Bom dia, pessoal. Com este Mercado em Cinco Minutos encerramos 2022. Estaremos de volta a partir do dia 3 de janeiro para cobrir o próximo ano com a mesma diligência e responsabilidade de sempre. Gostaríamos de agradecer aos leitores que nos acompanharam diariamente ao longo deste complicado e paradigmático ano. Desejamos a todos um excelente Natal e um próspero Ano Novo!
Lá fora, as ações caíram na Ásia nesta sexta-feira, acompanhando o recuo em Wall Street impulsionado por temores de que dados econômicos fortes levem o Federal Reserve a aumentar as taxas de juros para domar a inflação. Xangai ficou estável, enquanto outros índices importantes caíram.
Por outro lado, os mercados europeus e os futuros dos EUA têm uma boa manhã, assim como os preços do petróleo e de algumas outras commodities. Como poderíamos esperar, o volume de negociação está bem reduzido com a proximidade dos feriados de Natal e Ano Novo. O Brasil pode acompanhar a tendência positiva.
A ver…
· 00:45 — Sabonete neutro em Brasília
Por aqui, os investidores aguardam a prévia da inflação oficial de dezembro, o IPCA-15, com expectativa de uma alta de 0,52% na comparação mensal, enquanto ainda digerimos os indicados de ontem do presidente eleito e do futuro ministro da Fazenda. Entre os nomes, o único que serviu para animar minimamente o mercado foi o de Geraldo Alckmin, o vice-presidente eleito, para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, dando o tom mais moderado prometido por Lula aos ministérios.
Fora isso, nenhum nome chamou muita atenção. Haddad aproveitou o dia para também apresentar seu segundo escalão. Marcos Barbosa Pinto será secretário de Reformas Econômicas, Rogério Ceron, que foi secretário de Finanças da prefeitura de SP, será o secretário do Tesouro, Robinson Barreirinha comandará a Receita Federal e Guilherme Mello ficará com a Secretaria de Política Econômica.
Nenhum dos nomes gerou fortes emoções no mercado, com exceção de Guilherme Mello, professor da Unicamp, que preocupa um pouco por suas ideias heterodoxas (sabemos para onde esse caminho pode levar). Agora, sem mais a PEC ou o Orçamento para se preocupar, o mercado pode se dar o luxo de tentar buscar um rali de final de ano, enquanto ainda aguarda os nomes que faltam da equipe de Lula.
· 01:47 — Inverteu
Nos EUA, as ações não conseguiram ontem registrar um terceiro dia consecutivo de alta na quinta-feira, em parte devido aos dados do PIB mais fortes do que o esperado. A economia americana cresceu 3,2% na taxa anual ajustada sazonalmente no terceiro trimestre, depois de ter entregado nos queda no crescimento do PIB nos dois primeiros trimestres do ano (fatores técnicos do dado atrapalham a leitura).
O mercado de ações está claramente preocupado com o fato de que, com a economia mantendo muito de sua força, o Federal Reserve terá que manter as taxas de juros de curto prazo mais altas por mais tempo. Vemos hoje uma tentativa de recuperação do mercado, como poderíamos esperar, mas o humor não é dos melhores. Com a falta de liquidez, seria natural esperar por um rali de final de ano, mas nada muito empolgante.
· 02:28 — Um ano estranho para as ofertas
A poderosa máquina de IPO dos EUA se mostrou fraca em 2022. Após um recorde em 2021, apenas 37 empresas operacionais levantaram US$ 7 bilhões em ofertas públicas iniciais tradicionais este ano, a menor receita desde os US$ 4,3 bilhões captados em 1990 — se contarmos outros tipos especiais de oferta, o número pode chegar a 71 IPOs para US$ 8 bilhões (apenas 16 negócios conseguiram mais de US$ 100 milhões).
O motivo para o humor negativo? O sentimento dos investidores e os retornos das ações cederam este ano após os aumentos agressivos da taxa de juros do Federal Reserve para conter a inflação. Taxas mais altas reduzem o valor presente das ações, afetando os valuations. Pode ser necessário que as taxas de juros caiam para trazer o ânimo de volta ao mercado de IPO, ou pelo menos, menos volatilidade do mercado.
No Brasil não foi diferente. Não tivemos nenhuma IPO em 2022, tendo também perdido 14 empresas listadas na Bolsa. Para o ano que vem, há previsão de até 40 ofertas de ações, mas a grande maioria deve ser de “follow-ons”, com apenas cerca de um terço desse total formado por IPOs. Adicionalmente, o jogo está em aberto. Se a taxa de juros mantiver alta e as condições econômicas forem ruins, o número pode ceder.
· 03:33 — A estratégia russa
A Rússia e o Irã, sob tremenda pressão das sanções, estão se voltando um para o outro e construindo uma nova rota comercial transcontinental que se estende da borda leste da Europa ao Oceano Índico. Trata-se de uma passagem de 3.000 km que está além do alcance de qualquer intervenção estrangeira.
É um exemplo de como a competição entre grandes potências está remodelando rapidamente as redes comerciais em uma economia mundial que parece destinada a se fragmentar em blocos rivais. O objetivo dos russos é proteger os vínculos comerciais da interferência ocidental e construir novos vínculos com as economias gigantes e em rápido crescimento da Ásia. A regionalização será uma tendência relevante no futuro.
· 04:07 — O problema chinês
Os investidores não estão sabendo como projetar o futuro do gigante asiático. As esperanças de que o crescimento da China deverá aumentar à medida que reverte sua estratégia de Covid zero foram ofuscadas por um aumento de casos em todo o país que manteve as pessoas em casa e afetou as viagens e a atividade econômica.
O aumento nas taxas de infecção por Covid-19 após a flexibilização das restrições de mobilidade ainda restringe a atividade econômica no período de dezembro a janeiro. Ainda assim, as expectativas de que a demanda por petróleo aumentará em 2023, bem como uma queda nos estoques dos EUA, estão fornecendo um suporte saudável para o preço do barril, o que pode ser um vetor importante para o Brasil.
Um abraço,
Matheus Spiess
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