Bom dia, pessoal. Após o retorno do feriado do Ano Novo Lunar, os mercados chineses experimentaram um declínio modesto, mesmo diante de um corte na taxa de juros de longo prazo superior ao antecipado, que não conseguiu elevar o ânimo do mercado. A reação dos investidores foi temperada; apesar da surpresa com a redução nas taxas de longa duração, havia expectativas de medidas ainda mais agressivas. Isso desencadeou preocupações sobre a desaceleração econômica na China, afetando negativamente o mercado de commodities.
Na Europa, os mercados mostram-se variados, com avanços em Paris e Madri graças a resultados corporativos positivos, contrastando com a baixa em Londres, onde a queda nos preços das commodities exerceu pressão, apesar dos ganhos significativos de alguns bancos por conta da temporada de resultados, como é o caso do Barclays. A digestão do índice divulgado pelo BCE de salários negociados também mantém os investidores em alerta.
Do outro lado do Atlântico, os futuros americanos registraram queda, refletindo a falta de novos estímulos e a repercussão das notícias mais sombrias vindas da Ásia. Para o mercado local, o cenário sugere um dia de testes, especialmente devido ao impacto sobre as commodities, indicando um ambiente desafiador para as negociações.
A ver…
· 00:53 — E se crescermos mais do que o esperado?
Na agenda econômica brasileira, o destaque solitário é a prévia do IGP-M, abrindo espaço para que possamos nos debruçar sobre a temporada de divulgação de resultados empresariais, tanto antes quanto após o mercado fechar. No cenário corporativo, a Vale enfrenta expectativas de pressão devido à recente queda no preço do minério de ferro, e a atenção se volta para a reunião sobre a sucessão do CEO prevista para quinta-feira, coincidindo com a publicação atrasada do boletim Focus pelo Banco Central. O cenário fiscal ocupa posição de destaque em Brasília, com discussões encabeçadas por Lula no Congresso e debates sobre reoneração liderados por Haddad, sinalizando que o foco do ano se concentrará na implementação da reforma tributária e na busca por estratégias para melhorar a arrecadação. Parece que a reforma tributária focada em renda e patrimônio será postergada para o próximo ano, enfrentando possíveis desafios em sua aprovação.
Além disso, o IBC-Br de dezembro apresentou um crescimento superior ao esperado, com um aumento mensal de 0,8% e anual de 2,4%, sugerindo um crescimento econômico próximo a 3% para o último ano, conforme dados preliminares. Este indicador, considerado um termômetro para o PIB, sugere uma robustez na economia que pode levar a revisões positivas nas projeções de crescimento para 2024, atualmente estimadas em torno de 1,5%. Observações recentes sobre a atividade industrial e o consumo de serviços indicam que a economia pode superar as expectativas para este ano, alinhando-se às estimativas do Ministério da Fazenda de um PIB potencial entre 2% e 2,5%.
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· 01:47 — Voltando do feriado
Nos Estados Unidos, a retomada das atividades pós-feriado é marcada por uma atmosfera de cautela entre os investidores, aguardando ansiosamente a divulgação da ata do Federal Reserve, prevista para amanhã. Cresce a expectativa de que o início da redução das taxas de juro possa ser adiado para junho, em detrimento de maio, refletindo a instabilidade do mercado nas últimas semanas. Neste contexto, os fundamentos econômicos e políticos têm provocado oscilações, mantendo, no entanto, a essência do cenário inalterada: a análise dos dados fundamentais revela argumentos mistos quanto à possibilidade de um “pouso suave” da economia, polarizando os investidores entre otimistas, que apostam na resiliência dos principais índices impulsionados pelas grandes corporações, e os mais cautelosos, que buscam estratégias defensivas para minimizar perdas e otimizar proteções.
Desde o início do ano, o S&P 500 acumula ganhos de 5,5%, e o Nasdaq, de 6%, desempenhos que, globalmente, só são ultrapassados por alguns mercados emergentes específicos. Apesar destes avanços, metade das ações listadas no S&P 500 e 64% das ações da Russell apresentam desvalorização no ano, sinalizando uma concentração dos lucros em empresas de tecnologia, embora recentemente tenha havido esforços para diversificar esses ganhos em outros setores. Com vistas ao futuro, o mercado começa a projetar um S&P 500 superando a marca dos 5.000 pontos, apoiado por expectativas como a do Goldman Sachs, que ajustou sua previsão para o índice atingir 5.200 pontos até o final do ano, motivado principalmente pelo impulso das gigantes do setor tecnológico.
· 02:35 — Dividindo um gigante
Blackwells Capital, um acionista da Walt Disney, avançou com uma estratégia audaciosa ao nomear candidatos próprios para o conselho da empresa, entre eles Jessica Schell da Warner Bros., o investidor imobiliário Craig Hatkoff e Leah Solivan, fundadora da TaskRabbit. A proposta inclui a divisão do gigante do entretenimento em três entidades distintas, cada uma especializada em esportes, entretenimento e resorts, aproveitando também a parceria existente da Disney em streaming esportivo. O objetivo dos novos conselheiros seria navegar a empresa através da fusão de experiências que combinam o físico, o digital e a inteligência artificial de maneiras inovadoras.
Jessica Schell traria sua expertise para expandir a presença da Disney no mercado de streaming, mirando um crescimento em assinantes e valorização de serviço comparáveis aos da Netflix. Craig Hatkoff teria a missão de gerir os parques temáticos e a vasta propriedade imobiliária de hospitalidade da Disney, potencialmente transformando-os em um fundo de investimento imobiliário independente e público, avaliado em US$ 77,5 bilhões, refletindo os imóveis que correspondem a aproximadamente 44% do valor de mercado da Disney. A complexidade da gestão da Disney sugere que suceder o CEO atual, Bob Iger, pode ser um desafio para um único indivíduo, o que fortalece a argumentação para a reestruturação proposta. No entanto, o desempenho financeiro robusto da empresa no último trimestre pode colocar essas mudanças radicais em espera, pelo menos por ora.
· 03:29 — Superou as expectativas e ainda assim frustrou… Como pode?
A China executou uma redução sem precedentes na taxa de juros de longo prazo, uma medida direcionada a sustentar o abalado setor imobiliário do país. O Banco Central Chinês, o Banco Popular da China, ajustou para baixo sua taxa de referência para empréstimos de cinco anos por 25 pontos base, para 3,95%, uma ação mais agressiva do que o mercado antecipava, estabelecendo essa taxa em um novo patamar recorde de baixa. Esta decisão, no entanto, veio acompanhada de uma certa desilusão, pois não houve alteração na taxa de juros de curto prazo, contrariando algumas expectativas de cortes mais abrangentes.
Essa medida isolada não conseguiu dissipar o ambiente de cautela que há tempos permeia os investidores, ávidos por um pacote de estímulo mais robusto que até agora não se materializou. Como reflexo direto, observou-se uma queda acentuada no preço do minério de ferro e um desempenho negativo nos índices do mercado de ações chinês, evidenciando a frustração dos investidores diante da ausência de ações mais contundentes por parte do governo chinês.
Existe uma clara demanda por parte do mercado por políticas fiscais mais específicas e vigorosas por parte de Pequim. Vale ressaltar que, em 2023, as ações chinesas se destacaram negativamente no panorama asiático e pouco se recuperaram em 2024, ainda sob a sombra de preocupações com a lenta retomada econômica da China. Esse cenário contribui para uma visão cautelosa em relação aos mercados asiáticos de forma mais ampla, refletindo a apreensão constante com o futuro econômico chinês.
· 04:30 — Buscando 2021
As ações globais estão um pouco hesitantes à medida que o índice de ações MSCI All World se aproxima da máxima recorde alcançada em 2021. Dessa vez, porém, essa situação não é impulsionada pelas commodities, que estão caindo, mesmo em meio às interrupções nas cadeias de abastecimento no Mar Vermelho.
O enigma para os investidores é se a queda nas commodities é uma bênção ou um aviso de alguma recessão maior que está por vir; afinal, a queda dos preços dos principais componentes utilizados na produção de produtos é muitas vezes considerada um sinal de fraca procura, especialmente quando se exclui a energia e as suas flutuações por vezes impulsionadas pela Opep+. Se esse for o principal fator, então as ações parecem perigosamente elevadas.
Por outro lado, a subida em 2022 para o máximo dos últimos 10 anos nas matérias-primas não energéticas ajudou a fazer com que as ações caíssem, tanto através do choque directo de preços como graças à resposta do banco central aos aumentos das taxas de juro. Nessa leitura, os custos das matérias-primas poderão ter de ser tão baixos para permitir maiores ganhos de capital. Poderemos obter uma resposta mais clara nas próximas semanas, especialmente se as matérias-primas estabilizarem ou caírem definitivamente para oferecer um cenário mais definitivo para o desempenho das ações. Importante para o Brasil, claro, muito sensível às commodities.
· 05:22 — Revisitando um resultado positivo
Ontem, a performance destacada dos gigantes bancários impulsionou o Ibovespa, notadamente com avanços nas ações do Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4), e de forma mais reservada, o Santander (SANB11). Em particular, o Itaú, anteriormente destacado aqui como uma das minhas recomendações para constituir um portfólio de ações nacionais, recebeu recentemente uma menção positiva do Citi, classificando-o como a escolha primária no segmento bancário do país. Enquanto concordo com a avaliação, não posso deixar de ressaltar um rival digno, já referenciado anteriormente, que também reportou resultados impressionantes recentemente, durante esta extensa temporada de balanços…