Times
Mercado em 5 minutos

Mercado aguarda dados de emprego nos EUA enquanto digere PIB acima das expectativas no Brasil; veja os destaques desta sexta (2)

Surpresa positiva com o PIB brasileiro impulsiona estimativas para crescimento na casa dos 2% em 2023. Nos EUA, acordo pelo teto da dívida tranquiliza mercado

Por Matheus Spiess

02 jun 2023, 09:00 - atualizado em 02 jun 2023, 09:01

Imagem das iniciais da palavra Produto Interno Bruto sobre a bandeira do Brasil com algumas notas de reiais dados de emprego mercado
Reprodução: Shutterstock

Bom dia, pessoal. Lá fora, as ações estão subindo depois que o acordo sobre o teto da dívida ultrapassou seu último obstáculo no Congresso, com os investidores agora olhando para os dados de emprego nos EUA que podem esclarecer o rumo da política do Federal Reserve. Os mercados europeus seguem os índices de referência asiáticos, que fecharam o dia em alta, com os fabricantes de artigos de luxo LVMH e Richemont entre as principais altas. 

Os segmentos ligados às commodities também andam bem, acompanhando a alta das matérias-primas subjacentes nesta manhã. As mineradoras, por exemplo, tiveram desempenho superior após a recuperação dos metais industriais. Os contratos futuros do S&P 500 e do Nasdaq sobem igualmente, após valorizações robustas de quinta-feira, com o Nasdaq caminhando para o sexto avanço semanal consecutivo. 

Os gigantes da tecnologia ainda estão impulsionando a maior parte do avanço do mercado de ações, com a Apple se aproximando de um novo recorde histórico e a Nvidia subindo mais de 5% na quinta-feira. Além da obsessão por qualquer coisa relacionada à inteligência artificial, o otimismo com o setor também reflete a queda nos yields (rendimentos) dos títulos americano e vendas acima do estimado na Dell. 

A ver… 

· 00:51 — PIBão 

No Brasil, o mercado digeriu uma bela surpresa positiva com o PIB do primeiro trimestre, muito por conta da oferta, que impulsionou as estimativas do mercado para o crescimento deste ano para a casa dos 2% — os dados de produção industrial de hoje podem apoiar ainda mais tal expectativa a depender do resultado, mesmo que a mediana aponte para uma queda de 0,3% no mês de abril. No primeiro trimestre, a economia brasileira cresceu 1,9% na comparação com o trimestre anterior e 4% contra o mesmo período do ano passado. Os dados não só foram uma aceleração frente ao quarto trimestre, como também vieram bem acima das expectativas dos investidores. 

O grande destaque foi o PIB da Agropecuária, que subiu 21,6% no período, em parte devido à base de comparação com quebra de safra em 2022. Por conta do dado, o PIB brasileiro esteve entre os três melhores resultados dos 34 países que já divulgaram dados para o PIB do primeiro trimestre de 2023, atrás apenas da Polônia e da China. Um fato importante é que, apesar do dado forte, nem todos os elementos foram positivos, como foi o caso da indústria, que apresentou queda no período. Em outras palavras, o Brasil cresce, mas sem prejudicar a ideia de que os juros possam cair no terceiro trimestre, uma vez que a inflação seguirá desacelerando. 

· 01:50 — Teto da dívida aprovado 

Nos EUA, o Senado aprovou uma legislação para suspender o teto da dívida dos EUA e impor restrições aos gastos do governo até a eleição de 2024, encerrando um drama que ameaçava uma crise financeira global. A medida agora vai para a mesa do presidente Joe Biden, que firmou o acordo com o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, e planeja assiná-lo o quanto antes, apenas alguns dias antes do default. 

A votação de 63 a 36 sobre o projeto de lei foi aprovada por moderados em ambos os partidos, muitos dos quais expressaram suas dúvidas sobre partes do acordo, mas estavam convencidos de que suas preocupações não valiam a pena arriscar o estrago que um calote causaria. O movimento preserva a sanidade financeira global. Após a resolução da questão da dívida, aguardamos os dados de payroll de maio. 

· 02:27 — E esse mercado de trabalho? 

Ainda nos EUA, com os políticos americanos finalmente deixando os investidores em paz, podemos voltar a nos preocupar com a economia real. Ontem, o destaque econômico do dia foi o índice de gerentes de compras de manufatura, ou PMI, do Institute for Supply Management. O dado mostrou um encolhimento contínuo no setor industrial dos EUA em maio, e está acontecendo em um ritmo mais rápido do que em abril, mostrando 46,9 pontos, abaixo das projeções e em território de construção. 

Ao mesmo tempo, o mercado de trabalho dos EUA continuará sendo um ponto de discussão hoje. O relatório de emprego deve mostrar uma alta de 188 mil para as folhas de pagamento não agrícolas, após um aumento de 253 mil em abril. A taxa de desemprego, por sua vez, deve subir de 3,4% para 3,5%, ainda se mantendo no menor patamar desde 1969. Por fim, espera-se que o salário médio por hora suba 4,4% na comparação anual, levemente abaixo da contagem anterior. 

A tendência seria de continuidade do afrouxamento no mercado de trabalho. A depender do resultado, podemos ter mais clareza sobre os próximos passos do Federal Reserve, que continua debatendo se eleva os juros neste mês ou faz uma pausa. A cada passo, os dados mostram que a desaceleração que estamos vendo na demanda por mão de obra é gradual, e não dramática, o que dificulta a vida da autoridade monetária no combate à inflação. 

· 03:25 — Caminhamos para um novo BRICS 

A África do Sul fornecerá imunidade diplomática aos participantes das reuniões do grupo de países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), uma prática que o governo disse ser rotineira, enquanto se prepara para receber o presidente russo, Vladimir Putin, em uma cúpula em agosto. A decisão vem depois de o banco central do país alertar sobre as terríveis consequências se houver sanções por causa de sua posição sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. Além disso, os russos são aliados de vários países que pleiteiam vaga entre os BRICS. 

O Novo Banco de Desenvolvimento, por exemplo, o credor criado pelos países do BRICS, ampliará seu número de membros à medida que busca combater a influência dos bancos multilaterais dominados pelo Ocidente. Em 2021, ações da instituição foram adquiridas por Egito, Emirados Árabes Unidos, Uruguai e Bangladesh. Além desses, outros países teriam interesse em entrar no grupo, como Arábia Saudita, Argélia, Argentina, México e Nigéria. A ideia seria se movimentar como alternativa ao G7, ainda que se valendo de países em considerável posição de desvantagem econômica. 

· 04:17 — A questão inflacionária 

À medida que as taxas de inflação desaceleram nas principais economias, os observadores econômicos alteraram a retórica para sugerir que, embora a inflação caia, ela ainda se mostrará “pegajosa” (resiliente ou resistente). Isso sugere que alguma força estrutural, como demografia ou mudanças nos padrões de comércio global, impedirá a normalização das taxas de inflação. 

Sim, o controle da inflação representa uma série de trade-offs complexos. A inflação persiste se a sociedade não estiver disposta a pagar o preço dessas compensações (juros mais elevados e desemprego, por exemplo). Ao mesmo tempo, os detalhes da inflação mostram que uma desinflação considerável é possível. Vimos o caso da desinflação de bens duráveis nos EUA como ilustrativo disso. 

Vemos que, gradualmente, os rápidos aumentos das taxas de juros no ano passado estão começando a ter impacto nas pressões inflacionárias subjacentes, e os aumentos remanescentes nas economias centrais serão relativamente marginais. A política monetária está começando a funcionar. Resta compreender se isso levará o mundo para uma recessão muito dura.

O primeiro passo para investir com inteligência é buscar informação.

É por isso que a Empiricus Investimentos quer te presentear com uma série de relatórios com recomendações de investimento da Empiricus Research, a maior casa de análise financeira independente do país. Libere seu acesso no botão abaixo:

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.