário à exploração de petróleo na região, afirmando que isso é compatível com a defesa do governo em relação à sustentabilidade ambiental. Esse movimento é de grande importância para o país, conforme já comentamos anteriormente.

· 01:41 — A semana para os americanos

Nos Estados Unidos, a velocidade da temporada de resultados está diminuindo a partir de agora, embora ainda tenhamos alguns relatórios trimestrais impactantes na agenda, como Disney e Alibaba. Até o momento, pouco menos de 80% das empresas do S&P 500 superaram as estimativas de lucro por ação do segundo trimestre, enquanto apenas 59% das empresas superaram as expectativas de receita. Essa porcentagem atual de superação das expectativas de receita é a mais baixa em três anos.

No calendário econômico, teremos novas atualizações sobre a inflação, com o relatório do Índice de Preços ao Consumidor de julho previsto para 10 de agosto e o relatório do Índice de Preços ao Produtor previsto para 11 de agosto. Atualmente, o conceito de “pouso suave” é amplamente discutido e parece ser razoável, dadas as condições prevalecentes. O crescimento econômico nos EUA continua mostrando resiliência e a temporada de resultados em andamento reforça essa narrativa, especialmente no setor de consumo discricionário, que registrou uma impressionante surpresa de ganhos de cerca de 25%, indicando um desempenho positivo.

· 02:22 — O fim da poupança pandêmica

Um estudo conduzido por três economistas da divisão internacional do Federal Reserve revela que o excesso de poupança acumulada nos Estados Unidos durante a pandemia foi totalmente utilizado. Por outro lado, outras economias avançadas, como Canadá, França e Alemanha, viram esse excesso diminuir, mas ainda mantêm um estoque que provavelmente não será consumido até o final do ano.

Essa disparidade deve resultar em uma inflação mais resistente nesses países em comparação com os EUA. Ampliando o escopo do estudo do Fed para outros países, essa divergência no excesso de poupança corrobora a visão de que os EUA provavelmente vão desacelerar mais rapidamente que outros países no segundo semestre, levando o Federal Reserve a estar mais próximo de flexibilizar a política monetária em comparação com a maioria dos bancos centrais do G10.

· 03:16 — Alimentos mais caros

Uma série de fatores, incluindo a escassez decorrente da pandemia, a invasão russa da Ucrânia e eventos climáticos extremos, têm impulsionado os preços dos alimentos e representado uma ameaça à segurança alimentar em escala global. Agora, um forte evento El Niño, que deve se estender até 2024, pode agravar ainda mais essa crise, embora os efeitos não sejam uniformes para todos.

De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação de 2023, isso é particularmente problemático para aproximadamente 783 milhões de pessoas em todo o mundo que enfrentaram insegurança alimentar em 2022, um aumento de 122 milhões em relação a 2019.

Embora nas últimas semanas tenham surgido notícias positivas sobre a inflação de alimentos, com indícios de que está começando a se estabilizar, especialistas alertam que as mudanças climáticas continuarão impactando os preços dos alimentos, uma vez que afetam o desenvolvimento ou até mesmo a sobrevivência das colheitas. Esse cenário desafia a segurança alimentar global e requer ação coordenada para enfrentar os desafios que se apresentam.

· 04:03 — Mais tensão na Ucrânia

Um ataque de drone a um navio russo durante o fim de semana gerou preocupações sobre o fornecimento de commodities. Os preços do trigo apresentaram um aumento, embora de forma ligeira em comparação com o pico do ano passado. Esses ataques representam um risco inédito para as exportações de commodities da Rússia pelo Mar Negro, que é uma rota crucial para a maioria dos grãos e entre 15% a 20% do petróleo que a Rússia vende diariamente nos mercados globais.

É provável que esse cenário resulte em custos mais altos de seguro e frete para Moscou, mas também traz riscos para os mercados europeu e global. A escalada da guerra ocorre enquanto a contra-ofensiva da Ucrânia avança mais lentamente do que o planejado pelas autoridades de Kiev. Paralelamente, um plano de paz apresentado pela Ucrânia e seus aliados a mais de 40 países neste fim de semana na Arábia Saudita trouxe poucos avanços concretos para encerrar o conflito.

Os preços mais elevados do trigo podem não ter um grande impacto nos preços dos alimentos ao consumidor nas economias desenvolvidas. No entanto, o recrudescimento das tensões entre Rússia e Ucrânia durante o fim de semana pode continuar exercendo pressão sobre os preços do petróleo, especialmente após a decisão da Saudi Aramco de aumentar seus preços para clientes na Ásia e Europa. Esses acontecimentos elevam a incerteza nos mercados e demandam atenção cuidadosa por parte dos atores econômicos globais.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.