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Mercado em 5 minutos

Ibovespa se prepara para possível corte da Selic e Petrobras anuncia nova política de dividendos; confira

A reunião do Copom desta semana para decidir a taxa de juros será a primeira de Gabriel Galípolo no colegiado e é esperado um corte de 25 ou 50 pontos-base na Selic.

Por Matheus Spiess

31 jul 2023, 08:46 - atualizado em 31 jul 2023, 08:46

Imagem representando o COPOM, mostrando uma sala de reunião executiva. mercado

Bom dia, pessoal. No cenário internacional, os mercados de ações asiáticos encerraram em alta nesta segunda-feira (31), seguindo a tendência amplamente positiva dos mercados globais na sexta-feira (28). Os investidores reagiram aos dados que mostraram um crescimento econômico dos EUA no segundo trimestre maior do que o esperado, o que contribuiu para reduzir os receios de uma recessão iminente. Além disso, os dados de inflação aliviaram as preocupações sobre as perspectivas para as taxas de juros, aumentando as expectativas de que o Federal Reserve encerrará em breve o ciclo de aperto monetário.

Na Europa, as ações estão sem uma única direção nesta manhã, mas o tom geral é positivo, impulsionado pela esperança de que Pequim adote mais estímulos para a economia chinesa que tem se mostrado lenta. Os futuros dos EUA também estão oscilando entre altas e baixas, pelo menos por enquanto. A semana é marcada pela relevância da temporada de resultados, que inclui as empresas Apple e Amazon, além dos dados de payroll (mercado de trabalho dos EUA) que serão divulgados na sexta-feira. Enquanto isso, aqui no Brasil, o foco está na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que ocorrerá na quarta-feira.

A ver…

00:46 — Finalmente, o ciclo de corte de juros vai começar

No Brasil, os investidores estão focados na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que se iniciará amanhã, na terça-feira, e terá sua conclusão anunciada após o fechamento do mercado de quarta-feira. A expectativa gira em torno da decisão sobre o corte na taxa de juros. A curva indica uma maior probabilidade de um corte de 50 pontos, enquanto as instituições financeiras esperam um corte de 25 pontos.

Conforme temos discutido, um corte de 25 pontos seria condizente com a postura mais cautelosa que o Copom tem adotado nos últimos meses, de acordo com o destacado em seus comunicados.

Por outro lado, se o corte for de 50 pontos, poderá sinalizar a possibilidade de uma manutenção do ritmo de corte no mesmo patamar para o próximo encontro, em setembro, para que o mercado não possa interpretar agressivamente o ciclo (por exemplo, esperando uma aceleração para um corte de 75 pontos).

De qualquer forma, é esperado que o ciclo de flexibilização monetária finalmente se inicie.

Além disso, a reunião será a estreia de Gabriel Galípolo no colegiado. É desejável que ele e Roberto Campos Neto votem de forma alinhada, para evitar ruídos e impactos negativos no mercado financeiro. Tal alinhamento sinalizaria pragmatismo e solidez no trabalho técnico do Banco Central.

Em outras palavras, a forma como os dois votos vão se alinhar, considerando que Galípolo é visto como uma espécie de sucessor espiritual de Campos Neto, pode ser tão importante quanto o próprio corte de juros para as expectativas de inflação, o mercado e a curva do DI.

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· 01:45 — A Margem Equatorial e os dividendos

Como é mais de 10% do Ibovespa, precisamos prestar atenção (vira uma questão sistêmica importante). O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, reafirmou a intenção de explorar a Margem Equatorial brasileira, localizada na região da Foz do Amazonas, em resposta à campanha de desestabilização da atual gestão da empresa, que tem sido alvo de pressões de algumas alas do PT.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), as bacias da margem equatorial concentram mais da metade dos investimentos (cerca de R$ 11 bilhões) e um terço dos poços destinados à exploração de petróleo no mar, com previsão de atividades até 2027 no país.

Dada a magnitude do potencial dessa região, a ANP destaca a necessidade de destravar os licenciamentos ambientais, que têm causado obstáculos não apenas no litoral do Amapá, onde está localizado o poço que a Petrobras pretende liberar, mas também no Maranhão. O pré-sal atingirá seu pico antes de 2030 e, sem novas descobertas, a produção brasileira de petróleo enfrentará um declínio significativo. Portanto, a margem equatorial, compreendendo cinco bacias petrolíferas que se estendem do Rio Grande do Norte à fronteira do Brasil com a Guiana Francesa, se tornou a principal aposta para a renovação das reservas brasileiras de petróleo.

Outra questão relevante para o mercado é a nova política de dividendos da Petrobras. Foi estabelecida uma remuneração mínima anual de US$ 4 bilhões para os exercícios em que o preço médio do barril de petróleo tipo Brent for superior a US$ 40 por barril.

Além disso, a empresa adotou uma mudança na fórmula de cálculo dos dividendos, comprometendo-se a distribuir aos acionistas 45% do fluxo de caixa livre, que representa o valor remanescente do caixa gerado com a operação após dedução dos investimentos realizados.

Esse novo modelo da Petrobras será implementado já para os dividendos do segundo trimestre, cujo resultado será divulgado nesta quinta-feira (03/08).

· 02:59 — Qual o próximo passo?

Nos EUA, o rali voltou a acontecer na sexta-feira (28), após outro conjunto de relatórios econômicos positivos. O mercado começa cada vez mais a acreditar em um pouso econômico suave. Os dados dos EUA de sexta-feira demonstraram que o consumo implacável do americano e a desinflação continuam.

Mas vamos com calma. O índice de gastos de consumo pessoal, ou PCE, subiu 4,1% em relação ao ano anterior em junho, abaixo da taxa de 4,6% em maio. Isso é uma boa notícia, porém, ainda está longe da meta de inflação de 2% do Federal Reserve.

A inflação em seu núcleo continua muito alta e acima da meta do Fed para restaurar a estabilidade de preços. Ainda assim, os investidores têm mais do que apenas notícias macroeconômicas para comemorar agora.

Com a temporada de resultados do segundo trimestre quase na metade, as notícias corporativas também têm sido muito boas. Cerca de 81% das empresas do S&P 500 superaram as estimativas de ganhos, até agora, melhor do que a taxa típica de 77%.

O rali das ações será testado novamente nesta semana, com cerca de 165 empresas do S&P 500 (um terço das empresas do índice) devendo divulgar seus últimos resultados trimestrais. Enquanto isso, haverá muito mais dados econômicos também, incluindo as folhas de pagamento de julho (relatório de payroll) e as vagas de emprego observadas de perto, ou JOLTs, relatório.

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· 03:54 — Desaceleração na China

A atividade econômica da China perdeu mais força em julho com a contração da manufatura novamente e o enfraquecimento do setor de serviços. O índice oficial de gerentes de compras da indústria subiu ligeiramente para 49,3, superando as estimativas dos economistas, mas ainda permanecendo abaixo da marca de 50 que separa a expansão da contração. O indicador não manufatureiro, que mede a atividade nos setores de serviços e construção, caiu para 51,5, mais fraco do que o esperado.

As pesquisas do PMI sugerem que a recuperação econômica da China continuou perdendo força em julho. Olhando para o futuro, é necessário apoio político para evitar que a economia da China entre em recessão, até porque os ventos externos contrários parecem persistir por mais algum tempo.

Com isso, a China disse que anunciará novas medidas para impulsionar o consumo, no mais recente esforço do governo para estimular a recuperação da economia. As políticas seguem uma série de medidas que o governo chinês tomou nas últimas semanas para reanimar a economia depois que o ímpeto de crescimento enfraqueceu no segundo trimestre. 

· 04:36 — O mês mais quente de todos

O mês de julho alcançou uma temperatura média global de aproximadamente 16,95 graus Celsius até o dia 23, tornando-se o mês mais quente já registrado, de acordo com o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia e a Organização Meteorológica Mundial. Esse anúncio provocou a declaração do secretário-geral da ONU, António Guterres, de que a “era da ebulição global” chegou.

Essa preocupante constatação levou o presidente dos EUA, Joe Biden, a anunciar políticas destinadas a proteger os trabalhadores que enfrentam alto risco de doenças e morte relacionadas ao calor em seus empregos. Diversas indústrias também estão se adaptando às altas temperaturas recordes. No entanto, o problema é que a situação não deve melhorar a curto prazo.

Na semana passada, cerca de 40% da população dos EUA estava sob alerta de calor, enquanto tempestades perigosas se moviam para o leste. Os custos econômicos das mudanças climáticas ganham destaque, especialmente quando turistas são evacuados da ilha grega de Rodes devido a incêndios florestais. Essa perda no setor do turismo representa um custo significativo para a economia grega.

O alerta sobre a “ameaça existencial da mudança climática” está se tornando mais urgente, e governos e indústrias estão sendo pressionados a adotar medidas para mitigar os efeitos do aquecimento global. O impacto das altas temperaturas e eventos climáticos extremos está se tornando cada vez mais evidente, tornando essencial ações imediatas para enfrentar essa crise ambiental.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.