Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos tiveram uma quarta-feira mista (sem uma única direção), depois que a leitura mais fria da inflação nos EUA alimentou as esperanças de que o Federal Reserve adiaria um possível aumento da taxa de juros. Os investidores ainda repercutem o primeiro corte na taxa de juros na China em 10 meses, que reforçou as esperanças de que Pequim continuará implementando medidas de apoio para estimular uma recuperação econômica em 2023, conforme o esperado.
Os mercados europeus e os futuros americanos sobem predominantemente nesta manhã, pautados pela decisão de política monetária do Fed, a ser anunciada durante a tarde de hoje. Além desse vetor, contamos também com inflação ao produtor americano, que poderá balizar ainda mais as próximas movimentações de política monetária por parte de Jerome Powell — sabemos que a autoridade deverá pausar os juros agora, mas ainda não temos certeza se voltará a elevar a taxa em julho.
A ver…
· 00:46 — Uma pequena correção
No Brasil, depois de sete pregões consecutivos de alta, os ativos locais finalmente corrigiram. Realizações de lucros fazem parte do processo e são bem-vindas em mercados altistas. Estruturalmente, porém, a tese positiva principal está mantida. As commodities ainda podem experimentar um dia de cautela por conta da expectativa pelos próximos dados chineses, agendados para a devida apresentação durante a noite de hoje. Com isso, retomar a trajetória anterior talvez fique para depois. A ver.
Outro destaque importante ficará por conta das vendas ao varejo em abril, que deverá desacelerar para uma alta de 0,2% na comparação mensal, muito por conta do contexto desafiador no crédito. Frustrações adicionais com o dado podem prejudicar os ativos. Por fim, o fiscal volta a preocupar, não só por conta da incerteza envolvendo a reforma tributária ou o arcabouço, mas também devido à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos (passou na comissão do Senado e vai para plenário).
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· 01:32 — Uma pausa mais do que esperada
Nos EUA, a reunião de hoje do Federal Reserve ocorre um ano após o início do ciclo de aperto monetário. Desde o começo do ano passado, a autoridade americana vem comentando erros importantes de comunicação e agora tem parte de sua credibilidade já afetada. Ainda assim, suas movimentações são importantes não só para o mercado americano, mas para o mundo inteiro. O Comitê Federal de Mercado Aberto anunciará sua decisão depois do almoço, devendo manter as taxas em uma faixa de 5% a 5,25% ao ano, permitindo-lhes fazer um balanço das perspectivas após as recentes tensões no setor bancário. Mas a medida provavelmente será acompanhada por um forte sinal de que eles estão preparados para continuar subindo, se necessário.
O presidente Jerome Powell terá que aplacar uma série de autoridades que temem que o progresso da inflação tenha estagnado. Por isso, um aumento de taxa na próxima reunião do Fed em julho permanece na mesa. Ontem, os dados de preços ao consumidor dos EUA em maio ajudaram a argumentar contra aumentos adicionais de taxas (o índice subiu 0,1% em maio, abaixo da estimativa de consenso de 0,2% e mais lento do que o ritmo de 0,4% de abril). Complementarmente, será importante acompanharmos a inflação dos preços ao produtor, que é mais relevante para o poder de precificação das empresas — as empresas tendem a vender para outras empresas. A expectativa é que o índice tenha subido 1,5% em maio na comparação anual.
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· 02:44 — E os japoneses?
As ações japonesas voltam a demonstrar otimismo com a reunião do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) à vista. Nesta quarta-feira, o índice Nikkei 225 do Japão e o TOPIX tiveram os melhores desempenhos do dia, subindo 1% e 0,9%, respectivamente. O sentimento em relação às ações locais foi apoiado pelas expectativas de que o BoJ manterá sua política frouxa nesta sexta-feira.
Isso, juntamente com alguns sinais de resiliência na economia japonesa e uma forte temporada de resultados do primeiro trimestre, fez com que os mercados japoneses superassem amplamente seus pares regionais nos últimos dois meses. A força nas ações de tecnologia de peso também apoiou os mercados japoneses, em meio a um potencial boom de inteligência artificial, que impulsionou fluxos renovados para o setor.
· 03:22 — O ambiente hostil
Na China, os índices Shanghai Shenzhen CSI 300 e Shanghai Composite corrigiram depois de subirem ontem 0,4% e 0,1%, respectivamente, depois que o Banco Popular da China cortou uma taxa de juros de curto prazo. A medida foi amplamente antecipada pelos mercados, uma vez que vários bancos centrais começaram a reduzir as taxas dos depósitos em iuan na semana passada. Ocorre que a mudança também levantou preocupações sobre a profundidade dos problemas econômicos chineses após três anos de restrições severas contra a Covid-19. A falta de crescimento, porém, não é o único problema que os chineses enfrentam na atualidade.
O gigante asiático enfrenta um ambiente externo cada vez mais hostil. Isso é incorporado pela política explícita dos Estados Unidos de contenção do setor de tecnologia chinês, bem como pelo crescente cerco estratégico da China em seu próprio quintal, onde o Japão e a Coréia do Sul estão aumentando seus gastos com defesa, Taiwan se torna mais desafiador a cada dia e novos alianças são firmadas na região. As relações com a Índia, por sua vez, tornaram-se menos amigáveis devido aos confrontos militares na fronteira. O sentimento anti-China aumentou à medida que a presença global da China se expandiu. Uma Nova Guerra Fria começou.
· 04:24 — PIB positivo e espaço limitados
No Reino Unido, o PIB mensal do Reino Unido em abril foi positivo. Diante de tantos problemas econômicos que os britânicos enfrentam neste momento, este não é um número que mexe com o mercado, mas pelo menos poderá acalmar as manchetes que estavam sedentas por falar mais mal da economia (um PIB negativo era tudo o que os jornalistas queriam para render algumas matérias sem profundidade). Isso não muda a trajetória negativa da economia britânica. Os conservadores vão ter que rebolar se quiserem manter sua maioria nas eleições do ano que vem.
Por falar na Grã-Bretanha, uma pesquisa recente sugeriu que cerca de metade das multinacionais do mundo pretende reduzir o espaço de escritórios nos próximos anos. Países como o Reino Unido têm 44% dos trabalhadores trabalhando em casa. Isso implica que as economias produziram uso mais eficiente de suas terras e estoque de capital existente, o que significa que as economias que elevam os padrões de vida por meio da eficiência também podem experimentar menos investimentos e PIB mais baixo, ressaltando os problemas de equiparar o PIB ao bem-estar econômico.