Mercado em 5 minutos

Mercado americano aguarda divulgação do Payroll nesta manhã, no Brasil incertezas sobre inflação continuam; confira

O destaque de hoje é a divulgação do dado mais importante do mercado de trabalho americano, o payroll.

Por Lais Costa

07 jun 2024, 08:59 - atualizado em 07 jun 2024, 08:59

Imagem representando o Hawkish, uma prática do mercado financeiro que aposta na elevação dos juros para segurar a inflação.
Hawkish

Bom dia! Os mercados operam em baixa nesta manhã de sexta-feira (7). Os mercados asiáticos fecharam em queda, os principais índices europeus operam no vermelho e o futuro do S&P segue o tom negativo neste último pregão da semana.

Ontem o dia foi positivo para os ativos brasileiros. O Real apreciou 0,87%, entregando a melhor performance do dia entre os pares LatAm, a curva de juros registrou queda de até 10 pontos-base nos vértices mais longos e o Ibovespa voltou a subir (1,2%) após amargar queda em todos os pregões anteriores deste mês de junho.

Entre os destaques de hoje, o mercado espera a divulgação do dado mais importante do mercado de trabalho americano, o payroll às 9h30. A mediana das expectativas dos economistas coletada pela Bloomberg aponta para a criação de 180 mil novas vagas de emprego no mês de maio, uma aceleração em relação às 175 mil vagas em abril.

Ainda bastante relevante, é esperada que a taxa de desemprego se mantenha estável em 3,9% e que haja um crescimento de 0,3% mês a mês dos ganhos por hora trabalhada, indicador relevante para a expectativa de inflação de salários por lá.

01:43 – Foi dada a largada

Embora ainda tenhamos patamares de inflação corrente acima dos níveis condizentes com o cumprimento da meta em diversas economias desenvolvidas, na quinta-feira (6), o Banco Central Europeu (BCE) deu a largada e confirmou as expectativas da maioria dos agentes de mercado ao anunciar a primeira redução das taxas de juros em 25 pontos-base para 3,75% a.a..

O discurso da Presidente Lagarde foi visto como cauteloso indicando que a continuação do ciclo de corte depende dos dados que serão divulgados à frente. Nessa linha, Lagarde afirmou que os juros reais estão em patamares bastante restritivos, por isso, é muito provável que este não seja um corte isolado, contudo, “a velocidade e o tempo dependerão dos dados”, afirmou a Presidente da autoridade monetária europeia.

02:43 – De volta ao consenso

Ainda na seara monetária, ontem (6) tivemos diversas falas de membros do Comitê de Política Monetária (COPOM). Pela manhã, o Presidente Roberto Campos Neto falou em tom duro (hawkish) em evento realizado com agentes de mercado. Campos Neto apontou vetores de incerteza em relação à inflação doméstica e destacou o uso do termo “desancoradas” ao se referir às expectativas de inflação futura.

Em relação ao fiscal, o Presidente afirmou que 80% das respostas do questionário do Copom indicaram uma piora no cenário fiscal e que o aumento esperado da trajetória da dívida pelo mercado tem gerado prêmio de risco na curva de juros.

Em seguida, o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo seguiu a linha cautelosa de Campos Neto e afirmou que “tem muito valor” em uma decisão unânime do Copom. Galípolo ainda afirmou que não cabe discussão em relação à meta de inflação.

As falas consensuais dos membros do COPOM contribuíram grandemente para a melhora observada nos ativos de risco brasileiros durante o dia.

Na agenda das autoridades de hoje (7), teremos novamente o Presidente Campos Neto (10h30), Gabriel Galípolo (12h) e Paulo Picchetti (9h) em eventos abertos à imprensa.

3:05 – Em busca de credibilidade fiscal

Enquanto o Banco Central converge novamente para um consenso, no âmbito fiscal, a necessidade de aumento da arrecadação do governo gera muito ruído.

Na terça-feira (4), o presidente Lula barrou a cobrança de imposto de herança (ITCMD) sobre aplicação de previdência, contrariando recomendações da área técnica à frente da reforma tributária. Em entrevista coletiva, o secretário extraordinário do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, confirmou que a decisão foi política, após diversos questionamentos dos jornalistas.

No mesmo dia, foi assinada a MP 1.227/2024 que limita o uso de créditos de PIS e da Cofins, em uma medida para bancar a desoneração da folha salarial de 17 setores da economia e de municípios até 2027. Segundo a Receita Federal, a desoneração deve custar R$26,3 bilhões e as medidas do governo devem gerar R$29,3 bilhões aos cofres públicos.

Já na quarta-feira (5) a noite, o Senado aprovou o Mover e confirmou taxação de 20% para compras de até US$50 do exterior. Agora, o Comitê Nacional de Secretários Estaduais da Fazenda (Comsefaz) quer propor o aumento de 17% para 20% do ICMS sobre compras internacionais.

As manchetes de quinta-feira (6) revelaram grande insatisfação em relação à limitação do uso de créditos de PIS e da Cofins, por diversas entidades do setor de agronegócio. A MP tem sido chamada de “MP do fim do mundo” pelos líderes desse setor que pediram ao Presidente do Senado a devolução da medida ao Governo.

Em uma corrida para achar alternativas para a MP, foi cogitada uma nova edição da repatriação de recursos, porém, a medida teria um impacto insignificante de aumento de arrecadação.

Do lado da despesa, repercute ainda nesta manhã o corte de despesas não obrigatórias na casa de R$5,7 bilhões do orçamento do Farmácia Popular, Auxílio Gás, obras em rodovias, PF e Exército. Esse corte é fruto do limite no reajuste de crescimento de despesas pelo índice de preços corrente do arcabouço fiscal. Na contramão, houve aumento de previsão de gastos com previdência na casa de R$13 bilhões.

Nos bastidores, os esforços da Fazenda em prol do aumento da arrecadação e os cortes de despesas não obrigatórias têm encontrado bastante resistência política, sinais de esgotamento no Congresso e batalhas dentro e fora de Brasília.

5:12 – É bem difícil perder dinheiro

Enquanto as incertezas em relação à credibilidade fiscal e monetária se mantêm elevadas, os juros ofertados pelos títulos públicos oferecem oportunidades muito atrativas para os investidores.

Em particular o…

Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira eletricista pela UTFPR com passagem pelo MIT e especialização em finanças pela Columbia University. Iniciou a carreira no mercado financeiro com foco no mercado de bonds nos EUA. Após uma experiência na Itaú Asset em NY, ela esteve por três anos no time de Global Macro Strategy da XP Inc também em NY, cobrindo mercados emergentes asiáticos e Brasil com foco em criação de ideias de investimento de renda fixa para clientes institucionais. Desde maio de 2021, Laís faz parte do time de análise da Empiricus. Por dois anos foi responsável pela alocação e seleção de fundos globais e hoje é a analista a frente das séries Super Renda Fixa e Os Melhores Fundos de Investimento.