Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados de ações asiáticos fecharam em alta nesta sexta-feira (19), acompanhando as movimentações amplamente positivas dos mercados globais durante o pregão de ontem em meio ao otimismo de os legisladores americanos terem chegado a um acordo sobre o aumento do teto da dívida dos EUA para evitar um calote — após uma reunião no início da semana, o presidente Joe Biden e o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, expressaram otimismo. No entanto, as preocupações com a inflação e as perspectivas para as taxas de juros ainda pesam sobre o sentimento.
Os mercados europeus e os futuros americanos estão em alta nesta manhã, apesar da confusão com a revisão dos dados de preços ao produtor na Alemanha, que apresentou a menor alta anual em dois anos, e da ansiedade por algumas falas de autoridades monetárias. Sobre o segundo tema, o discurso que será feito hoje da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, chama a atenção, embora seja improvável que os mercados se preocupem muito com suas declarações. Nos EUA, por sua vez, o representante do Fed em NY, John Williams, tem mais peso quando fala ao mercado.
A ver…
· 00:50 — Projeções de crescimento na puberdade: estão crescendo
Por aqui, o grande evento do dia é o High-Level Seminar on Central Banking, uma proxy do Simpósio de Jackson Hole, dos EUA, no Brasil. Debates de elevadíssimo nível serão travados, a começar com a própria abertura do evento, a ser conduzida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Fora o evento, contamos com alguns dados, com destaque para o IBC-Br, do Banco Central, considerado uma prévia do PIB brasileira, publicado pelo IBGE. As expectativas são de crescimento de 0,30% na comparação mensal e 3,90% na anual, acima do dado de fevereiro (2,76%).
Essa aceleração é positiva e não passa despercebida pelos investidores (se confirmado, o crescimento vai levar o IBC-Br a uma expansão de 2,28% no primeiro trimestre). Como consequência, vemos que as projeções para o PIB do ano começam a melhorar. Se antes alguns esperavam crescimento menor que 1% em 2023, agora já começamos a observar altas da ordem de 1,9% no ano. Sim, a maioria das estimativas ainda apontam para algo entre 1% e 1,5%. Contudo, não me surpreenderia se ultrapassarmos essa faixa, principalmente se o setor de serviços mantiver o ritmo.
· 01:33 — Pesos pesados estão falando
Nos EUA, as ações foram afetadas pela fala de alguns membros do Federal Reserve. A mensagem geral foi agressiva, fazendo com que os yields (rendimentos) dos títulos subissem novamente. A autoridade monetária ainda está muito dependente de dados e os números até a próxima reunião serão decisivos para sabermos os próximos passos do Fed; afinal, embora tenha ocorrido algum progresso na inflação, ainda há um longo caminho a percorrer. Alguns membros, inclusive, cogitam subir mais uma vez em junho.
Ao todo, os comentários hawkish elevaram as expectativas de um aumento de um quarto de ponto nas taxas em junho. Os preços do mercado futuro agora implicam uma chance de aproximadamente 40% de alta na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), acima dos 10% de uma semana atrás. Ao mesmo tempo, o mercado continua a precificar vários cortes de juros na segunda metade do ano, uma visão que está em desacordo com os planos do Fed.
Um debate entre Jerome Powell (presidente atual do Fed) e Ben Bernanke (ex-presidente), programado para acontecer hoje no evento do Federal Reserve, será útil para fornecer orientações sobre as expectativas da política monetária. Este debate entre os líderes do Fed ajudará a esclarecer a direção futura da política monetária e como ela pode ser afetada pelos desenvolvimentos recentes da economia. Ao mesmo tempo, é improvável que Bernanke faça algo tão grosseiro quanto criticar seu sucessor.
· 02:42 — Um possível acordo
Ainda em solo americano, o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, disse que espera que a Câmara considere um acordo sobre o aumento do limite da dívida federal na próxima semana, oferecendo a sua visão mais otimista até agora sobre as negociações para evitar um calote. Os democratas devem fazer algumas concessões de gastos
E o que as negociações em andamento para as pequenas e médias empresas?
Bem, há um número significativo de pequenas e médias empresas que ainda estão esperando o “crédito de retenção de funcionários” (um crédito fiscal introduzido para incentivar os empregadores a reter seus funcionários durante tempos econômicos difíceis). Isso tem sido uma salvação real para pequenas e médias empresas. Contudo, se o governo não tiver dinheiro para fazer esses pagamentos, isso significa que as empresas não poderão contratar ou até mesmo manter as portas abertas.
E se um calote acontece paralelamente à crise entre os bancos regionais?
É um golpe duplo, sem dúvida. Aliás, já estamos testemunhando uma redução no acesso ao crédito para pequenas e médias empresas, tornando cada vez mais difícil para elas obterem empréstimos. Além disso, uma alternativa para essas empresas obterem fundos é através de suas restituições de impostos ou do crédito de retenção de funcionários. Portanto, se as restituições de impostos não estão sendo recebidas e não for possível recorrer a empréstimos bancários, isso resulta em um golpe duplo para o setor empresarial. A situação se torna ainda mais desafiadora para os EUA.
O calote precisa ser evitado a qualquer custo.
· 03:49 — O G7
O índice Nikkei 225 do Japão ultrapassou seus pares pela quinta sessão consecutiva, subindo 1% para seu nível mais alto desde a “era da bolha” de 1990. O rali foi impulsionado por uma combinação de fortes ganhos corporativos, resiliência na economia japonesa e apostas de que o Banco do Japão manterá sua política monetária bem flexível. Os dados mais recentes, inclusive, mostraram que a inflação ao consumidor japonesa aumentou em abril, voltando para o patamar mais alto em 40 anos e potencialmente anunciando mais pressão sobre a economia japonesa.
Ainda no Japão, os líderes das sete nações mais industrializadas do mundo se reunirão de 19 a 21 de maio para sua cúpula anual em Hiroshima, Japão. A localização deste ano é particularmente significativa em um momento de intensificação da competição entre as grandes potências (falamos da cidade japonesa na qual os EUA lançaram sua primeira bomba atômica). Hoje, os rivais do G7 são a Rússia e a China. De fato, a invasão da Ucrânia pela Rússia e uma China cada vez mais assertiva estão testando a ordem pós-Guerra Fria liderada pelos EUA. Algo para acompanharmos de perto.
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· 04:38 — A alternativa ao G7
Os líderes da China e da Rússia compartilham uma visão de uma ordem mundial que o Ocidente não consegue mais controlar devidamente o mundo, o que os aproximou nos últimos anos. Contudo, ainda existem áreas onde os dois governos competem entre si por influência. As Repúblicas da Ásia Central são um exemplo óbvio. Enquanto temos o G7 no Japão, a cidade de Xian, na China, sediará a primeira cúpula presencial entre os líderes do Cazaquistão, Uzbequistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Quirguistão.
Estas são todas ex-repúblicas soviéticas, mas também são grandes receptoras de investimentos chineses, sendo que Pequim quer aprofundar as relações para impulsionar sua Nova Rota da Seda, um projeto de investimento global que constrói infraestrutura no mundo em desenvolvimento e amplia a capacidade econômica e influência política da China.
Nenhum desses países da Ásia Central quer ser excessivamente dependente dos laços comerciais com a Rússia, particularmente com os custos da guerra na Ucrânia e as sanções ocidentais pesando sobre o futuro econômico russo. Estaremos atentos não apenas aos anúncios de novos acordos de investimento, mas também a quaisquer declarações conjuntas sobre apoio militar mútuo.