Bom dia, pessoal. Lá fora, as ações estão subindo depois que o acordo sobre o teto da dívida ultrapassou seu último obstáculo no Congresso, com os investidores agora olhando para os dados de emprego nos EUA que podem esclarecer o rumo da política do Federal Reserve. Os mercados europeus seguem os índices de referência asiáticos, que fecharam o dia em alta, com os fabricantes de artigos de luxo LVMH e Richemont entre as principais altas.
Os segmentos ligados às commodities também andam bem, acompanhando a alta das matérias-primas subjacentes nesta manhã. As mineradoras, por exemplo, tiveram desempenho superior após a recuperação dos metais industriais. Os contratos futuros do S&P 500 e do Nasdaq sobem igualmente, após valorizações robustas de quinta-feira, com o Nasdaq caminhando para o sexto avanço semanal consecutivo.
Os gigantes da tecnologia ainda estão impulsionando a maior parte do avanço do mercado de ações, com a Apple se aproximando de um novo recorde histórico e a Nvidia subindo mais de 5% na quinta-feira. Além da obsessão por qualquer coisa relacionada à inteligência artificial, o otimismo com o setor também reflete a queda nos yields (rendimentos) dos títulos americano e vendas acima do estimado na Dell.
A ver…
· 00:51 — PIBão
No Brasil, o mercado digeriu uma bela surpresa positiva com o PIB do primeiro trimestre, muito por conta da oferta, que impulsionou as estimativas do mercado para o crescimento deste ano para a casa dos 2% — os dados de produção industrial de hoje podem apoiar ainda mais tal expectativa a depender do resultado, mesmo que a mediana aponte para uma queda de 0,3% no mês de abril. No primeiro trimestre, a economia brasileira cresceu 1,9% na comparação com o trimestre anterior e 4% contra o mesmo período do ano passado. Os dados não só foram uma aceleração frente ao quarto trimestre, como também vieram bem acima das expectativas dos investidores.
O grande destaque foi o PIB da Agropecuária, que subiu 21,6% no período, em parte devido à base de comparação com quebra de safra em 2022. Por conta do dado, o PIB brasileiro esteve entre os três melhores resultados dos 34 países que já divulgaram dados para o PIB do primeiro trimestre de 2023, atrás apenas da Polônia e da China. Um fato importante é que, apesar do dado forte, nem todos os elementos foram positivos, como foi o caso da indústria, que apresentou queda no período. Em outras palavras, o Brasil cresce, mas sem prejudicar a ideia de que os juros possam cair no terceiro trimestre, uma vez que a inflação seguirá desacelerando.
· 01:50 — Teto da dívida aprovado
Nos EUA, o Senado aprovou uma legislação para suspender o teto da dívida dos EUA e impor restrições aos gastos do governo até a eleição de 2024, encerrando um drama que ameaçava uma crise financeira global. A medida agora vai para a mesa do presidente Joe Biden, que firmou o acordo com o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, e planeja assiná-lo o quanto antes, apenas alguns dias antes do default.
A votação de 63 a 36 sobre o projeto de lei foi aprovada por moderados em ambos os partidos, muitos dos quais expressaram suas dúvidas sobre partes do acordo, mas estavam convencidos de que suas preocupações não valiam a pena arriscar o estrago que um calote causaria. O movimento preserva a sanidade financeira global. Após a resolução da questão da dívida, aguardamos os dados de payroll de maio.
· 02:27 — E esse mercado de trabalho?
Ainda nos EUA, com os políticos americanos finalmente deixando os investidores em paz, podemos voltar a nos preocupar com a economia real. Ontem, o destaque econômico do dia foi o índice de gerentes de compras de manufatura, ou PMI, do Institute for Supply Management. O dado mostrou um encolhimento contínuo no setor industrial dos EUA em maio, e está acontecendo em um ritmo mais rápido do que em abril, mostrando 46,9 pontos, abaixo das projeções e em território de construção.
Ao mesmo tempo, o mercado de trabalho dos EUA continuará sendo um ponto de discussão hoje. O relatório de emprego deve mostrar uma alta de 188 mil para as folhas de pagamento não agrícolas, após um aumento de 253 mil em abril. A taxa de desemprego, por sua vez, deve subir de 3,4% para 3,5%, ainda se mantendo no menor patamar desde 1969. Por fim, espera-se que o salário médio por hora suba 4,4% na comparação anual, levemente abaixo da contagem anterior.
A tendência seria de continuidade do afrouxamento no mercado de trabalho. A depender do resultado, podemos ter mais clareza sobre os próximos passos do Federal Reserve, que continua debatendo se eleva os juros neste mês ou faz uma pausa. A cada passo, os dados mostram que a desaceleração que estamos vendo na demanda por mão de obra é gradual, e não dramática, o que dificulta a vida da autoridade monetária no combate à inflação.
· 03:25 — Caminhamos para um novo BRICS
A África do Sul fornecerá imunidade diplomática aos participantes das reuniões do grupo de países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), uma prática que o governo disse ser rotineira, enquanto se prepara para receber o presidente russo, Vladimir Putin, em uma cúpula em agosto. A decisão vem depois de o banco central do país alertar sobre as terríveis consequências se houver sanções por causa de sua posição sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. Além disso, os russos são aliados de vários países que pleiteiam vaga entre os BRICS.
O Novo Banco de Desenvolvimento, por exemplo, o credor criado pelos países do BRICS, ampliará seu número de membros à medida que busca combater a influência dos bancos multilaterais dominados pelo Ocidente. Em 2021, ações da instituição foram adquiridas por Egito, Emirados Árabes Unidos, Uruguai e Bangladesh. Além desses, outros países teriam interesse em entrar no grupo, como Arábia Saudita, Argélia, Argentina, México e Nigéria. A ideia seria se movimentar como alternativa ao G7, ainda que se valendo de países em considerável posição de desvantagem econômica.
· 04:17 — A questão inflacionária
À medida que as taxas de inflação desaceleram nas principais economias, os observadores econômicos alteraram a retórica para sugerir que, embora a inflação caia, ela ainda se mostrará “pegajosa” (resiliente ou resistente). Isso sugere que alguma força estrutural, como demografia ou mudanças nos padrões de comércio global, impedirá a normalização das taxas de inflação.
Sim, o controle da inflação representa uma série de trade-offs complexos. A inflação persiste se a sociedade não estiver disposta a pagar o preço dessas compensações (juros mais elevados e desemprego, por exemplo). Ao mesmo tempo, os detalhes da inflação mostram que uma desinflação considerável é possível. Vimos o caso da desinflação de bens duráveis nos EUA como ilustrativo disso.
Vemos que, gradualmente, os rápidos aumentos das taxas de juros no ano passado estão começando a ter impacto nas pressões inflacionárias subjacentes, e os aumentos remanescentes nas economias centrais serão relativamente marginais. A política monetária está começando a funcionar. Resta compreender se isso levará o mundo para uma recessão muito dura.
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