Mercado em 5 minutos

Corte de juros pelo Banco Central Europeu gera expectativas; veja os detalhes

Espera-se que a autarquia corte a taxa básica do continente europeu em 0,25%, após vários trimestres de desaceleração da atividade e da inflação.

Por Larissa Quaresma, CFA

06 jun 2024, 08:57 - atualizado em 06 jun 2024, 08:57

zona do euro
Imagem: Shutterstock

Bom dia, pessoal. O S&P 500 e o Nasdaq renovaram suas máximas históricas ontem, após novos dados confirmarem o esfriamento da economia americana. A criação de vagas de emprego ficou bem abaixo do esperado em maio, engatilhando mais um fechamento da curva de juros. O Nasdaq futuro engata mais uma alta de 0,1% hoje, por volta das 8:00h.

Mesmo assim, o Ibovespa não reage.

As bolsas europeias abriram em alta hoje, na expectativa do início de corte de juros pelo Banco Central Europeu (BCE), o grande evento do dia. Caso o BCE faça o esperado corte de 0,25% na taxa básica do Velho Continente, isso poderia dar força ao dólar, abrindo mais o  caminho para que o Federal Reserve (Fed) promova o tão sonhado corte ainda este ano. A ver…

À exceção da China, as bolsas asiáticas fecharam o pregão desta quinta-feira majoritariamente em alta. O Nikkei, de Tóquio, subiu 0,6% em moeda local, enquanto o CSI 300, de Shangai, teve uma moderada queda de 0,1%.

0:25 – Quanto pior, melhor

O setor privado dos EUA criou 152 mil vagas de emprego em maio, 13% abaixo do esperado, com desaceleração sequencial. Esse é mais um indicador que confirma o freio na economia americana, após o mercado de trabalho já ter decepcionado em abril e a atividade industrial ter se contraído em maio, pelo 2o mês consecutivo.

Os serviços, única parte da economia ainda em expansão, cresceram seus empregos em ritmo menor que o esperado no mês passado. Isso sugere mais um arrefecimento da inflação de serviços intensivos em mão de obra, a tal “última milha” que resistia a cair no 1o trimestre.

A nova rodada de dados fracos sugere que o Fed deveria estar mais preocupado com o desemprego, para além da inflação. Isso vem reacendendo a esperança de corte de juros ainda neste ano. A curva de juros passou a precificar 60% de probabilidade de a autoridade iniciar seu relaxamento monetário em setembro, ótima notícia para os ativos de risco. 

Não à toa, os principais índices acionários americanos renovaram suas máximas ontem, embalados pelas techs, particularmente sensíveis aos juros. Fato curioso, a NVIDIA subiu mais 5%, ultrapassando o valor de mercado da Apple e se tornando a 2a empresa mais valiosa do mundo.

1:49 – Uma ajudinha vai bem

Logo às 9:15h, o BCE divulga sua decisão de juros. Espera-se que a autarquia corte a taxa básica do continente europeu em 0,25%, após vários trimestres de desaceleração da atividade e da inflação. O Euro Stoxx 50, principal índice acionário do continente, subia 0,7% por volta das 8:00h de hoje.

O início dos cortes na região facilita a vida do Fed. Juros mais baixos na Europa significam um euro mais depreciado frente ao dólar, ou um dólar mais forte. Isso, por sua vez, pode ser uma força baixista para a inflação na terra do Tio Sam, facilitando o trabalho do Fed no combate à alta de preços e aumentando mais uma vez a chance de corte neste ano.

O primeiro é sempre o mais difícil. O início dos cortes pelo BCE simbolizaria a primeira região desenvolvida ocidental a fazê-lo. Quebrar o teto de vidro “goes a long way”.

3:05 – O Ouro Negro voltou

Após um início de junho horroroso, em que o Brent acumulou 5% de queda em apenas dois pregões, o Ouro Negro faz a sua recuperação técnica. A commodity subiu 1% ontem e engata mais uma alta de 0,3% no início de hoje.

A decisão da OPEP+ no final de semana, de prorrogar cortes de produção por menos tempo que o esperado, havia feito pressão sobre o barril. Agora, o Brent abaixo de US$ 80 começa a atrair compradores.

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3:36 – De-coupling até quando?

Parece notícia velha que o Ibovespa fez nova mínima do ano, mas esse foi novamente o caso no pregão de ontem, quando o Ibovespa atingiu 121 mil pontos (-0,3%). Nem a alta do petróleo foi capaz de animar o índice, já que a Petrobras subiu apenas 0,1%, enquanto a Vale acompanhou a queda do minério de ferro, com -1,4%.

A maioria das commodities está no vermelho neste começo de mês. Enquanto isso é má notícia para o Ibovespa, carregado de empresas de materiais básicos, é boa notícia para a inflação. Isso, por sua vez, deveria trazer um alívio para os juros futuros, beneficiando as ações sensíveis às taxas.

Mas esse também não tem sido o caso. Mesmo com o fechamento da curva de juros americana, o Bovespa Small Caps, mais concentrado em empresas da economia doméstica, acumula queda de 2% em junho. Nossa curva de juros reais continua descolada da americana, embutindo prêmio de risco  e mantendo as ações sensíveis aos juros sob pressão.

Mas o de-coupling acontecerá até quando? As bolsas americanas já vêm de um maio forte e ampliam os ganhos em junho. Para que as nossas ações permaneçam descoladas desse movimento, algo de muito ruim precisa estar acontecendo no país. Será que é mesmo o caso?

4:36 – O melhor dos dois mundos

Nesse momento de maior turbulência doméstica, a penalização sobre as ações tem sido generalizada, com pouca diferenciação entre os fundamentos das empresas. Isso abre oportunidade em companhias de excelente qualidade, agora na promoção.

É o caso do…

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.