Após muito tempo de uma política monetária mais restritiva nos Estados Unidos, o Federal Reserve cortará as taxas de juros hoje pela primeira vez desde a pandemia de Covid-19, período em que foi forçado a implementar cortes emergenciais. Embora haja debate sobre a magnitude desse movimento, o essencial é que o ciclo de flexibilização será iniciado. No Brasil, o cenário será diferente, com o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciando sua decisão sobre a taxa Selic após o fechamento dos mercados, com expectativa de seguir uma direção oposta à dos EUA.
Enquanto o mundo aguarda ansiosamente a decisão do Fed, os mercados asiáticos, retornando em sua maioria do feriado, encerraram esta quarta-feira (18) sem uma direção clara. Já na Europa, as bolsas apresentam desempenho misto, enquanto os futuros americanos sobem de forma tímida nesta manhã. Embora outros dados importantes, como a inflação na Europa, também estejam sendo divulgados, eles acabam ofuscados pela relevância da chamada “Super Quarta“. Estamos à beira de uma mudança significativa no ciclo econômico.
A ver…
· 00:56 — Pode endurecer a política monetária, mas isso não diminui a urgência de realizar cortes nos gastos
Às vésperas das decisões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o Ibovespa encerrou o dia em leve queda, abaixo dos 135 mil pontos. No Brasil, a expectativa predominante no mercado é de um aumento de 25 pontos-base na taxa Selic, uma projeção que também compartilho. Entretanto, há quem preveja um aumento mais agressivo, de 50 pontos-base.
Após o anúncio, espero um comunicado com tom mais severo do Banco Central, indicando a possibilidade de mais dois ajustes de mesma magnitude até o fim do ano, divergindo de algumas análises que preveem uma aceleração no ritmo dos ajustes. Vale lembrar que o atual patamar de 10,5% já impõe uma forte restrição à economia. Adicionalmente, com a expectativa de continuidade dos cortes de juros nos países desenvolvidos, especialmente nos EUA, novos aumentos mais agressivos por aqui podem se tornar desnecessários.
Além disso, o principal risco permanece no campo fiscal. O crescimento das despesas no primeiro semestre superou as expectativas, pressionando a demanda e dificultando a busca por um ajuste fiscal adequado. O simples aumento dos juros não será suficiente se o governo não conseguir conter os gastos. Embora a arrecadação tenha atingido recordes, o crescimento das receitas tem sido insuficiente para compensar a expansão das despesas, agravada por manobras contábeis que pioram a percepção de credibilidade fiscal. Esse desequilíbrio, apesar de ter impulsionado o crescimento econômico, levou a uma política monetária mais restritiva (devemos finalizar o ano em 11,25% de Selic), criando um cenário que, no longo prazo, é insustentável, especialmente com o aumento da razão dívida sobre PIB (risco de dominância fiscal).
No entanto, pode ser necessário esperar a conclusão das eleições municipais para termos uma visão mais clara da trajetória fiscal. Ontem, o presidente Lula sancionou, com vetos, a lei que prorroga a desoneração da folha de pagamentos, acompanhada de medidas de compensação. Ótimo, mais uma página virada. Agora, o Ministério da Fazenda precisa agir com cautela. Sem cortes substanciais nos gastos e uma recuperação da credibilidade fiscal, corremos o risco de ver uma desvalorização cambial acentuada, ao invés de uma valorização, demandando uma nova rodada de altas nos juros. Este é o cenário de incerteza que os mercados enfrentam neste mês.
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· 01:47 — O que importa é a trajetória
Nos Estados Unidos, finalmente chegou o aguardado dia da decisão do Federal Reserve, que será divulgada hoje à tarde, junto com o Sumário de Projeções Econômicas (SEP, na sigla em inglês) e uma coletiva de imprensa do presidente da instituição, Jerome Powell. O Fed já vem se preparando para este momento, e o mercado agora precifica uma probabilidade maior de um corte mais ousado, de 50 pontos-base.
Tradicionalmente, o Federal Reserve evita contrariar expectativas tão amplamente disseminadas — o ideal seria que a comunicação tivesse alinhado as previsões de forma mais coesa. Ainda assim, acredito que um corte de 25 pontos-base seja o desfecho mais provável, ajustando a taxa de juros para a faixa entre 5,00% e 5,25% ao ano.
Caso o corte seja de 0,5 p.p., Powell pode adotar um tom mais cauteloso, sugerindo que o mercado não deve esperar uma série de cortes expressivos nas próximas reuniões. Por outro lado, uma redução de 25 pontos provavelmente deixaria aberta a possibilidade de ajustes maiores futuramente. Independentemente do desfecho, o mais importante é que o ciclo de flexibilização da política monetária terá início — e isso é o que realmente importa.
Além disso, as projeções econômicas do Fed trarão mais detalhes. O relatório, que é atualizado trimestralmente, oferece uma visão das previsões dos membros da autoridade monetária, com destaque para o chamado “gráfico de pontos”, que registra as projeções individuais dos sete membros do Conselho de Governadores e dos 12 presidentes regionais do Fed — 19 pontos anônimos ao todo, sendo a mediana das estimativas destacada. Desde 1990, houve cerca de 50 cortes nas taxas de juros, e apenas sete desses ocorreram quando o índice S&P 500 estava a menos de 1% de uma nova máxima histórica (atualmente, o índice está em 5.634 pontos, próximo ao recorde de 5.667,20 registrado em julho).
A única vez em que o Fed iniciou um ciclo de cortes tão perto de um pico recorde foi em julho de 1995, quando o índice subiu 1,2% no dia e avançou 11% nos seis meses seguintes. Se uma recessão for evitada, os próximos meses podem trazer um cenário positivo para os mercados.
· 02:39 — Nova rodada de investimentos
A BlackRock (BLAK34) e a Microsoft (MSFT34) estão se unindo em uma das maiores iniciativas já vistas para financiar a construção de data centers e infraestrutura energética voltada ao crescimento da inteligência artificial. Com o apoio do veículo de investimento MGX, dos Emirados Árabes Unidos, as empresas pretendem levantar US$ 30 bilhões em capital de private equity, que será alavancado para alcançar até US$ 100 bilhões em investimentos potenciais.
A maior parte dos recursos será destinada a projetos de infraestrutura nos EUA, embora uma parte seja direcionada a países parceiros. O fundo, que está sendo lançado pela BlackRock em conjunto com sua nova unidade de investimento em infraestrutura, a Global Infrastructure Partners (GIP), deve se tornar um dos maiores veículos de investimento já levantados por Wall Street. Além disso, a Nvidia (NVDC34) contribuirá com sua expertise para a operação. Este será o primeiro grande fundo da GIP desde que foi adquirida pela BlackRock por US$ 12,5 bilhões no início deste ano.
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· 03:28 — Mais sobre a deflação chinesa
As preocupações com a deflação e suas potenciais consequências para a segunda maior economia do mundo estão crescendo rapidamente.
O temor central é que, se o governo chinês não agir de forma decisiva para enfrentar a deflação, a economia do país poderá sofrer danos irreversíveis. A deflação, caracterizada pela queda nos preços, pode desencadear uma espiral negativa: com a renda das famílias diminuída, o consumo cai ou é postergado na expectativa de novas quedas de preços, o que afeta as receitas empresariais, desencoraja investimentos e leva a mais cortes salariais e demissões.
Alguns indícios sugerem que essa espiral já está em andamento, como demonstrado pela redução de salários iniciais em comparação com os níveis de dois anos atrás. O presidente Xi Jinping, consciente dessa ameaça, pediu recentemente que as autoridades locais intensifiquem seus esforços para garantir que o país atinja suas metas de crescimento.
A situação da China é frequentemente comparada à do Japão nos anos 1990, quando o país enfrentou uma longa estagnação após o estouro de bolhas imobiliárias e financeiras. No entanto, em certos aspectos, a Coreia do Sul no final do século passado pode ser uma analogia mais adequada. Mesmo assim, a China é significativamente maior e mais influente globalmente, e sua desaceleração já está causando preocupação em economias desenvolvidas, como os EUA.
O grande desafio para os líderes em Pequim é reativar os motores de crescimento, compensando os impactos do enfraquecido mercado imobiliário. Parte dessa estratégia envolve o fortalecimento dos laços com o Sul Global, que inclui países em desenvolvimento na África e América do Sul. A China espera que esses mercados emergentes absorvam sua produção de veículos elétricos e painéis solares, ajudando a aliviar a desaceleração econômica doméstica.
· 04:13 — Mais uma vez tensionado
As tensões no Oriente Médio voltaram a se intensificar. O Hezbollah acusou Israel de ter orquestrado um ataque envolvendo pagers no Líbano, que resultou em várias mortes e deixou milhares de feridos. Autoridades libanesas relataram que mais de 2.700 pessoas foram feridas e nove morreram quando pagers sem fio explodiram simultaneamente em diferentes partes do país na tarde de ontem. E sim, você leu corretamente: “pagers”.
O Hezbollah teria adotado o uso desses dispositivos após os ataques de 7 de outubro, temendo que Israel tivesse comprometido seus sistemas de comunicação via celular. O episódio gerou temores de uma escalada para uma guerra em grande escala na região, o que impulsionou os preços do petróleo na terça-feira.
Apesar dessa escalada, os preços do petróleo voltaram a cair nesta manhã, enquanto investidores lidam com outros fatores, como sinais de aumento nos estoques de petróleo dos EUA e expectativas sobre a política de taxas de juros do Federal Reserve.
No acumulado do ano, a commodity permanece significativamente mais barata, impactada pela fraca demanda da China e pelos planos da OPEP+ de eventualmente retomar o fornecimento anteriormente interrompido, o que tem pressionado os preços. Contudo, tensões geopolíticas, como as de ontem, podem novamente impulsionar uma alta no preço do barril, dependendo da evolução da situação.
· 05:04 — Uma oferta interessante
A Kinea Investimentos, reconhecida por sua atuação no mercado de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), administra mais de R$ 30 bilhões nesse segmento.
Desde sua fundação em 2007, a gestora se consolidou como referência no setor de crédito, com destaque para dois dos principais fundos do Índice de Fundos Imobiliários (Ifix): o Kinea Índice de Preços (KNIP11) e o Kinea Rendimentos (KNCR11). No entanto, o objetivo deste texto é apresentar uma nova e promissora oferta…