Bom dia, pessoal. Hoje, os mercados estão exibindo um tom mais pessimista do que na sessão anterior. Os índices europeus estão em baixa, acompanhados pelos futuros dos EUA, refletindo uma perda de otimismo entre os investidores asiáticos, que encerraram a terça-feira em queda após os recentes ganhos impulsionados pelas novas medidas de estímulo do governo chinês ao mercado imobiliário.
O calendário econômico de hoje é mais enxuto, mas inclui discursos importantes de várias autoridades monetárias nos EUA e na Europa, que podem impactar as expectativas para as taxas de juros. Um destaque é a participação de Andrew Bailey, presidente do Banco da Inglaterra. Além dele, cinco membros do Federal Reserve também farão pronunciamentos hoje. Mais cedo, foram divulgados dados sobre a inflação dos preços ao produtor na Alemanha, que continuam em deflação.
A ver…
· 00:52 — Qual a chance do ambiente local melhorar?
No Brasil, a divulgação dos números de arrecadação federal de abril está sob holofotes, possivelmente trazendo resultados surpreendentes, como já observado no primeiro trimestre deste ano. Apesar deste aumento inicial em arrecadação, o cenário não mitiga o risco fiscal ascendente que segue moldando as expectativas do mercado.
Essa persistente incerteza está impactando diretamente nas decisões de política monetária, que tende a uma postura mais restritiva nos próximos meses. Ontem, mesmo diante de altas em mercados globais, o Ibovespa encerrou em baixa, refletindo as contínuas adversidades internas (há uma certa dificuldade em engatar a marcha). A piora nas expectativas econômicas foi ressaltada no mais recente Boletim Focus, intensificando as preocupações com a indefinição das perspectivas econômicas atuais.
Entretanto, ainda há quem mantenha um olhar otimista, como o Morgan Stanley, que vê as ações brasileiras como subvalorizadas, uma característica constante neste ciclo econômico desfavorável. Isso levanta interrogações sobre o momento de uma possível reversão de tendência, provocando questionamentos se estamos vivenciando o pico do pessimismo, similar ao ocorrido em outros períodos críticos do ano passado.
A prudência se faz essencial na alocação de investimentos atualmente. Apesar dos obstáculos, oportunidades podem emergir, como a recente retirada da PEC do quinquênio da pauta legislativa para uma nova avaliação de seus impactos fiscais. Além disso, espera-se que a equipe econômica apresente ainda nesta semana uma proposta destinada a compensar as perdas fiscais decorrentes da desoneração de empresas e municípios. Um alento, mas ainda insuficiente para tranquilizar o mercado.
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· 01:47 — Banco Central contracionista
O Banco Central do Brasil tem mantido uma linha mais conservadora em sua política monetária devido à volatilidade das expectativas econômicas. O Boletim Focus ilustrou um panorama desfavorável, marcado pelo aumento das projeções para a taxa Selic em 2024 pela terceira vez consecutiva, assim como ajustes para cima na inflação esperada.
Diante desse cenário, cresce a expectativa de que os cortes na taxa Selic possam ser suspensos em junho, até que mais informações fundamentem novas decisões. Adicionalmente, as previsões para o crescimento do PIB foram reduzidas, em parte devido aos impactos do desastre recente no Rio Grande do Sul.
Gabriel Galípolo, o diretor de Política Monetária do Banco Central, reforçou ontem que o banco não hesitará em agir se a instabilidade nas expectativas inflacionárias continuar. Como possível sucessor de Roberto Campos Neto, Galípolo quer passar uma maior tranquilidade ao mercado enfatizando a independência do Banco Central diante de pressões políticas.
Ao mesmo tempo, vale notar que com a postura mais restritiva adotada na última ata do Copom e um contexto internacional favorável ao câmbio em economias emergentes, surge a possibilidade de apreciação do real. Por isso, a cotação do dólar abaixo de R$ 5 não seria uma surpresa no futuro próximo.
· 02:35 — Ansiedade pelo resultado da Nvidia
Nos EUA, o índice Nasdaq Composite encerrou a segunda-feira com uma alta de 0,7%, estabelecendo um novo recorde, impulsionado pelas grandes empresas de tecnologia que fecharam o dia em alta devido às expectativas pelos resultados da Nvidia na quarta-feira. Em contraste, o Dow Jones Industrial Average caiu 197 pontos, ou 0,5%, após ter atingido o marco histórico de 40 mil pontos na sexta-feira.
É interessante observar que o desempenho robusto do mercado começou a influenciar até os críticos mais ferrenhos. No fim de semana, Mike Wilson, do Morgan Stanley — um dos mais destacados pessimistas de Wall Street — moderou sua perspectiva negativa para o mercado de ações dos EUA.
Wilson elevou sua meta para o S&P 500 para 5.400 pontos, um aumento de 20% em relação à sua previsão anterior de 4.500 pontos para os próximos 12 meses. Embora ainda espere um crescimento modesto de 2% para o índice, essa revisão representa uma mudança significativa em relação à sua previsão anterior, que estimava uma queda de 15% até dezembro. Vale destacar que Wilson não foi o único a revisar suas projeções.
Estrategistas de diversas instituições também ajustaram suas metas de preços. Naturalmente, esse aumento nas metas de preços está correlacionado com a recente alta no mercado de ações, ilustrando uma espécie de ciclo vicioso em que os analistas ajustam suas previsões à medida que os mercados sobem.
· 03:29 — Comparando países desenvolvidos
As questões fiscais americanas estão se tornando uma preocupação crescente, sem dúvida. Muitos tentam traçar paralelos entre os EUA e outros países desenvolvidos, como o Reino Unido, que enfrentou um estresse fiscal sob a breve liderança da primeira-ministra Liz Truss, ou o Japão, cuja dívida ultrapassa 250% do PIB.
No entanto, acredito que os EUA não estão em risco de um estresse fiscal repentino semelhante ao do Reino Unido. Primeiramente, os EUA conseguem se financiar através do setor privado e de investidores globais com maior facilidade do que qualquer outro país. Além disso, um plano fiscal nos moldes do implementado no Reino Unido em 2022 teria dificuldades em ser aprovado nos EUA, e os fundos de pensão não seriam afetados da mesma maneira, o que foi um catalisador para a crise britânica.
Adicionalmente, os EUA não se assemelham ao Japão, que possui uma taxa de poupança muito mais alta e cuja dívida é compensada por um volume elevado de ativos financeiros, especialmente devido aos programas de compras do Banco Central. Portanto, embora a situação fiscal dos EUA seja preocupante, não é diretamente comparável aos casos do Reino Unido ou do Japão.
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· 04:14 — Rupturas no governo israelense
Benny Gantz, líder do partido Unidade Nacional e membro influente no gabinete de guerra de Israel, ameaçou deixar o cargo caso o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não divulgue um plano para a situação pós-conflito em Gaza até o dia 8 de junho. Essa ameaça sublinha o descontentamento crescente dentro do governo israelense diante da guerra prolongada em Gaza, que persiste desde os ataques terroristas no começo de outubro.
Gantz propôs uma estratégia que envolve assegurar o retorno dos reféns, terminar a hegemonia do Hamas, desmilitarizar Gaza e estabelecer uma gestão internacional para a região. A instabilidade contínua na região poderia, de fato, impulsionar o preço do petróleo, podendo impactar na inflação global, como sabemos.
A ameaça de Gantz também escancarou rachaduras no núcleo duro do gabinete de guerra israelense, composto por ele, Netanyahu e o Ministro da Defesa, Yoav Gallant, que se opõe a uma reocupação israelense de Gaza após o término do conflito. Esse cenário indica que Netanyahu enfrenta uma pressão crescente para resolver logo o conflito.
Contudo, parece pouco provável que Netanyahu recue e a campanha militar em Rafah pode se intensificar ainda mais. Ademais, a dependência de Netanyahu em relação aos membros de sua coalizão deve aumentar, na medida em que ele busca neutralizar possíveis desafios ao seu comando por parte de Gallant e Gantz.
· 05:06 — Novos investimentos
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, indicou ontem que o setor siderúrgico brasileiro tem planos de investir mais de R$ 100 bilhões nos próximos cinco anos. Esse compromisso de investimento segue a introdução de novas cotas de importação, que comentamos recentemente, que impõem uma alíquota de 25% sobre importações acima do limite preestabelecido. A efetivação desses investimentos está condicionada à eficácia das políticas de controle e defesa comercial pelo governo, sublinhando a relevância estratégica do setor.
Especificamente no âmbito siderúrgico, a…