Bom dia, pessoal. O cenário geral ainda reflete a esperança dos investidores globais na possibilidade de flexibilização da política monetária pelo Federal Reserve.
Na Ásia, as ações registraram alta, impulsionadas pelas expectativas de que o próximo relatório de preços ao consumidor dos EUA, previsto para hoje, abrirá caminho para que o Fed inicie cortes de juros em setembro, em linha com as indicações deixadas pelo índice de preços ao produtor divulgado ontem.
Os mercados europeus também apresentam valorização nesta manhã, enquanto os futuros americanos oscilam em torno da estabilidade, à espera dos dados de inflação. A questão central agora parece não ser se haverá cortes, mas qual será a magnitude — 25 ou 50 pontos-base. Simultaneamente, o índice de preços no Reino Unido veio um pouco abaixo do esperado, proporcionando algum alívio aos investidores na região.
A ver…
· 00:55 — Começando os trabalhos
No Brasil, enquanto aguardamos os dados de inflação ao consumidor dos Estados Unidos, estamos analisando as informações de hoje sobre as vendas no varejo. Estes dados, juntamente com os resultados positivos do setor de serviços divulgados ontem, adicionam uma camada de otimismo, reforçada pelas notícias encorajadoras sobre a inflação ao produtor nos EUA.
Na terça-feira (13), o Ibovespa registrou uma alta pelo sexto dia consecutivo, alcançando novamente o patamar dos 132 mil pontos, um nível que não se via desde o início de janeiro. Simultaneamente, o dólar desceu para menos de R$ 5,45, mostrando que as preocupações predominantes no início de julho e agosto podem ter sido ampliadas. O real tem se fortalecido nos últimos dias, impulsionado por uma postura firme do Copom, flexibilidade do Fed e inversão na valorização do iene.
Além disso, o otimismo quanto aos ativos locais é alimentado por um desempenho econômico que tem excedido as expectativas, parcialmente devido aos estímulos fiscais e também por ganhos estruturais, como o aumento do superávit comercial. Os investidores internacionais começam a olhar o Brasil com mais otimismo quando comparado a outros países da América Latina, especialmente o México, para os próximos seis meses.
No entanto, é crucial que as interferências negativas de Brasília sejam evitadas neste período promissor. Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou o segundo texto que regulamenta a Reforma Tributária, tratando da criação do Comitê Gestor do IBS e da distribuição de receitas para estados e municípios, além do imposto sobre herança e transmissão de imóveis. Os deputados têm se mostrado mais diligentes que os senadores, que provavelmente adiarão a discussão do primeiro texto regulatório até depois das eleições municipais.
Para hoje, o Senado se prepara para votar questões críticas como a renegociação das dívidas estaduais, a desoneração da folha de pagamento e o Refis das dívidas previdenciárias dos municípios. Paralelamente, o governo planeja propor um novo critério para a distribuição de emendas parlamentares, que tem sido um ponto de tensão nas discussões. Esse novo critério será aplicado na elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), que será encaminhado ao Congresso ainda este mês. Se houver desafios, é provável que venham de Brasília.
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· 01:48 — E essa inflação?
Nos Estados Unidos, o Departamento do Trabalho ofereceu aos investidores um “aperitivo” de inflação, desencadeando um rali significativo nos mercados. O Dow Jones Industrial Average subiu 1%, o S&P 500 avançou 1,7%, e o Nasdaq Composite registrou um ganho de 2,4%.
O movimento foi amplamente positivo, com mais de 425 ações do S&P 500 fechando em alta. Essa reação foi motivada pela leitura da inflação ao produtor de julho, que aumentou a especulação de que o Federal Reserve poderá realizar o corte de juros amplamente esperado em setembro. O S&P 500 marcou seu maior rali de quatro dias neste ano, enquanto o Nasdaq 100 subiu 2,5%. O índice de volatilidade preferido de Wall Street caiu, refletindo a diminuição das incertezas.
Os futuros dos fundos do Fed agora apontam para uma chance superior a 50% de que o banco central aumente as taxas de juros em 50 pontos-base (meio ponto percentual) em setembro. Entretanto, a definição mais clara deve vir com a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) de hoje. O mercado espera um aumento mensal de 0,2%, o que manteria a inflação anual em 3%. O núcleo da inflação deveria mostrar uma leve desaceleração. Um número alinhado ou ligeiramente abaixo das expectativas poderia beneficiar o mercado.
No entanto, um dado significativamente mais fraco poderia reacender os temores de recessão, enquanto um resultado mais forte do que o esperado poderia frustrar as esperanças de queda dos juros no segundo semestre. A trajetória desejada para este período é de redução nas taxas de juros nos EUA.
· 02:36 — Os indecisos
Nos sete estados decisivos dos EUA, que provavelmente determinarão o resultado da eleição de 5 de novembro, há evidências concretas que explicam por que, apesar dos indicadores apontarem para uma economia nacional forte, as pesquisas mostram eleitores insatisfeitos.
Para se ter uma ideia, esses sete estados-chave formam uma economia que abrange 61 milhões de pessoas e gera um produto interno bruto combinado de US$ 4,4 trilhões (igual ao PIB alemão). No entanto, essa economia, em algumas áreas cruciais, ficou atrás do restante dos EUA na recuperação da recessão pandêmica, quando ajustada pela inflação e pelas mudanças populacionais.
Nos estados industriais politicamente estratégicos da chamada “Blue Wall” (Michigan, Pensilvânia e Wisconsin), o crescimento econômico real per capita de 2019 até o final de 2023 foi apenas um terço do observado fora desses estados indecisos. No final de 2023, o PIB real per capita de Wisconsin ainda era 0,7% menor do que antes da pandemia, e na Pensilvânia, havia subido apenas 0,9% em relação a 2019.
Em comparação, nos estados não indecisos, esse crescimento foi de 6,3%. Ao analisar em nível de condado, descobre-se que uma parcela desproporcional da população nos estados indecisos vive em condados que, com base nos últimos dados disponíveis, não haviam recuperado o PIB real per capita pré-pandemia até o final de 2022.
É dessa realidade que surge a insatisfação e a indecisão. São pessoas que já estavam em desvantagem antes da pandemia e, nos últimos anos, enquanto o resto dos EUA se recuperava, elas continuaram a ficar para trás (a narrativa de JD Vance em Ohio reflete justamente essa situação). Se essa frustração contribuirá para o retorno de Trump, assim como contribuiu para sua ascensão, ainda é incerto.
No mínimo, no entanto, isso indica que, apesar da nova energia que Kamala Harris trouxe para a corrida presidencial de 2024, ela ainda enfrenta um desafio econômico significativo em seu caminho para a Casa Branca.
Resta ver o que vai ganhar: a narrativa de 2016, pró-Trump, ou a de 2020, anti-Trump.
· 03:29 — Um grande hidrovia
O Pantanal, a maior área úmida tropical do mundo, que se estende por Brasil, Paraguai e Bolívia, está no centro de um grande projeto proposto de hidrovia: a Hidrovia Paraguai-Paraná. Esse empreendimento busca transformar 670 km do Rio Paraguai em uma rota de navegação comercial, impulsionada principalmente pelas demandas da agricultura industrial, especialmente da produção de soja.
O argumento a favor da hidrovia é que as barcaças seriam uma forma mais rápida e econômica de transportar mercadorias como a soja do Brasil, Paraguai e Bolívia até os portos costeiros do Uruguai e da Argentina, de onde seriam exportadas para a América do Norte, Europa e Ásia. Embora a proposta pareça atraente, ela enfrenta uma série de críticas.
Muitos alertam que a região poderia ser severamente afetada, colocando em risco todo o bioma ao reduzir a área úmida e deixar centenas de milhares de hectares vulneráveis a incêndios florestais.
Vale lembrar que, em 2024, o Pantanal enfrentou os piores incêndios já registrados, com quase 3,7 milhões de acres queimados no início de agosto. Outro ponto é a drástica redução da água superficial no Pantanal: desde 1985, a região perdeu cerca de 80% dessa água, mais do que qualquer outro bioma no Brasil, o que poderia inviabilizar a navegação. Portanto, embora o projeto seja interessante, decidir por sua implementação não é uma escolha trivial.
· 04:11 — Um nova fronteira para o Brasil
As restrições energéticas enfrentadas pelas regiões desenvolvidas dos Estados Unidos e da Europa, especialmente no que diz respeito às fontes renováveis, estão criando oportunidades significativas para que diferentes partes do mundo, incluindo o Brasil, possam se posicionar de forma estratégica no crescente mercado global de data centers.
Um relatório recente da CBRE, referência global em soluções imobiliárias comerciais, destaca essa tendência em ascensão. O mercado de data centers está passando por um período de rápida expansão, impulsionado pelo aumento da demanda por Inteligência Artificial (IA), que exige instalações com capacidades de armazenamento cada vez maiores.
Nesse contexto, o Brasil surge como uma oportunidade promissora, apesar dos desafios de infraestrutura do nosso país. Mesmo nas previsões mais otimistas, é improvável que o mercado global consiga atender plenamente à crescente demanda por energia limpa necessária para sustentar o setor de data centers. É aqui que o Brasil ganha uma vantagem competitiva importante: o país já possui uma infraestrutura robusta de energia renovável.
Além disso, o Brasil conta com uma infraestrutura de conectividade vital, destacada pela presença de cabos submarinos que conectam cidades como Fortaleza e Praia Grande a mercados globais chave, como os Estados Unidos e a Europa.
Para aproveitar ao máximo essa oportunidade emergente, é essencial que o Brasil continue investindo em sua capacidade de geração de energia renovável e, sobretudo, na expansão de sua infraestrutura de transmissão. Com esses investimentos, o Brasil tem o potencial de não apenas ingressar, mas de se destacar no mercado global de data centers.
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· 05:03 — A temporada está boa
A atual temporada de resultados financeiros no Brasil tem se destacado de maneira positiva, como demonstra o desempenho recente do banco Itaú (ITUB4). Na última semana, a instituição financeira divulgou um lucro líquido de R$ 10,1 bilhões, estabelecendo um novo recorde histórico.