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Nova presidência da Petrobras cria rumores no Brasil e inflação causa preocupações; confira

Enquanto no Brasil confirma-se a nova presidência da Petrobras, o cenário atual sugere uma economia americana mais robusta e bolsas europeias registram baixas.

Por Matheus Spiess

24 maio 2024, 09:18 - atualizado em 24 maio 2024, 09:18

Petrobras PETR4

Bom dia, pessoal. A sessão de quinta-feira nos mercados financeiros foi impactada pela surpreendente elevação do PMI nos EUA, que divergiu de outros indicadores econômicos recentes ao mostrar um crescimento acelerado no último mês, superando as previsões. Este resultado impulsionou as taxas dos Treasuries americanos, causando uma pressão desfavorável sobre os ativos de risco em todo o mundo.

O cenário atual sugere uma economia americana mais robusta do que o antecipado, apesar das taxas de juros vigentes, o que diminui a expectativa de dois cortes de juros planejados para 2024, cada um de 25 pontos-base, em setembro e dezembro.

Nesta sexta-feira pela manhã, as bolsas na Europa registram baixas, mesmo diante da posição otimista do BCE de que a inflação está recuando suficientemente para permitir um corte nas taxas em junho. Essa tendência de queda também se observa na Ásia, refletindo a insegurança dos investidores sobre a futura direção das taxas de juros nos Estados Unidos.

Em contrapartida, os futuros americanos exibem um modesto aumento, antecipando um encerramento precoce do mercado de Treasuries devido ao feriado de Memorial Day na segunda-feira. Ainda hoje, será revelado o indicador de sentimento do consumidor de Michigan e as expectativas inflacionárias, que podem influenciar ainda mais os mercados.

A ver…

· 00:51 — Oficializando o nome da nova presidente

No mercado financeiro local, o Ibovespa novamente encerrou o dia em queda, retornando para baixo dos 125 mil pontos, marcando a quinta queda consecutiva do índice. O ambiente de cautela predominou entre os investidores. O dia foi marcado por eventos importantes, incluindo a divulgação de dados econômicos internacionais e a confirmação de Magda Chambriard como presidente da Petrobras pelo Conselho da empresa.

Embora haja rumores de que alguns acionistas possam convocar uma Assembleia Geral Extraordinária para atrasar essa nomeação, considero essa hipótese improvável, com a nomeação de Magda parecendo inevitável. Agora, resta ver se essa mudança resultará em uma nova direção estratégica para a companhia. Além disso, a palestra de Roberto Campos Neto na FGV será um ponto de atenção, com potencial para ajustar novamente as expectativas do mercado, que têm sido bastante voláteis.

A preocupação sobre a meta de inflação está em destaque. Não acredito que a meta esteja em risco, apesar das declarações controversas do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ontem, figuras influentes como o presidente do BTG Pactual, André Esteves, a Ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, tentaram acalmar o mercado.

Se o governo realmente quisesse mudar a meta, isso já teria sido feito no ano passado. Em vez disso, foi proposta a ideia de uma meta contínua, uma abordagem técnica e razoável. Desde que a política monetária se mantenha livre de influências políticas, as expectativas do mercado devem se estabilizar. Contudo, o ambiente continua desafiador. O próximo grande evento será o Copom de 19 de junho, onde será crucial que a decisão sobre a Selic seja unânime, seja para mantê-la estável ou para reduzi-la em 25 pontos-base.

· 01:47 — Mais forte ou mais fraco

Dados mais robustos da economia americana reforçaram a percepção de que o Federal Reserve pode levar mais tempo para reduzir os juros. Em Nova York, os índices caíram, apesar dos resultados acima das expectativas da Nvidia, que fizeram as ações da empresa saltarem 9,32%, fechando acima de US$ 1.000 pela primeira vez.

Esse movimento contraria as declarações do CEO do JP Morgan, Jamie Dimon, que não descartou a possibilidade de um “hard landing” na economia dos EUA. A verdade é que a queda de ontem, embora não muito significativa no contexto recente de valorização, foi a maior queda diária de pontos do Dow em 15 meses.

Uma economia resiliente é benéfica para os lucros. Contudo, para os mercados focados no próximo movimento do Federal Reserve, mais crescimento significa uma maior probabilidade de a inflação se manter elevada. Isso resulta em uma tendência para taxas de juros mais altas por um período prolongado.

Como consequência, os rendimentos dos títulos subiram hoje, pressionando as ações. Na agenda do dia, temos o relatório de bens duráveis de abril e o índice de confiança do consumidor de Michigan. Mais importante será avaliar a evolução das expectativas de inflação dos consumidores, que acompanha o indicador.

· 02:35 — Para além do bom humor com a Nvidia

Muito se falou sobre os resultados da Nvidia e seu status como a queridinha do universo da inteligência artificial. No entanto, há outra face no debate sobre IA. A forma como os editores abordam a IA generativa está mudando à medida que a indústria dos meios de comunicação social evolui sua perspectiva sobre as tecnologias do futuro.

Inicialmente, as questões se concentraram no impacto que isso teria na força de trabalho e nas operações, bem como nos benefícios ou prejuízos decorrentes dos novos desenvolvimentos. Agora, algumas dessas respostas estão se tornando evidentes em muitas partes da indústria de conteúdo.

No início da revolução da IA, as empresas se uniram para evitar ameaças potenciais. Atores e escritores de Hollywood entraram em greve, enquanto empresas de notícias e mídia começaram a negociar para estabelecer uma frente unida contra as Big Tech. No entanto, parece que cada indústria e empresa acabará por chegar a acordos separados com as gigantes da Internet.

A OpenAI, por exemplo, ligada à Microsoft, assinou recentemente um importante acordo de licenciamento de conteúdo com a News Corp. (proprietária do The Wall Street Journal, Barron’s e MarketWatch), que pode valer mais de US$ 250 milhões em cinco anos. Esse acordo está em linha com o que foi estabelecido com o Financial Times e Axel Springer (dono do Business Insider). Mais acordos devem surgir, liberando o acesso a mais conteúdo.

· 03:26 — E por falar em IA…

O preço do cobre atingiu um patamar histórico, ultrapassando os 5 dólares por libra-peso e registrando um aumento superior a 30% nos últimos 12 meses. Esse crescimento é impulsionado, em parte, pelo boom da inteligência artificial (matéria-prima para a infraestrutura que dará suporte computacional aos bancos de dados). No entanto, a alta do cobre não se deve apenas à demanda por IA.

Outros fatores incluem as expectativas de um “pouso suave” na economia dos EUA, o potencial de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve, o que enfraqueceria o dólar, e sinais de recuperação na China. Basta uma pequena decepção em relação às perspectivas de cortes para que o preço do minério volte a cair abaixo dos 5 dólares.

Além disso, o cobre está recebendo um impulso significativo devido à sua importância nos serviços públicos, especialmente porque fios de cobre e cabos de energia são componentes essenciais para empresas elétricas. As ações da Constellation Energy e da NextEra Energy dispararam este ano, em resposta às expectativas de que a crescente demanda por energia em data centers aumentará seus lucros.

Olhando para o futuro, a demanda por cobre continua a crescer em diversos setores, como turbinas eólicas, painéis solares, veículos elétricos, usinas nucleares, atualizações de rede, produção de baterias e centros de dados de IA, que consomem muita energia.

· 04:13 — Mais atritos geopolíticos

Navios de guerra indianos atracaram no porto de Manila nesta semana, sinalizando a crescente assertividade marítima da Índia. Com suas fronteiras terrestres obstruídas por vizinhos hostis como o Paquistão, pelo Mianmar devastado pela guerra e por uma China cada vez mais agressiva, a Índia, mesmo em meio às eleições, está determinada a se consolidar como uma potência naval de classe mundial.

Essa iniciativa faz parte do projeto de Modi para posicionar o país como uma grande potência global. A parada nas Filipinas foi precedida por visitas a Singapura, Vietnã e Malásia, enquanto a Índia busca fortalecer laços com parceiros do Sudeste Asiático que compartilham preocupações sobre as ambições territoriais chinesas.

No entanto, Nova Deli ainda enfrenta desafios significativos. A frota indiana possui atualmente cerca de um terço do tamanho da frota chinesa, a maior do mundo em número de navios. Até 2050, a Índia pretende operar com 200 navios, idealmente construídos no país, um objetivo que se torna mais plausível com o recente crescimento econômico indiano.

Desenvolver uma marinha robusta será crucial para sustentar as elevadas taxas de crescimento impulsionadas pelas exportações, garantindo a segurança dos mares para o tráfego indiano. Nos últimos nove meses, por exemplo, a Marinha Indiana auxiliou quatro navios atacados durante a navegação no Mar Vermelho. O futuro dirá se a Índia conseguirá se equiparar à China nesse campo estratégico.

· 05:08 — ETF de ETH aprovado

A SEC, o órgão regulador do mercado de valores mobiliários dos EUA, recentemente aprovou um ETF de Ethereum (ETH). Tenho comentado sobre o impacto das criptomoedas nas carteiras de investimentos há algum tempo, e o atual processo de institucionalização do mercado cripto nos oferece insights importantes sobre as tendências de preços futuras. A lista da SEC agora inclui oito propostas de ETFs de Ethereum, apresentadas por grandes nomes como VanEck, Fidelity, Franklin, Grayscale, Bitwise, ARK Invest & 21Shares, Invesco & Galaxy, e iShares Ethereum Trust da BlackRock.

Inicialmente, a expectativa era de que a SEC rejeitasse essas propostas, com o mercado atribuindo apenas 25% de chance de aprovação. No entanto, as expectativas mudaram drasticamente quando a Bloomberg revisou essa probabilidade para 75%. Os ETFs de Ethereum estão agora…

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.