Bom dia, pessoal. A sexta-feira começa com um clima desfavorável nos mercados internacionais. As bolsas de valores da Ásia encerraram o último pregão da semana em queda, pressionadas principalmente pelas ações de tecnologia, refletindo a correção observada ontem nos EUA após o feriado.
Alguns dados econômicos chamam a atenção: a inflação ao consumidor no Japão em maio aumentou devido aos custos de energia, embora tenha ficado ligeiramente abaixo do previsto, e as exportações sul-coreanas no início de junho mostraram força, impulsionadas pelas vendas de tecnologia para a China e os EUA.
Na Europa, os mercados também estão em baixa, após a divulgação de um crescimento nas vendas no varejo do Reino Unido, que superou significativamente as estimativas do consenso, complicando a redução das taxas de juros no país. Nem mesmo a queda do PMI na região conseguiu trazer alívio.
As decisões de ontem dos bancos centrais, no entanto, indicam uma tendência de manter a inflação sob controle. O Banco da Inglaterra associou futuros cortes de juros à redução da inflação, tornando um corte em agosto cada vez mais provável. Se isso ocorrer, poderia abrir caminho para o Fed cortar as taxas em setembro, caso os dados americanos permitam.
Discursos de autoridades monetárias estão no radar, o que pode gerar volatilidade, especialmente em um dia de exercício de opções nos EUA. As principais commodities, como petróleo e minério de ferro, também registram quedas nesta manhã. Portanto, do ponto de vista internacional, a sexta-feira não promete ser das melhores.
A ver…
· 00:54 — Uma nova novela começou
No Brasil, a alta de ontem do Ibovespa foi modesta, refletindo o que já mencionamos anteriormente: um Banco Central conservador é uma condição necessária, mas não suficiente, para melhorar o sentimento local. Pelo menos, ajuda a evitar uma deterioração maior.
A unanimidade na decisão e a sinalização de juros altos por mais tempo podem contribuir para a reancoragem das expectativas de inflação. No entanto, a incerteza agora repousa na sucessão de Roberto Campos Neto à frente do BC. Mais declarações agressivas de Lula, como as feitas durante a entrevista de terça-feira, podem surgir e piorar o ambiente.
Para ilustrar, Lula, ao expressar indignação com os dividendos pagos aos acionistas da Petrobras, apesar de ser o principal acionista e precisar desse dinheiro, está claramente jogando para a torcida. Declarações semelhantes sobre o Banco Central e a política monetária seriam prejudiciais.
No segundo semestre, teremos três novos diretores do Banco Central, incluindo o novo presidente.
Embora tenha votado junto com Campos Neto, Galípolo ainda parece ser o nome favorito da equipe econômica, que considerou a unanimidade no Copom acertada para evitar uma crise.
Inicialmente, pensei que Lula poderia indicar alguém mais ortodoxo que Galípolo, o que seria um grande acerto. Hoje, diante dos nomes que surgiram nos últimos dias, a escolha de Galípolo seria uma vitória. A ala petista tem defendido André Lara Resende, uma escolha preocupante.
Ainda temos tempo até a troca, e serão necessárias mais reuniões votando pela manutenção dos juros com unanimidade. Caberá à equipe econômica afastar nomes mais heterodoxos.
Política monetária não deve ser tratada levianamente. Os danos podem ser significativos.
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· 01:49 — Outras coisas para termos em mente
O Brasil enfrenta desafios que vão além da política monetária, abrangendo questões fiscais de grande relevância. Em um cenário macroeconômico turbulento, foram indicados progressos na revisão dos gastos públicos. Aliás, o calcanhar de Aquiles brasileiro é a questão fiscal, não a monetária.
Nesta semana, Fernando Haddad e Simone Tebet apresentaram a Lula propostas para a revisão de despesas com benefícios assistenciais, com a previsão de economizar entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões em 2025. Esse valor é essencial para equilibrar o orçamento do próximo ano e atingir a meta estabelecida no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA).
A estratégia envolve uma auditoria rigorosa para identificar fraudes, especialmente no Benefício de Prestação Continuada (BPC), além de revisar os cadastros de benefícios como seguro-desemprego e Proagro, seguindo o exemplo do Bolsa Família.
Adicionalmente, foram discutidas medidas como a revisão da previdência dos militares e o corte de supersalários, devido ao significativo desequilíbrio fiscal nessas áreas.
A situação fiscal do Brasil é grave, como evidenciado pelas críticas das agências de rating, que geralmente demoram a reagir. A Fitch Ratings, por exemplo, apontou uma deterioração contínua do cenário fiscal desde julho do ano passado, mesmo após uma melhoria na avaliação de crédito do país. Esse contexto é ainda mais desafiador devido a outras prioridades do governo, como a urgência em aprovar a regulamentação da reforma tributária na primeira semana de julho, uma tarefa ambiciosa considerando os inúmeros fatores em jogo.
Outro aspecto crucial é o Plano Safra 2024/2025, que promete ser recorde, com um foco no aumento dos recursos destinados ao crédito rural.
A apresentação do valor do plano a Lula está marcada para a próxima semana, com expectativa de anúncio entre os dias 25 e 26, podendo chegar a cerca de R$ 570 bilhões. Dada a importância deste setor para a economia, a evolução desse plano é vital e merece atenção especial.
· 02:35 — Bruxaria
Nos Estados Unidos, os principais índices de mercado corrigiram na quinta-feira após o feriado, depois de terem alcançado vários recordes consecutivos nos últimos dias, com exceção do Dow Jones Industrial Average, que conseguiu manter-se positivo. Esse desempenho ocorreu enquanto os investidores assimilavam uma série de dados econômicos.
No Reino Unido, o Banco da Inglaterra manteve as taxas de juros inalteradas, aparentemente seguindo o exemplo do Federal Reserve.
De volta ao cenário americano, os pedidos semanais de auxílio-desemprego diminuíram em relação ao máximo das últimas 10 semanas, mas ainda foram ligeiramente superiores ao esperado.
Além disso, a construção de novas moradias caiu 5,5% em maio, sinais positivos para uma possível redução de juros.
No final do dia, o vencimento das opções nos Estados Unidos – conhecido como “bruxaria tripla” – pode proporcionar oportunidades para investidores que buscam volatilidade.
· 03:28 — Fuga de capitais
Não é apenas o Brasil que enfrenta a fuga de capitais; o Reino Unido também está vivenciando um êxodo recorde de milionários neste ano.
A turbulência política e a perspectiva de impostos mais altos sob um futuro governo trabalhista estão diminuindo o apelo do Reino Unido, que outrora foi um dos principais destinos para os ricos.
Estima-se que cerca de 9.500 pessoas com pelo menos 1 milhão de dólares em ativos líquidos e investíveis deixarão o país, mais que o dobro do número que saiu em 2023, de acordo com um relatório provisório da Henley & Partners.
Esses números refletem uma acumulação constante de fatores que prejudicam a atratividade do Reino Unido para indivíduos de alto patrimônio.
A ressaca do Brexit continua a ser sentida, com a cidade de Londres já não sendo vista como o centro financeiro do mundo.
O êxodo contínuo do Reino Unido – 16.500 milionários partiram entre 2017 e 2023 – faz parte de uma migração global em massa dos ricos que parece estar se acelerando.
O relatório Henley Private Wealth Migration descobriu que 128 mil milionários deverão mudar-se este ano, batendo o recorde do ano passado em 8 mil.
· 04:11 — O futuro indiano
Em 2030, a Índia será a terceira maior economia do mundo, mesmo segundo as estimativas mais conservadoras. Este avanço é resultado de uma série de reformas implementadas ao longo dos últimos 10 anos.
Embora esta não seja a primeira vez que a Índia apresenta uma taxa de crescimento superior a 7%, a grande diferença é que, antes de 2019, esse crescimento não se refletia na confiança das empresas nem dos consumidores. Agora, o otimismo parece ser compartilhado por ambos.
No entanto, o que mais tem deixado o mercado otimista não é o que já foi realizado, mas o que o governo planeja fazer nos próximos cinco anos. Durante seu primeiro mandato, o atual governo não conseguiu avançar com firmeza nas reformas fundiárias e trabalhistas. Se essas reformas forem concretizadas agora, a Índia poderá passar por uma transformação significativa. O desafio é que Modi não obteve a maioria necessária para promover essas mudanças mais ousadas. Resta ver se o sucesso será mantido.
· 05:05 — Teses de defesa continuam ganhando relevância
Neste espaço, tenho constantemente abordado a entrada do mundo em uma nova era geopolítica marcada pela formação de alianças entre nações, configurando um cenário complexo e desafiador para a diplomacia nas próximas décadas.
Observadores têm descrito esta fase como uma espécie de Nova Guerra Fria, evidenciada pelo aumento significativo nos investimentos em defesa e armamentos.
Embora tais investimentos não resolvam os conflitos, eles parecem indispensáveis nesta nova fase de tensões geopolíticas.
Paralelamente, o Ocidente enfrenta desafios como a diminuição do recrutamento militar e o crescimento das taxas de juros e das dívidas nacionais, exigindo ajustes consideráveis para adaptar-se a este novo ambiente global.
Na Europa e no Canadá, por exemplo…