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Digestão dos resultados de Meta (M1TA34) e Vale (VALE3), expectativa pelo PIB dos EUA e mais: veja os destaques desta quinta (27)

Meta, dona do Facebook, reportou bons números no 1T23. Por outro lado, a mineradora Vale (VALE3) divulgou números mornos no trimestre. Confira os principais assuntos do dia

Por Matheus Spiess

27 abr 2023, 09:08 - atualizado em 27 abr 2023, 09:08

Agenda de resultados do 4T22 meta vale mercado

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos operaram boa parte da quinta-feira (27) em queda, acompanhando os sinais mistos de Wall Street durante a noite, mas conseguiram reverter a situação, ainda que timidamente, na reta final do dia. O temor seria com a saúde do setor financeiro dos EUA, que poderia eventualmente acabar provocando uma recessão de proporções bem negativas — a perspectiva de aumento das taxas de juros por lá também estava prejudicando o ânimo.  

Diversas reuniões de autoridades monetárias se aproximam, com destaque especial para o Banco do Japão (BoJ), o Federal Reserve (Fed) dos EUA, o BC do Brasil, o Banco da Inglaterra do Reino Unido e o Banco Central Europeu da Zona do Euro, o que provoca ansiedade. Os mercados europeus e os futuros americanos sobem nesta manhã, no aguardo do PIB americano e digerindo o bom resultado de Meta. Nem a frustração com o sentimento empresarial europeu parece atrapalhar o dia. 

A ver… 

· 00:45 — Depois da prévia da inflação e do resultado da Vale 

No Brasil, ficamos com a digestão do resultado de Vale, que não foi lá grande coisa — as ações caíram no after hours de ontem em NY e voltam a cair no pre-market desta manhã. O lucro da companhia foi de US$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre, abaixo da mediana das estimativas, que esperavam algo como US$ 2,0 bilhões no período, enquanto a receita e o Ebitda ficaram em linha. O desempenho da Vale deve pesar sobre o Ibovespa no pregão de hoje, muito por conta de sua participação no índice. 

Além da temporada de resultados, contamos com alguns dados interessantes, como o volume de serviços, a entrega do patamar de emprego pelo Caged e o resultado primário do governo. Adicionalmente, será interessante ver a participação de Roberto Campos Neto mais uma vez no Senado hoje, junto da companhia de Fernando Haddad e Simone Tebet, principalmente depois do IPCA-15 de abril ter vindo abaixo do esperado, em 4,16% na comparação anual. O debate deverá ser importante. 

Afinal, ainda que a inflação esteja desacelerando, sabemos que ela só o fará até junho, provavelmente, muito por conta do efeito base contra a segunda metade de 2022, devendo acelerar novamente no segundo semestre. Como se isso não bastasse, a média dos núcleos permanece alta, em 7,40% na base anual. Isso é estruturalmente preocupante e comprova que o BC ainda tem trabalho a ser feito. Por isso, mantenho minha interpretação que o corte só virá na reunião do Copom de agosto. 

· 01:59 — Social media comeback 

Nos EUA, as ações das Big Techs subiram após relatórios trimestrais positivos — a Microsoft foi a maior vencedora do dia, subindo 7,2% no pregão. Agora, quem chama a atenção e deverá ser o nome desta quinta-feira é Meta, que subiu cerca de 1% ontem e saltou mais de 10% depois do mercado com um resultado acima do esperado.  

A dona do Facebook e de outras redes sociais, que tanto sofreu no ano passado, surpreendeu os investidores com um lucro por ação de US$ 2,20, acima da expectativa. Os usuários ativos diários do Facebook subiram 4%, para 2,04 bilhões, enquanto as pessoas ativas mensais avançaram 2%, para 2,99 bilhões. Dessa forma, a companhia deu guidance de receita para 2023 de US$ 86 bilhões a US$ 90 bilhões. 

Como não poderia deixar de ser, o desempenho da gigante será importante para os investidores americanos no pregão de hoje. Estamos no auge da temporada de resultados do primeiro trimestre e há muitos fundamentos nos quais focar. Na agenda, contamos hoje com os números de Amazon, Bristol Myers Squibb, Hershey, Intel, Mastercard,Mondelez International, S&P Global e T-Mobile. 

· 02:58 — E o PIB? 

Ainda em solo americano, teremos a estimativa preliminar do produto interno bruto do primeiro trimestre dos EUA. O consenso é que o PIB tenha crescido a uma taxa anual ajustada sazonalmente de 1,8%, após um aumento de 2,6% no quarto trimestre e de 2,1% em todo o ano de 2022. Claro, muito provavelmente esse número será revisado em outras janelas de apresentação do PIB, mas ainda assim é um dado relevante. 

Podemos dizer que a economia americana desacelerou no primeiro trimestre. Os dois anos de crescimento negativo do salário real, transferindo renda dos consumidores para as empresas, a redução da poupança e o aumento da dívida do cartão de crédito estão limitando o desenvolvimento. Com o processo de aperto monetário de hoje, uma recessão, mesmo que breve, dificilmente será evitada. 

· 03:37 — O teto da dívida 

Um dos grandes temas deste trimestre é o teto da dívida dos EUA. O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, apresentou um projeto de lei que aumentaria o teto da dívida de US$ 31,4 trilhões em US$ 1,5 trilhões, além de limitar os gastos federais, o que seria suficiente para evitar um calote até pelo menos 31 de março de 2024. A lei foi aprovada por McCarthy, que conseguiu votos suficientes de seus colegas do Partido Republicano ontem. O problema é o próximo capítulo. 

Em tese, o projeto de 320 páginas aumenta o teto da dívida enquanto propõe cortes severos nos gastos — estima-se que corte os déficits orçamentários em US$ 4,5 trilhões nos próximos 10 anos, trazendo os gastos de volta aos níveis de 2022 e limitando o crescimento futuro dos gastos em 1% ao ano na próxima década. Contudo, entende-se que ele seja apenas um primeiro passo para negociar com mais margem com o presidente Biden, que não vai permitir que o texto fique dessa forma no Senado.  

· 04:27 — O debate sobre carros elétricos 

O debate sobre carros elétricos está ganhando tração novamente no exterior. Para ilustrar, visando lidar com as mudanças climáticas, o governo americano propôs recentemente novas regras para transformar a indústria automobilística em uma muito mais focada em veículos elétricos. A ideia é promover as maiores mudanças no setor desde que Henry Ford e seu Modelo T, almejando que 67% de todos os carros novos de passageiros vendidos nos EUA sejam elétricos até 2032. 

As principais montadoras já começaram a investir muito dinheiro na produção de veículos elétricos, mas disseram que as vendas exigirão fatores além de seu controle, como melhor infraestrutura de carregamento do país e cadeias de suprimentos de baterias — hoje, estudos indicam que 47% dos americanos disseram que provavelmente não escolheriam um EV para seu próximo carro. Mais iniciativas devem ser observadas em outras regiões do mundo, como Europa e China. 

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.