Os mercados globais apresentam movimentos variados nesta manhã. Na Ásia, os índices seguem sem uma direção clara. Os investidores ainda digerem a crise política na Coreia do Sul, enquanto aguardam a reunião de lideranças chinesas programada para a próxima semana — há expectativa de que o encontro traga atualizações sobre os tão aguardados estímulos econômicos.
Na Europa, as ações registram alta, mesmo diante da instabilidade política na França, marcada pela queda do primeiro-ministro Michel Barnier, após a aprovação do voto de desconfiança. Barnier se torna, assim, o chefe de governo mais breve da história da Quinta República Francesa. Apesar de a França permanecer sem uma definição orçamentária clara, o impacto sobre os índices de ações da região tem sido limitado, já que o mercado reage positivamente à perspectiva de cortes de juros pelo BCE. Em contraste, o euro permanece fragilizado.
Nos Estados Unidos, após mais um recorde no fechamento dos principais índices ontem (4), os futuros iniciam o dia com tom predominantemente negativo. Esse movimento não surpreende, já que correções são uma parte natural do processo de mercado, especialmente após longas sequências de alta (árvores não crescem até o céu). O destaque global do dia, no entanto, fica com o Bitcoin, que alcançou a impressionante marca de 100 mil dólares na noite de ontem, reforçando o apetite por ativos digitais em um novo governo Trump.
Além disso, os mercados estão atentos à reunião da Opep+, que acontece hoje e deve decidir sobre a extensão dos cortes de produção de petróleo, possivelmente até março, o que pode impactar significativamente os preços da commodity. No Brasil, a pauta fiscal permanece no centro das atenções.
· 00:51 — Os primeiros passos foram dados no Congresso
Por aqui, as declarações feitas ontem pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ganharam destaque, sugerindo uma clara intenção de acelerar a aprovação do pacote de corte de gastos. Em meio a essa movimentação, a Câmara aprovou ontem à noite os primeiros requerimentos de urgência para dois dos projetos que compõem o pacote fiscal, permitindo que sejam votados diretamente no plenário. No entanto, ainda não há garantias de que todas as medidas serão aprovadas antes do final do ano. Aliás, apesar de representar um avanço, o placar apertado nas votações de urgência liga o sinal de alerta. Fica evidente que o governo precisará exercitar sua habilidade política para negociar com o Congresso e conquistar os votos necessários. Ainda assim, o movimento do Legislativo pode ajudar a mitigar os danos causados pela condução desastrosa do governo da situação nas últimas semanas.
Enquanto isso, a pressão no mercado persiste: o dólar permanece acima de R$ 6, e a curva de juros continua com uma Selic próxima de 15%. Esse ambiente reflete o ceticismo em relação à capacidade do governo de reverter a deterioração fiscal. Para complicar ainda mais, a notícia de uma possível mudança no Conselho de Administração da Petrobras (PETR4) gerou repercussões negativas. O governo estaria planejando substituir Pietro Mendes, atual presidente do conselho e ligado ao ministro Alexandre Silveira, pela figura de Bruno Moretti, próximo ao ministro Rui Costa. Mendes seria transferido para a ANP, enquanto Moretti assumiria a cadeira. Essa movimentação, associada à ala política e claramente vinculada ao núcleo petista, vai na contramão do que o mercado espera neste momento crítico. Em vez de sinalizar estabilidade e compromisso com decisões técnicas, o movimento reforça temores de politização excessiva e alimenta especulações sobre possíveis revanchismos.
· 01:48 — E não para de subir
Nos Estados Unidos, as ações de tecnologia voltaram a atrair a atenção dos investidores. Após um período de desempenho abaixo de outros setores, as chamadas Sete Magníficas (Mag7) e o restante do segmento tecnológico têm mostrado uma recuperação consistente. O avanço de ontem foi impulsionado, em parte, pelos resultados robustos da Salesforce, que continua a consolidar sua posição com ofertas inovadoras baseadas em inteligência artificial (IA). Esse movimento levou o Nasdaq Composite a uma alta de 1,3%, encerrando o dia em seu 35º recorde de fechamento no ano. Os índices S&P 500 e Dow Jones Industrial Average também fecharam em máximas históricas, subindo 0,6% e 0,7%, respectivamente.
Apesar do otimismo, é importante não se deixar levar por uma visão exclusivamente eufórica: correções pontuais são esperadas e, de fato, necessárias. Esses ajustes ajudam a manter o movimento saudável e sustentam a longevidade do rali. No entanto, a trajetória de alta ainda parece robusta e sustentável, apoiada por dados econômicos que, apesar de algumas decepções recentes — como os números abaixo do esperado na manufatura e emprego divulgados ontem —, continuam indicando uma economia razoavelmente saudável. O lado positivo dessas frustrações econômicas é que deixam espaço para um possível corte adicional de juros em dezembro, reforçando a narrativa de suporte monetário e mantendo o ambiente favorável para os ativos de risco.
· 02:39 — US$ 100.000,00
O Bitcoin alcançou, pela primeira vez, a impressionante marca de US$ 100 mil, impulsionado pelo otimismo de que o governo do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, será favorável à indústria de ativos digitais. O movimento de alta ganhou força com o anúncio de Paul Atkins, conhecido entusiasta de criptomoedas, como o provável próximo chefe da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC). Caso confirmado, espera-se que Atkins adote uma abordagem menos rigorosa, focada em reduzir regulamentações. Aliás, essa postura não apenas favorece o setor de criptomoedas, mas pode beneficiar o mercado financeiro como um todo, ao criar um ambiente regulatório mais flexível e receptivo à inovação.
O Bitcoin, que já acumula uma alta superior a 140% no ano, tem sido impulsionado por promessas de Trump, incluindo uma possível criação de um estoque nacional de Bitcoin, o que reforça a perspectiva de longo prazo para a adoção institucional das criptomoedas. Apesar do cenário otimista e do rali significativo, é prudente lembrar que, em níveis tão elevados, correções são naturais e até saudáveis. Investidores podem optar por ajustar suas posições, consolidando ganhos recentes. Ainda assim, continuo vendo as criptomoedas como uma classe de ativos essencial para portfólios sofisticados, sendo particularmente atrativas em um cenário de maior aceitação regulatória e ampliação de sua utilidade no sistema financeiro global.
· 03:26 — Postergando os aumentos de produção
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (OPEP+) realiza nesta quinta-feira uma reunião para definir seus planos de produção de petróleo para 2025. Desde 2022, o grupo tem mantido aproximadamente seis milhões de barris por dia fora do mercado. Essa política de restrição de oferta foi estendida até janeiro de 2024, mas existe a possibilidade de novos ajustes no cronograma. Inicialmente, a OPEP+ havia anunciado a intenção de reintegrar ao mercado cerca de 180 mil barris por mês a partir de outubro deste ano. No entanto, esse plano foi adiado duas vezes, em grande parte devido à demanda global mais fraca do que o previsto, especialmente na China, cuja recuperação econômica tem decepcionado.
Agora, há especulações de que o grupo possa postergar novamente esse incremento na produção, estendendo o prazo em pelo menos três meses a partir de janeiro. Como reflexo dessas expectativas, o preço do petróleo apresenta alta nesta manhã, impulsionado pela possibilidade de que a oferta permaneça limitada no curto prazo. Contudo, o impacto dessas medidas parece estar diminuindo. À medida que a OPEP+ perde participação de mercado para produtores fora do grupo, como EUA e Canadá, sua capacidade de influenciar os preços globais tem sido reduzida. Mesmo com a manutenção dos cortes, espera-se uma possível queda nos preços do petróleo em 2025, impulsionada por um excesso de oferta de produtores independentes.
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· 04:15 — Que tipo de sátira é essa?
A Enron, a infame empresa de energia envolvida em um dos maiores escândalos corporativos dos Estados Unidos, parece ter ressurgido (ou quase isso). Recentemente, um novo site, anúncios em jornais e outdoors na antiga sede da companhia, em Houston, reacenderam o nome da Enron. Além disso, uma conta no X (antigo Twitter) associada à empresa publicou um vídeo anunciando o suposto retorno, acompanhado por um relógio de contagem regressiva que promete algo para a próxima semana. O relançamento traz todos os clichês de empresas que querem virar moda, com slogans como “moldando o futuro da energia sustentável” e “tecnologia descentralizada”, além de registros de marcas comerciais relacionados a tokens não fungíveis (NFTs) e serviços de criptomoedas. A iniciativa parece remeter às mudanças de identidade corporativa oportunistas que têm se tornado frequentes em bull markets.
No entanto, uma investigação mais detalhada revela que o novo detentor da marca Enron é a The College Company, sediada no Arkansas, liderada pelo cocriador do grupo satírico “Birds Aren’t Real”. O caso parece ser uma elaborada paródia, o que não surpreende dada a natureza provocativa dos envolvidos. Embora o “retorno” da Enron possa ser um golpe de humor ácido, ele carrega uma mensagem importante: a necessidade de cautela redobrada no ambiente de investimentos atual, especialmente no mercado de criptomoedas. Com o recente rali da classe e o entusiasmo crescente por ativos digitais, fraudes e esquemas oportunistas tendem a se proliferar. Investidores devem estar atentos, analisando cuidadosamente as propostas antes de se comprometerem, para evitar cair em armadilhas que, como a “nova Enron”, podem ser apenas fachadas enganosas ou satíricas.
· 05:03 — Ajustando posição
Conforme discutido ontem, o Bitcoin ultrapassou a marca histórica de US$ 100 mil, consolidando uma valorização de mais de 140% ao longo de 2024. Esse movimento reflete, em grande parte, o fluxo positivo de notícias relacionadas às expectativas para o novo governo Trump, com o ativo registrando uma alta de 50% desde o dia da eleição.
Diante desse cenário, surge a pergunta: ainda faz sentido manter a posição?