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Mercado em 5 minutos

E as ações de crescimento finalmente… cresceram; confira os principais destaques do Brasil e do mundo desta quinta (11)

Mais uma atraso no texto do arcabouço fiscal; inflação baixa na China é má notícia, em contraste com inflação de dois dígitos no Reino Unido

Por Matheus Spiess

11 maio 2023, 08:58 - atualizado em 11 maio 2023, 08:59

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Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados da Ásia e do Pacífico fecharam sem uma única direção depois que Wall Street registrou uma recuperação das ações de tecnologia. O movimento foi reflexo do índice de preços ao consumidor dos EUA, que subiu menos do que o esperado em abril — a alta na comparação anual foi de 4,9%. Adicionalmente, os investidores também digeriam a inflação na China em abril, que veio mais lenta do que o esperado em 0,1%, em comparação ao percentual de 0,4% previsto pelo mercado. 

Os mercados europeus e os futuros americanos estão subindo nesta manhã, apesar da permanência da incerteza sobre a batalha para aumentar o teto da dívida dos EUA — o governo tenta evitar um calote desestabilizador, com democratas e republicanos incapazes de chegar a um acordo apenas algumas semanas antes de o país ficar sem dinheiro para pagar suas contas. No Brasil, temos nos distanciado no humor gringo, passando a absorver nossa própria dinâmica, predominantemente positiva até aqui. 

A ver… 

· 00:48 — Mais um atraso 

Nota-se um avanço nas negociações envolvendo o arcabouço fiscal. Até havia expectativa de que o relator do projeto, o deputado Cláudio Cajado (PP), pudesse apresentar o texto com a nova regra hoje. Contudo, ao que tudo indica, a formalização deve ficar para a semana que vem. Dessa forma, enquanto esperamos pelos resultados da Petrobras (hoje de noite), podemos bisbilhotar o que Brasília tem a nos dizer, tanto sobre as boas ponderações de Galípolo como o endurecimento da regra fiscal. 

Parece que parlamentares estão pedindo mais gatilhos para cortar despesas em caso de descumprimento da meta fiscal. Ora, o desejo por sanções mais duras é positivo. Alguns exemplos incluem: proibição de dar aumento acima da inflação aos servidores, abrir novos concursos públicos e oferecer benefícios fiscais, e bloqueio de despesas se for necessário para atingir a meta. Ainda que não haja criminalização pelo descumprimento da meta, as movimentações soam positivamente. 

· 01:32 — Alívio Inflacionário 

Nos EUA tivemos um bom dia para as ações de crescimento, depois que os dados mostraram uma desaceleração contínua no ritmo da inflação em abril — o índice geral de preços ao consumidor subiu 0,4% em abril e 4,9% em relação ao ano anterior, ambos abaixo do registrado em março (foi o décimo mês consecutivo de inflação mais lenta, desde o pico acima de 9% no verão passado). Excluindo os componentes de energia e alimentos, o núcleo do índice subiu 0,4% em abril e 5,5% em relação ao ano anterior.  

Isso aumenta as chances de o Federal Reserve acabar com os aumentos das taxas de juros. No geral, cada vez mais os preços sobem cada vez menos, aumentando as chances de um “soft landing” acontecer (pouso suave). Da perspectiva de um Fed dependente de dados, esse é o tipo de impressão que apóia o argumento de uma pausa na reunião de política monetária de junho do banco central. Hoje teremos o índice de preços ao produtor de abril, que pode reforçar essa ideia. A previsão é de alta de 2,4% em relação ao ano anterior, enquanto o núcleo do PPI deve subir 3,3%.  

· 02:30 — Aperto inglês 

No Reino Unido, temos reunião de política monetária do Banco da Inglaterra (BoE), subiu nesta manhã a taxa de juros em 25 pontos-base para 4,50% ao ano, em linha com o movimento do Federal Reserve (EUA) e BCE (Zona do Euro). A dúvida fica para a sinalização sobre os próximos passos. Por enquanto, os investidores estão divididos sobre a movimentação da autoridade monetária, com agentes esperando o fim do ciclo por aqui, enquanto outros interpretam como mais plausível outros aumentos no futuro. 

O índice de preços do Reino Unido subiu 10,1% na comparação anual em março, tornando-o o único país da Europa Ocidental com uma taxa de inflação de dois dígitos.  

Isso coloca a autoridade monetária britânica em uma situação única que poderá servir de exemplo para outras regiões, uma vez que os ingleses foram os primeiros das grandes economias a começar a subir juros lá atrás. Não é trivial a decisão a ser tomada, até mesmo porque a recessão está chegando. 

· 03:19 — Druckenmiller está pessimista 

Na Conferência de Investimento Sohn, o gestor Stan Druckenmiller, o sucessor espiritual de George Soros, viu potencial para uma recessão semelhante à de 2008 ou pior. Um Hard Landing provavelmente inclui um declínio de mais de 20% nos lucros corporativos, desemprego acima de 5% e aumento de falências. 

Embora não esteja prevendo uma, o gestor indicou ser ingênuo não ter a mente aberta para algo muito ruim. Ou seja, mesmo não sendo sua previsão base, o investidor não deve deixar o cenário de fora de sua gestão de risco, uma vez que faz parte da matriz de possibilidades, ainda que tenha probabilidade associada baixa. 

· 04:01 — Na China, inflação baixa é má notícia  

Enquanto o iene japonês se fortaleceu ligeiramente em relação ao dólar depois que o índice de preços ao consumidor dos EUA mostrou uma inflação mais baixa do que o esperado, o mesmo não pôde ser dito do yuan chinês. A moeda da China enfraqueceu diante do dólar americano com a inflação chinesa subindo 0,1% em abril em relação ao ano anterior, o mais lento desde o início de 2021 (esperava-se que os preços ao consumidor subissem 0,4%) — na comparação mensal, os preços caíram 0,1%. 

A fraqueza da inflação chinesa indica uma fragilidade econômica no país, que poderá reverberar negativamente para o mundo, em especial para os preços das commodities. Sem a China como suporte, a desaceleração da atividade global pode ser ainda mais prejudicial sobre os mercados emergentes, como o Brasil, que muitas vezes dependem de bons patamares de preços das commodities para sustentar o próprio crescimento. 

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.