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Mercado em 5 minutos

Calote à vista? Mercado começa a semana de olho na ‘saga’ do teto da dívida dos EUA

Investidores permanecem otimistas de que acordo para aumentar teto da dívida dos EUA será alcançado. Caso contrário, país daria seu primeiro ‘calote’ com consequências imprevisíveis

Por Matheus Spiess

22 maio 2023, 09:10 - atualizado em 22 maio 2023, 09:10

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Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados de ações asiáticos tiveram uma boa segunda-feira, apesar dos sinais negativos de Wall Street no final da semana passada, enquanto os investidores permanecem otimistas de que um acordo será finalmente alcançado para aumentar o teto da dívida dos EUA para evitar o primeiro calote americano. A informação dada pelo presidente Joe Biden de que as relações entre os EUA e a China devem começar a “descongelar muito em breve”, na cúpula do G-7, no Japão, também foi bem recebida. No entanto, o bom humor na China não se traduz em alta para as commodities. 

No Ocidente, contudo, o tom da manhã não é tão positivo, com queda em mercados europeus e em futuros americanos. ​​A semana será crucial para encontrar uma solução para o impasse da dívida nos Estados Unidos. A Casa Branca está correndo contra o tempo para evitar o calote a partir de 1º de junho, com consequências imprevisíveis. O presidente Biden e o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, terão um encontro pessoal hoje, após as negociações terem se deteriorado na sexta-feira, quando os republicanos abandonaram uma reunião com representantes do governo. 

A ver… 

· 00:56 — E o arcabouço? Sai ou não sai? 

No Brasil, encerramos a semana passada com o pedido de urgência para a votação do arcabouço fiscal aprovado, o que acelera a tramitação da peça no Congresso. Isso é bom, uma vez que quanto antes resolvermos isso, melhor. 

No entanto, a notícia positiva foi apagada pelas alterações feitas no texto pelo relator Cláudio Cajado, as quais permitem que o governo tenha na prática mais espaço para gastos no próximo ano. Resta agora esperar a votação na Câmara dos Deputados, que está programada para ocorrer na terça ou quarta-feira. 

Espera-se que a proposta seja aprovada com uma ampla margem, uma vez que a agenda é considerada uma questão de Estado, fundamental para o país, e não exclusiva de um programa de governo, sensível aos interesses de Lula. Na sequência, o texto seguirá para o Senado, devendo ter sua história terminada em junho. 

Com isso, teremos caminho livre para discutir a reforma tributária no segundo semestre — Arthur Lira afirmou que será abordada inicialmente antes de julho, mesmo com o risco de não ser aprovada. A pauta, que também é vista como questão de Estado, é necessária para aumentar a arrecadação e permitir que o arcabouço seja cumprido. 

· 01:55 — A saga do Teto da Dívida não tem fim 

Os investidores assistirão ao confronto do teto da dívida dos EUA novamente, à medida que a ameaça de algum tipo de calote do governo se torna mais real — a secretária do Tesouro, Janet Yellen, reiterou ontem que os EUA provavelmente não conseguiriam pagar todas as suas contas a partir da próxima quinta-feira, 1º de junho, se o Congresso não aumentar o teto da dívida de seu nível atual de US$ 31,4 trilhões. 

Ninguém tem certeza das consequências já que isso nunca aconteceu antes, mas sabemos que será extremamente prejudicial, com resultados que variam de “recessão garantida” a “colapso do mercado financeiro”. O tamanho do raio da explosão depende de quanto tempo duraria um ambiente sem solução. 

O problema é que as negociações estão longe de estar indo bem. Apesar da aparência de algum progresso na semana passada, a Casa Branca e os republicanos permanecem distantes em um acordo para aumentar o limite da dívida.  

Os republicanos querem um aumento do teto da dívida combinado com uma redução nos gastos federais não relacionados à defesa, incluindo cortes nos serviços sociais. Os democratas acusam os republicanos de levar os EUA à beira do abismo financeiro para forçar sua agenda de corte de custos. Resta descobrir um meio do caminho. 

· 02:58 — Uma boa notícia 

A maioria das ações asiáticas teve uma segunda-feira predominantemente positiva, com a formação de um certo otimismo sobre uma possível melhora nas relações EUA-China. O presidente Joe Biden disse durante a cúpula do Grupo dos Sete (G7) no Japão que espera que as relações entre os EUA e Pequim melhorem “muito em breve” e que o G7 também decidiu uma abordagem unida para a China. 

Seus comentários melhoraram um pouco o sentimento em relação aos mercados chineses, que estavam se recuperando de duas semanas consecutivas de perdas após uma série de leituras econômicas decepcionantes para abril. Uma melhora nas relações sino-americanas pode atrair investidores estrangeiros de volta à China, oferecendo ao país uma fonte de capital muito necessária. 

· 03:32 — Destaque para emergentes 

Segundo a Capital Economics, uma recessão nos Estados Unidos é esperada, o que pode beneficiar as ações de países emergentes. Historicamente, após recessões nos EUA, as ações de países emergentes apresentaram um desempenho superior em comparação com os países desenvolvidos. Embora esse padrão deva se repetir, espera-se que a diferença de rendimentos seja menor devido ao ambiente macroeconômico menos favorável em comparação com recessões anteriores. 

A projeção é que o rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos caia para 3,25% até o final de 2023 e 3% até o final de 2024, do patamar atual em cerca de 3,70%. Essa perspectiva favorece o investimento em ações na maioria dos mercados emergentes. Dessa forma, o índice MSCI Emerging Markets deve superar o índice MSCI World nos próximos anos. Isso seria bom para países como Brasil e México, que ficaram de fora dos principais investidores nos últimos anos e podem voltar para o circuito principal. 

· 04:18 — O poder da inteligência artificial 

Há bastante otimismo com a inteligência artificial. O Goldman Sachs, por exemplo, acredita que a tecnologia pode ajudar a impulsionar os lucros do S&P 500 nos próximos 10 anos, com um poder de aumentar a produtividade em 1,5% ao ano. Nesse contexto, os lucros do S&P 500 poderiam aumentar em 30% na próxima década. 

Ajuda o fato de que o Federal Reserve dos EUA parece ter concluído a maior parte do aperto da política monetária. Se as taxas de juros estiverem altas, como empresa, você pode ser um pouco mais avesso a emitir dívida e, portanto, pode reduzir seus gastos, o que pode atrasar o desenvolvimento da IA. Ainda assim, as perspectivas são positivas. 

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.