Investimentos

Ibovespa volta a subir junto com mercados internacionais e investidores aguardam mais resultados corporativos nos EUA; saiba mais

Enquanto o mundo aguarda a divulgação do PIB americano do quarto trimestre amanhã, 24, o sentimento nos mercados é de otimismo.

Por Matheus Spiess

24 jan 2024, 08:36 - atualizado em 24 jan 2024, 08:36

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Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Os mercados financeiros globais estão em alta, com os investidores focados nos próximos anúncios de resultados corporativos nos Estados Unidos. Esta expectativa positiva é fortalecida pelos impressionantes resultados divulgados pela Netflix, cujas ações continuam a subir nesta manhã no pre-market.

Enquanto o mundo aguarda a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) americano do quarto trimestre (amanhã), o sentimento nos mercados é de otimismo.

Hoje, mais relatórios corporativos serão publicados e algumas pesquisas de opinião empresarial devem fornecer insights adicionais.

No Brasil, o mercado de ações apresentou um desempenho robusto ontem, refletindo um possível alinhamento com essa onda de otimismo internacional.

Ainda no cenário externo, os mercados asiáticos tiveram um desempenho positivo nesta quarta-feira. Hong Kong se destacou pelo segundo dia consecutivo, impulsionado por notícias de que os cofundadores do Alibaba adquiriram grandes quantidades de ações da empresa, com Jack Ma comprando US$ 50 milhões em ações.

Além disso, a China anunciou novas iniciativas para incentivar os empréstimos bancários, como a redução das reservas compulsórias. Este cenário favorável se estende aos mercados europeus e aos futuros americanos nesta manhã, com as principais commodities também em alta. O preço do petróleo, por exemplo, retornou ao patamar dos US$ 80 por barril.

A ver…

· 00:48 — Retomando os 128 mil pontos: o alívio será um hóspede permanente?

No mercado brasileiro, o Ibovespa experimentou um retorno aos 128 mil pontos, impulsionado pelo otimismo trazido pelos incentivos na China ao mercado de ações. Este ânimo positivo global pode se refletir também hoje na B3. Contudo, é notável que, após um intenso período de entrada de investidores estrangeiros entre novembro e dezembro, houve uma mudança significativa.

Na última sexta-feira, o fluxo estrangeiro inverteu para negativo pela primeira vez desde outubro, marcando uma saída acumulada de mais de R$ 4 bilhões apenas neste mês. Esta correção segue a tendência natural após o rali dos últimos meses de 2023.

Adicionalmente, o mercado brasileiro continua a ser influenciado pelo comportamento do yield dos Treasuries, um padrão comum em mercados emergentes.

Internamente, o impasse relacionado à Medida Provisória da reoneração segue presente, trazendo à tona as persistentes preocupações fiscais do Brasil.

Por enquanto, sem grandes avanços nessa questão, o mercado local pode aproveitar esse momento de otimismo global.

Um ponto positivo para o Brasil é a perspectiva de que o Banco Central ainda está longe de concluir o ciclo de redução da taxa Selic.

Este contexto de diminuição dos juros, combinado com o déficit fiscal, tem o potencial de estimular o Produto Interno Bruto (PIB). Espera-se que o crescimento econômico supere as projeções atuais de 1,5% indicadas no relatório Focus, especialmente considerando o superávit da balança comercial impulsionado pelo aumento das exportações de petróleo.

No entanto, esse cenário de crescimento pode vir acompanhado de um aumento da inflação, um padrão já observado durante os 14 anos dos governos do PT, quando a inflação frequentemente superava a meta central. Apesar desses desafios, as perspectivas para o mercado financeiro brasileiro são encorajadoras.

· 01:54 — Mais um rali de tecnologia

Nos Estados Unidos, o foco dos investidores está dividido entre a direção futura da política monetária e a atual temporada de divulgação de resultados corporativos.

Até o momento, aproximadamente 13% das empresas listadas no S&P 500 reportaram seus resultados, com destaque para os setores financeiro e industrial. Os lucros mostraram um crescimento modesto de 1,2% comparado ao mesmo período do ano passado. Um dos pontos altos de ontem foi a Verizon Communications, cujas ações valorizaram 6,7% após superar as expectativas de mercado.

Porém, o destaque absoluto ocorreu após o encerramento do mercado: a Netflix anunciou um aumento impressionante de 13 milhões de assinantes no último trimestre, superando as previsões de cerca de 9 milhões de novos assinantes.

Esse anúncio impulsionou as ações da empresa, que registraram um aumento superior a 10% no mercado futuro, indicando um dia promissor para o setor de tecnologia.

Além disso, a agenda de hoje está recheada com mais divulgações de resultados de empresas notáveis como ASML Holding, AT&T, Crown Castle, Freeport-McMoRan, IBM, Kimberly-Clark, SAP e Tesla.

· 02:35 — Parece que será Trump mesmo

Ontem, a vitória de Donald Trump nas primárias republicanas em New Hampshire fortaleceu significativamente sua posição como o provável candidato do partido à presidência.

Este triunfo, somado à sua vitória anterior em Iowa, segue um padrão histórico, onde os vencedores destas duas primárias geralmente se tornam os candidatos oficiais do partido. Com isso, Trump se estabelece como o principal representante republicano na corrida eleitoral.

Apesar de Nikki Haley ter obtido mais de 40% dos votos, o impacto dessa conquista sobre a sua candidatura parece limitado.

Ela deve continuar na corrida até as primárias de 24 de fevereiro na Carolina do Sul, seu estado natal, mas as chances de desafiar Trump parecem escassas.

Afinal, a possibilidade de intervenção judicial na candidatura de Trump é vista como improvável nesta fase da campanha.

Do ponto de vista econômico, uma possível vitória de Trump na eleição presidencial poderia influenciar os mercados financeiros globais, em especial o valor do dólar e as taxas de juros dos títulos do Tesouro dos EUA.

Observou-se um aumento no valor do dólar em relação a outras moedas importantes e um crescimento nos rendimentos dos títulos do Tesouro após a vitória de Trump nas primárias de Iowa.

Essa tendência sugere que as políticas de Trump, especialmente em relação ao comércio internacional e à política externa, podem reforçar ainda mais o dólar americano e impactar os mercados de títulos da dívida.

· 03:30 — A instabilidade global

Os Estados Unidos realizaram uma série de ataques aéreos no Iraque, visando militantes supostamente apoiados pelo Irã.

Esta operação, uma das mais intensas respostas americanas aos recentes ataques contra seus interesses no Iraque e na Síria, focou em três locais utilizados por um grupo vinculado ao Hezbollah, também apoiado pelo Irã.

Os alvos incluíam a sede do grupo, além de locais de armazenamento e treinamento para ataques com foguetes, mísseis e drones.

Esta ação representa uma significativa escalada por parte dos EUA e ocorreu após o Hamas ter rejeitado uma proposta israelense de cessar-fogo de dois meses, que incluía a liberação de reféns.

Enquanto isso, discussões para um novo cessar-fogo continuam, embora com poucas expectativas de avanço. Os atritos lançaram o petróleo de volta aos US$ 80 por barril. 

Na Europa, o parlamento da Turquia aprovou a adesão da Suécia à OTAN, removendo um dos últimos entraves para uma expansão notável da aliança em resposta à invasão russa na Ucrânia. Esta aprovação segue a admissão recente da Finlândia na OTAN.

Agora, a Suécia aguarda apenas a aprovação do parlamento húngaro para se juntar oficialmente à aliança.

Apesar de alguma resistência por parte de Budapeste, espera-se que a adesão da Suécia seja finalizada em breve, marcando uma ampliação significativa da OTAN e alterando o equilíbrio de poder na Europa com o acréscimo ao grupo de milhares de soldados, capacidades navais e aéreas ao grupo.

O nível de incerteza geopolítica na região certamente foi elevado.

· 04:28 — Algumas conclusões de Davos, na semana passada: taxa de juros e geopolítica

Durante a última semana, ocorreu o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Recentemente, tive a oportunidade de conversar com alguns participantes do evento que compartilharam impressões cruciais.

Primeiramente, o cenário macroeconômico atual é percebido como mais otimista em comparação ao ano anterior.

Essa visão positiva é alimentada pela expectativa de cortes nas taxas de juros globais nos próximos meses.

Embora as autoridades monetárias tenham adiado o início deste processo, acredita-se que quaisquer pressões inflacionárias remanescentes serão equilibradas, até mesmo a curto prazo, por avanços na produtividade, impulsionados parcialmente pela Inteligência Artificial e outros fatores, como melhorias logísticas.

Além disso, a economia global tem se beneficiado de uma economia americana resiliente, que evitou um colapso, o crescimento constante da Índia e uma ligeira melhoria em alguns indicadores da China.

Em contraste, o panorama geopolítico atual é considerado mais tenso do que no ano passado, influenciado principalmente pela guerra contínua na Ucrânia, a possível escalada do conflito entre Israel e Hamas e as incertezas sobre as eleições americanas.

Predomina a visão de que, quase dois anos após a invasão da Ucrânia, o presidente Zelensky enfrenta o risco crescente de uma redução no apoio do Ocidente.

Independentemente do desfecho do conflito, a Rússia parece estar progressivamente se direcionando para anexar efetivamente uma parte significativa do território ucraniano.

Quanto à situação de Taiwan, a esperança reside na possibilidade de que, após décadas de negociações mútuas, Estados Unidos e China tenham alcançado um entendimento sobre os limites de cada um. Atualmente, a possibilidade de a China retomar o controle sobre Taiwan parece ser uma questão de tempo.

· 05:21 — E o caixa?

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.