
(Imagem: Portal do Comércio)
A sexta-feira (14) foi marcada pela divulgação da pesquisa Datafolha, que registrou a pior popularidade da história do presidente Lula. Com a antecipação do debate eleitoral, impulsionada não apenas pelo mercado, mas também pelo próprio governo, os ativos de risco começaram a reagir à possibilidade concreta de uma mudança na dinâmica política, algo que já vínhamos destacando há meses.
Além desse fator doméstico, um Donald Trump mais contido na implementação de suas promessas tarifárias também contribui para um ambiente de maior apetite por risco. No entanto, o principal motor desse movimento é, sem dúvida, o cenário eleitoral. Sabíamos que 2025 seria um ano de discussões políticas intensas, mas a velocidade com que essa agenda se impôs foi surpreendente. Outro ponto que favorece o mercado é o nível extremamente depreciado dos ativos no final do ano passado, o que abriu espaço para uma recuperação técnica.
Porém, se por um lado a antecipação do debate eleitoral tem sido positiva para os mercados, por outro, pode gerar desespero no governo, levando a medidas mais agressivas para tentar reverter a queda na popularidade. Vale lembrar que os problemas estruturais que desencadearam a piora no final de 2024 continuam presentes e não desapareceram com a recente melhora dos preços.
Iniciamos a semana com alta nos mercados asiáticos e europeus, refletindo esse otimismo momentâneo. Nos Estados Unidos, o feriado do Dia dos Presidentes mantém a liquidez reduzida, o que pode limitar movimentos mais expressivos no mercado internacional ao longo do dia.
· 00:59 — A onda de rejeição a incumbentes também se manifesta no Brasil
A queda na competitividade eleitoral de Lula reacendeu o apetite por risco no mercado, que já vinha se beneficiando da percepção de que há margem para negociações com os EUA sobre as tarifas recíprocas. O impacto foi direto: o dólar recuou para abaixo de R$ 5,70, o Ibovespa ultrapassou os 128 mil pontos e os juros longos perderam prêmios. A pesquisa Datafolha revelou uma queda expressiva na aprovação de Lula, que despencou de 35% em dezembro para 24% — o menor nível registrado em seus três mandatos. Além disso, o presidente tem perdido apoio entre eleitores de baixa renda, mulheres e nordestinos, bases mais alinhadas ao PT nas últimas eleições.
Embora a eleição presidencial ainda esteja distante, marcada para outubro de 2026, os sinais seguem o padrão predominante nas grandes economias do mundo: um cenário de rejeição aos incumbentes. Com a perspectiva de desaceleração econômica nos próximos meses (crescimento mais fraco combinado a uma inflação persistente), a tendência é que a popularidade de Lula sofra novas pressões. Apesar disso, a lógica de “quanto pior, melhor” é ruim, pois há um longo caminho até o pleito e muita coisa pode mudar nesse período. O maior risco, no curto prazo, é a resposta do governo, que pode tentar reverter essa tendência apostando em medidas expansionistas, mesmo com o Banco Central mantendo o aperto monetário. Acelerar com o freio de mão puxado. Não será bom. Embora isso não signifique um colapso econômico, certamente adicionaria volatilidade ao mercado nesse intervalo pré-eleitoral.
Felipe Miranda já pontuou que não há tempo hábil para recriar um cenário semelhante ao “Fim do Brasil” de 2014, mas a discussão muda caso o pêndulo político não se desloque no próximo ano. Por ora, os sinais indicam que há espaço para otimismo com ações para quem adota um horizonte de investimento mais longo. Agora, o foco do mercado se volta para a esperada reforma ministerial e para as medidas adicionais de contenção de gastos, enquanto se observa de perto qualquer movimento mais heterodoxo por parte do governo. A agenda da semana inclui balanços relevantes, como os de Vale, Gerdau e Banco do Brasil. Já nesta segunda-feira (17), começamos o dia com a divulgação do IBC-Br de dezembro, considerado uma prévia do PIB.
· 01:46 — Menos liquidez
Nesta segunda-feira (17), os mercados dos EUA permanecem fechados devido ao feriado do Dia dos Presidentes, reduzindo a liquidez global. Apesar da recente escalada nas discussões sobre tarifas comerciais e da divulgação de um dado de inflação mais forte do que o esperado na semana passada, o apetite por risco segue intacto. O principal motor do otimismo tem sido a temporada de balanços corporativos: com mais de 75% das empresas do S&P 500 já tendo reportado seus resultados, o índice caminha para um crescimento de lucros de 16,9% — a melhor taxa trimestral dos últimos três anos.
Além disso, o recuo nos rendimentos dos Treasuries também tem sustentado o mercado acionário. O resultado mais fraco do que o previsto nas vendas do varejo ajudou a pressionar as taxas para baixo, aliviando parte das preocupações sobre uma possível postura mais restritiva do Federal Reserve. Ao longo da semana, novas divulgações de balanços devem seguir influenciando o sentimento do mercado, enquanto investidores aguardam a ata da última reunião do Federal Open Market Committee (FOMC), prevista para quarta-feira (19). O documento poderá oferecer mais detalhes sobre a visão do Fed em relação à trajetória da política monetária.
· 02:31 — Cortes no Pentágono?
O Departamento de Defesa, a maior estrutura do governo federal dos EUA, com um orçamento anual de aproximadamente US$ 800 bilhões, pode estar prestes a passar por um rigoroso processo de corte de gastos. Donald Trump teria instruído o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), liderado por Elon Musk, a conduzir uma revisão minuciosa das despesas militares. A equipe do DOGE deve iniciar sua análise nos próximos dias, com uma meta de reduzir os gastos em até 8%.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, já sinalizou que cortes significativos podem atingir cargos de alto escalão, à medida que o departamento revisa sua força de trabalho, que atualmente emprega cerca de 3 milhões de pessoas entre civis e militares. Além disso, o DOGE deve auditar de perto os contratos de aquisição de equipamentos, com algumas revisões já sendo consideradas para reduzir despesas.
Há tempos, legisladores e especialistas de diferentes espectros políticos criticam programas de armamento ultrapassados, marcados por estouros de orçamento e eficácia questionável. O próprio Musk recentemente trouxe à tona os altíssimos custos dos caças F-35, um dos projetos mais caros da história da defesa americana. No entanto, cortar gastos militares pode ser um desafio político considerável, já que os gigantes do setor de defesa empregam diretamente mais de 2 milhões de pessoas.
A iniciativa de Musk, apesar de encontrar respaldo na ideia de eficiência e transparência fiscal, certamente enfrentará resistência dentro do próprio Pentágono e no Congresso, onde o setor de defesa conta com uma das mais poderosas redes de lobby de Washington. Se Trump realmente seguir adiante com esse plano, estará prestes a mexer em um verdadeiro vespeiro político e econômico.
· 03:26 — Sem tarifas universais
O novo representante da Casa Branca para o Comércio, Jamieson Greer, declarou que a imposição de tarifas universais deve ser considerada como um possível mecanismo para reduzir os déficits comerciais dos EUA. No entanto, a implementação dessa medida em larga escala parece improvável no curto prazo, principalmente devido ao impacto econômico significativo que ela poderia gerar — algo que Donald Trump, pragmático quando necessário, certamente tem em mente. O Instituto de Finanças Internacionais (IIF) alertou para os riscos que um movimento agressivo nessa direção poderia trazer. Segundo as estimativas, tarifas universais elevariam a inflação em aproximadamente 0,4 ponto percentual nos EUA, pressionando os custos para consumidores e empresas. Além disso, o impacto no bolso dos americanos não seria pequeno: as famílias perderiam até US$ 1.200 anuais em poder de compra.
Os efeitos negativos se estenderiam também à economia global. Caso uma escalada tarifária entre os EUA e seus principais parceiros comerciais se concretize, o IIF estima que isso poderia reduzir o PIB mundial em até 2,1 pontos percentuais ao longo dos próximos quatro anos, além de adicionar 4,5 pontos percentuais à inflação global no mesmo período. Diante desses números, fica evidente que aplicar tarifas em larga escala não é uma decisão trivial. Qualquer medida nesse sentido exigirá um equilíbrio delicado entre o discurso protecionista de Trump e a necessidade de preservar a estabilidade econômica e a competitividade americana.
· 04:12 — Um novo tipo de leilão de arte
A prestigiada casa de leilões Christie’s está prestes a entrar de vez no debate sobre arte e inteligência artificial, ao realizar sua primeira exposição inteiramente dedicada a obras geradas por IA. O evento, intitulado “Inteligência Aumentada”, será realizado entre 20 de fevereiro e 5 de março na icônica galeria da Christie’s no Rockefeller Center, em Nova York. A exposição contará com obras do pioneiro Harold Cohen, artista e programador dos anos 1960 que desenvolveu o AARON, um dos primeiros sistemas de IA voltados para a criação artística. Além dele, estarão presentes artistas contemporâneos que exploram a interseção entre arte e tecnologia, como Pindar Van Arman e Holly Herndon. Um dos destaques será uma performance ao vivo do robô desenvolvido por Alexander Reben, que pintará em tempo real durante a exibição.
No entanto, a presença cada vez maior da IA no mundo da arte continua sendo um tema controverso. Enquanto alguns defendem que a tecnologia amplia as possibilidades criativas, críticos argumentam que muitas plataformas de IA foram treinadas indevidamente em obras protegidas por direitos autorais, sem o consentimento de seus criadores. A Christie’s, ao apostar nessa exposição, não apenas legitima a arte gerada por IA como parte do cenário artístico contemporâneo, mas também se posiciona no centro de um dos debates mais acalorados da atualidade: afinal, até que ponto a inteligência artificial pode ser considerada uma ferramenta de criação genuína? E, mais importante, quem detém o verdadeiro crédito pela obra final?
· 05:07 — Vamos precisar de muita energia…
A demanda global por eletricidade está prestes a atingir níveis sem precedentes. Nos próximos três anos, o mundo precisará de aproximadamente 3.500 terawatts-hora adicionais, o equivalente a incorporar um Japão inteiro ao consumo global de energia a cada ano, segundo estimativas da Agência Internacional de Energia. Esse crescimento avassalador reflete a ascensão estrutural de uma nova Era da Eletricidade.
Diante desse cenário, sigo otimista com…