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JP Morgan (JPMC34) e Goldman Sachs (GSGI34) reportam lucro no trimestre, Ibovespa passa 120 mil pontos: veja agenda do dia

Nesta quinta-feira (16), o mercado brasileiro aguarda o IBC-Br que deve reportar desaceleração. Leia mais.

Por Matheus Spiess

16 jan 2025, 09:16 - atualizado em 16 jan 2025, 09:16

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Imagem: iStock/ caio acquesta

O principal destaque dos mercados internacionais foi a divulgação do índice de preços ao consumidor nos EUA, que registrou um resultado abaixo do esperado. Esse dado trouxe alívio aos investidores, ao sinalizar espaço para que o Federal Reserve realize um ou dois cortes nas taxas de juros ainda este ano, embora a expectativa seja de uma pausa nos ajustes durante o primeiro trimestre. Como reflexo, observamos uma queda nos rendimentos dos Treasuries americanos, um enfraquecimento do dólar e uma alta generalizada nas ações.

O otimismo dos mercados ontem (15) se estende para a manhã de hoje (16), reforçado pelo robusto início da temporada de resultados corporativos nos Estados Unidos, com grandes bancos superando as expectativas do mercado.

A agenda de hoje segue movimentada com novas divulgações de balanços, mantendo a perspectiva positiva de uma temporada robusta. As bolsas asiáticas encerraram a sessão desta quinta-feira com ganhos expressivos, impulsionadas tanto por fatores regionais quanto pelo forte desempenho dos mercados ocidentais na quarta-feira. Além disso, o bom resultado da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) trouxe um sentimento positivo ao setor de tecnologia, que resistiu até mesmo à nova sinalização de que o Japão pode elevar as taxas de juros na próxima semana.

Os mercados futuros nos EUA continuam em alta nesta manhã, acompanhados pelos índices europeus, que avançam apesar dos indicadores econômicos desfavoráveis no Reino Unido e da aceleração da inflação na Alemanha. No mercado de commodities, o petróleo recua levemente após a alta significativa registrada ontem, quando os investidores ignoraram, momentaneamente, a notícia de um possível cessar-fogo em Gaza, que continua a influenciar os mercados de forma periférica. Por aqui, é evidente que o alívio trazido pela inflação americana favoreceu os ativos de risco, mas é difícil desviar os olhos do caos gerado pela comunicação desastrosa do governo na questão do PIX. O novo ministro-chefe da Secretaria de Comunicações já assumiu seu posto em grande estilo: desembarcando diretamente no epicentro de uma crise.

· 00:54 — A lambança do PIX

No Brasil, os ativos de risco tiveram um desempenho expressivo, com o Ibovespa subindo quase 3% e ultrapassando a marca dos 122 mil pontos, impulsionado por um volume de R$ 70,3 bilhões devido ao vencimento de opções sobre o índice. Foi o maior ganho percentual registrado em um ano e meio, acompanhado pela valorização do real e pela redução dos prêmios na curva de juros. O principal motor desse movimento foi a inflação ao produtor nos Estados Unidos, que veio abaixo do esperado, aliviando a pressão global. Além disso, cresceu a percepção de que Trump pode adotar um tom mais moderado ao assumir o cargo na próxima semana, somando-se ao resultado melhor do que esperado das contas do Governo Central em novembro.

Como venho destacando, os ativos brasileiros estão extremamente descontados, e com a ausência de compradores marginais, exceto pelos próprios programas de recompra, qualquer notícia minimamente positiva gera um impacto desproporcional nos preços. No entanto, é importante frisar que ganhos sustentáveis só ocorrerão quando o governo apresentar sinais concretos de responsabilidade fiscal. Nesse cenário, é impossível ignorar a confusão envolvendo o PIX, que domina as manchetes.

A revogação da norma da Receita Federal para fiscalização do PIX virou o tema do momento. A oposição celebra o recuo da gestão Lula, que segue acumulando tropeços. O estopim da crise foi o vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que já ultrapassou impressionantes 280 milhões de visualizações somente no Instagram até a manhã de hoje. Esse volume é gigantesco. Naturalmente, a desastrada ala política do governo aproveitou o episódio para reforçar a narrativa da revogação e enfraquecer ainda mais Fernando Haddad — a cruzada de Gleisi Hoffmann e seus aliados contra a equipe econômica não é novidade e só atrapalha o próprio governo.

Esse episódio evidencia a desorientação do governo na gestão do relacionamento com o eleitorado. Não vai ser uma nova secretaria das comunicações que vai mudar o jogo (seja bem-vindo, Sidônio!). Com a popularidade em queda, inflação em alta, dólar acima de R$ 6,00 e sinais de desaceleração econômica (o IBC-Br de hoje (16) deve confirmar essa desaceleração), o caminho até 2026 fica cada vez mais complicado para a situação. E isso sem mencionar o provável reajuste de preços da Petrobras (PETR4), um tema que já destaquei anteriormente e que deve ganhar força na próxima reunião do conselho da empresa. Esses acontecimentos reforçam a tese de que o pêndulo político pode estar prestes a oscilar em direção a uma postura mais fiscalista e pró-mercado no ano que vem. 2025, afinal, será apenas uma ponte para chegarmos até lá.

· 01:49 — Mais fraco do que o esperado

Nos Estados Unidos, após um início complicado em janeiro, os mercados fecharam em alta ontem, refletindo um dia marcado por sinais positivos em diferentes frentes. A temporada de resultados corporativos teve um começo promissor, com grandes bancos divulgando números robustos, reforçando a resiliência do setor financeiro. Além disso, o índice de preços ao consumidor trouxe leituras mais moderadas do que o esperado, aliviando parte das preocupações inflacionárias. Para completar, surgiram notícias sobre um aguardado acordo de cessar-fogo em Gaza, uma boa nova não apenas para a geopolítica global, mas possivelmente também para o humor dos investidores.

O principal vetor para o otimismo, no entanto, foi o já mencionado desempenho do índice de preços ao consumidor, que subiu 2,9% na base anual. Mais relevante ainda foi o núcleo do índice — que exclui os itens mais voláteis, como alimentos e energia —, apresentando uma leve desaceleração em relação a novembro e ficando abaixo das projeções. Essa dinâmica reforçou a percepção de que a inflação está perdendo força de maneira gradual, trazendo alívio para os mercados.

Esses dados não alteraram substancialmente as expectativas de que o Federal Reserve interrompa temporariamente os cortes nas taxas de juros no final deste mês, após ter reduzido as taxas em um ponto percentual ao longo de 2024. Contudo, a desaceleração no núcleo da inflação adiciona uma nova perspectiva ao debate: mesmo que o ciclo de cortes esteja em pausa no curto prazo, a possibilidade de mais uma ou duas reduções ao longo do ano permanece viva.

· 02:33 — Um belo início de temporada

A temporada de balanços em Wall Street começou de forma animadora, com resultados robustos apresentados por grandes instituições financeiras como Wells Fargo, Citigroup, Goldman Sachs e JPMorgan. O desempenho trimestral desses bancos agradou amplamente o mercado, reforçando o apetite por risco e impulsionando os índices. Embora parte dos ganhos tenha sido impulsionada pelas oscilações de mercado decorrentes da vitória eleitoral de Donald Trump no quarto trimestre, esse não foi o único motor por trás do bom desempenho. A taxa de desemprego persistentemente baixa e as expectativas de futuros cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve também contribuíram para fortalecer o rali.

Entre os destaques, o Goldman Sachs (GSGI34) registrou um lucro impressionante de US$ 14,3 bilhões em 2024, representando um aumento expressivo de 68% em relação ao ano anterior. O JPMorgan (JPMC34) por sua vez, superou expectativas ao reportar um aumento de 50% nos lucros trimestrais em comparação ao mesmo período do ano anterior, alcançando um recorde anual de US$ 58,5 bilhões em lucros para 2024. Com o início promissor da temporada, os olhos do mercado agora se voltam para outros setores, aguardando sinais de continuidade nesse ritmo de recuperação e expansão.

· 03:28 — O fim de um gigante

Nate Anderson anunciou a dissolução da célebre Hindenburg Research, uma das mais notórias casas de análise dedicada à venda a descoberto, conhecida por causa de grandes shorts em empresas como Carvana, a operadora de casas de repouso PACS Group, a controversa empresa de jogos Roblox e, mais notoriamente, o conglomerado indiano Adani Group. A proposta da Hindenburg era clara e ousada: criar análises detalhadas e fundamentadas para sustentar apostas contrárias, com foco em venda de ativos supervalorizados ou de empresas com fundamentos questionáveis.

Com um histórico impressionante de acerto em mais de 80% de suas análises, a Hindenburg se tornou um verdadeiro terror para empresas e bilionários, expondo irregularidades e fragilidades que levaram quase 100 indivíduos a enfrentarem acusações civis ou criminais por parte de reguladores ao redor do mundo. Entre os alvos da casa estavam desde empresários controversos até oligarcas, reforçando sua reputação como uma das entidades mais incisivas e destemidas do mercado financeiro. Segundo Anderson, o encerramento das atividades foi planejado e acontecerá após a conclusão do pipeline de ideias em que estavam trabalhando. Apesar do fim da Hindenburg, seu legado promete perdurar, especialmente com a promessa de divulgar sua “fórmula secreta” para identificar empresas para venda.

A decisão de Anderson não só marca o fim de uma era, mas também ressalta a coragem necessária para atuar em um campo tão controverso e desafiador. A Hindenburg Research pode ter encerrado suas operações, mas seu impacto no mercado e suas contribuições para a transparência e a responsabilização corporativa permanecem como um marco na história recente do mercado financeiro americano.

·04:12 — Cessar-fogo

Os rumores recentes sobre a proximidade de um acordo em Gaza se confirmaram: Israel e Hamas chegaram a um entendimento que estabelece um cessar-fogo temporário após 15 meses de intensos confrontos. O cessar-fogo está programado para começar no domingo (19), apenas um dia antes da posse de Donald Trump, e deve se estender por seis semanas. Como parte do acordo, 33 reféns capturados durante o ataque terrorista do Hamas contra Israel em outubro de 2023 serão libertados, enquanto Israel concordou em retirar suas tropas de áreas densamente povoadas na Faixa de Gaza, mantendo alguma presença vigilante, e libertar prisioneiros palestinos.

Embora este seja um passo significativo, o gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu alertou que ainda restam detalhes a serem resolvidos antes da implementação total do acordo. A responsabilidade por garantir a continuidade e a conclusão definitiva do cessar-fogo recairá, portanto, sobre o presidente eleito Donald Trump, cuja equipe já desempenhou um papel ativo na reta final das negociações, influenciando positivamente o avanço desse entendimento. O acordo é visto como uma oportunidade crítica para uma pausa na violência e para a construção de condições mais favoráveis a uma solução duradoura, tirando pressão do preço do petróleo.

· 05:07 — Um grande ciclo de inovação

O ritmo da inovação acelerou de forma exponencial nas últimas décadas, e tudo indica que continuará assim no futuro. A combinação entre o crescimento vertiginoso do poder de processamento computacional a custos cada vez mais baixos e a proliferação de Big Data criou um terreno fértil para o desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial generativa cada vez mais sofisticados.

Com a convergência de múltiplas tecnologias disruptivas, estamos à beira de transformações profundas em diversos setores, que prometem redefinir como vivemos e trabalhamos…

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.