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Ibovespa: PIB da China abaixo do esperado pode impactar índice negativamente nesta segunda (17); veja os destaques do dia

Dados econômicos da China alimentam impaciência dos investidores com relação à falta de estímulo fiscal do governo; commodities são impactadas

Por Matheus Spiess

17 jul 2023, 08:42 - atualizado em 17 jul 2023, 08:42

China PIB mercado
fonte: Unsplash

Bom dia, pessoal. Os mercados asiáticos abriram em queda nesta segunda-feira (17), em resposta aos fracos dados econômicos da China. Embora os números não tenham sido tão ruins quanto o temido, eles ainda alimentaram a impaciência dos investidores devido à falta de um grande estímulo fiscal por parte do governo chinês. O banco central da China também manteve inalterado seu mecanismo de empréstimo de médio prazo, apesar do crescimento do PIB abaixo do esperado. Esses fatores afetaram negativamente o desempenho das commodities.

Na Europa e nos Estados Unidos, os mercados também refletem o sentimento negativo observado na Ásia. Há incerteza em relação à política monetária nos EUA e ansiedade em relação aos resultados corporativos do segundo trimestre, que continuam sendo divulgados. Além disso, os preparativos para a cúpula do G20, que ocorrerá na Índia, chamam a atenção da comunidade internacional em termos geopolíticos.

A ver…

· 00:42 — A atividade brasileira está fragilizada

Por aqui, podemos observar um possível impacto negativo decorrente do PIB da China, que veio abaixo das expectativas e afetou os preços internacionais das commodities. Existe a expectativa de que mais indicadores fracos na China levem o governo a adotar medidas de estímulo econômico. Apesar da possibilidade de estímulos no longo prazo, o impacto de curto prazo é negativo e estamos suscetíveis a essa influência. Durante esta semana, é importante destacar o relatório de produção e vendas da Vale, que será divulgado na terça-feira, e o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) referente a maio, que será divulgado hoje pela manhã e pode ter influência nas decisões de corte de juros.

Na semana passada, as vendas no varejo evidenciaram a fragilidade da economia brasileira, registrando uma queda de 1,1% na comparação mensal para o consumo ampliado (-1% no conceito restrito). Embora estejam alinhadas com o desempenho do setor no PIB do primeiro trimestre, esses números representam o pior mês em cinco anos para o varejo. Agora, resta aguardar se o IBC-Br também irá decepcionar ou se trará algum otimismo, como ocorreu com os dados do setor de serviços e da produção industrial. Caso os indicadores sejam fracos, poderia haver uma maior probabilidade de corte na taxa Selic.

· 01:33 — Samba em Bruxelas

O presidente Lula encontra-se em Bruxelas para participar da cúpula que reúne países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE). Durante o evento, além de ressaltar o papel do Brasil na questão climática, o presidente irá expor sua posição em relação ao acordo entre o Mercosul e a UE. Nesse sentido, o governo brasileiro preparou uma resposta abordando ajustes no acordo, com destaque para uma revisão do capítulo que trata das compras governamentais. É esperado que ocorram mais negociações nas próximas semanas.

A contraproposta brasileira é uma resposta ao adendo proposto pela UE, que demanda novos compromissos na área ambiental por parte do bloco sul-americano e prevê possíveis sanções comerciais em caso de descumprimento. Atualmente, o acordo contempla igualdade de tratamento entre empresas nacionais e europeias em licitações do governo federal, aspecto que tem sido objeto de críticas por parte do governo brasileiro. Embora não seja um tema formal da cúpula desta semana, é esperado que Lula discuta o assunto durante suas conversas com outros líderes presentes.

· 02:29 — Mais resultados corporativos

No mercado dos Estados Unidos, os investidores receberam uma série de notícias positivas na sexta-feira. O início da temporada de resultados do segundo trimestre trouxe resultados melhores do que o esperado para JPMorgan Chase, Wells Fargo e Citigroup. Além disso, o sentimento do consumidor, medido pela Universidade de Michigan, atingiu seu nível mais alto desde setembro de 2021, registrando a maior melhora em um mês desde 2006.

Paralelamente, os investidores estão se sentindo mais otimistas em relação à inflação, com o mercado precificando agora apenas mais um aumento de juros ao longo deste ano. Os futuros do mercado indicam uma probabilidade de mais de 60% de que a taxa de fundos do Federal Reserve termine o ano entre 5,25% e 5,50%, o que representa um aumento de apenas 25 pontos-base em relação ao nível atual. É praticamente certo que esse último aumento ocorrerá na reunião do Fed em julho.

A temporada de resultados do segundo trimestre continua nesta semana, com cerca de 60 empresas do índice S&P 500 apresentando seus relatórios. Entre os destaques, estão empresas como Tesla, Morgan Stanley, Goldman Sachs, United Airlines, Netflix, IBM, Taiwan Semiconductor Manufacturing, Johnson & Johnson, American Airlines e American Express. Os investidores estarão atentos a esses resultados para avaliar o desempenho das empresas e suas perspectivas futuras.

· 03:16 — Um crescimento fraco

O crescimento do PIB da China no segundo trimestre apresentou um desempenho misto, como era esperado. Houve uma desaceleração em relação ao primeiro trimestre, porém, o resultado ficou um pouco aquém das expectativas em comparação com o mesmo período do ano passado. O PIB chinês registrou um crescimento anualizado de 6,3% no trimestre encerrado em junho, enquanto as projeções apontavam para um crescimento de 6,9%.

Esses números mais fracos ofuscaram a boa notícia relacionada à produção industrial. Uma China com um desempenho mais fraco pode ter impactos no crescimento econômico global. Como a demanda doméstica chinesa tem se concentrado principalmente no setor de serviços, as flutuações nessa demanda têm limitado seu impacto nas outras economias. Os números sugerem que o boom econômico pós-pandemia na China está claramente terminando. Agora, resta saber se o governo chinês adotará medidas de estímulo para impulsionar a economia ou se enfrentaremos uma maior frustração em relação a 2023.

· 04:09 — Crise no Mar Negro

Crescem as preocupações de que a Rússia possa se recusar a estender sua participação na Iniciativa de Grãos do Mar Negro, uma vez que o acordo expira nesta segunda-feira. Autoridades russas já deram sinais nesse sentido. Esse acordo tem sido fundamental para permitir o fluxo de grãos do porto ucraniano de Odessa desde julho passado, aliviando a crise global de alimentos causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia. No entanto, a Rússia apresenta duas exigências para estender o acordo: a reabertura do oleoduto de amônia, um componente-chave na produção de fertilizantes, e a reconexão do Banco de Agricultura da Rússia à rede global de pagamentos, SWIFT. Infelizmente, é improvável que as demandas sejam atendidas dentro do prazo.

Mas qual seria o impacto caso o acordo não seja renovado? Em resumo, os grãos se tornariam mais caros, levando a um aumento da inflação nos preços dos alimentos e agravando ainda mais a crise da fome global. Vale destacar que o acordo já foi prorrogado três vezes, e a Rússia ameaçou sair duas vezes anteriormente, assim como está fazendo agora mais uma vez. Além disso, o presidente Putin está ciente de que, se o acordo fracassar, os preços mais altos dos grãos prejudicarão alguns dos principais parceiros comerciais de Moscou no sul global. A China, por exemplo, é o maior importador mundial de trigo e já solicitou a extensão do acordo de grãos.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.