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Novo CEO da Vale (VALE3), IPCA-15 de agosto e petróleo no ‘sobe e desce’; veja os destaques econômicos desta terça-feira (27)

O mercado financeiro estará digerindo a nomeação do novo CEO da Vale (VALE3), enquanto aguarda o resultado do IPCA-15 de agosto nesta terça-feira (27).

Por Matheus Spiess

27 ago 2024, 08:50 - atualizado em 27 ago 2024, 08:50

Imagem representando o índice futuro, contrato do mercado financeiro que deriva de um índice de mercado. pib orçamento mercados inflação eua

Investidores globais estão ansiosos pelo anúncio dos resultados da Nvidia (NVDC34), programado para amanhã (28), e pelo índice de gastos com consumo pessoal (PCE), que será divulgado na sexta-feira (30) e é amplamente considerado o principal indicador de inflação pelo Federal Reserve.

Enquanto aguardam, os mercados asiáticos encerraram o dia de forma mista, refletindo a escassez de indicadores econômicos significativos e a ausência de motivos claros para quedas, além de questões internas específicas de cada mercado. O aumento do nacionalismo econômico tem gerado um crescimento nas acusações de “dumping” exportador, com a China sendo o alvo principal. As tensões comerciais seguem presentes, não só nos EUA, mas na Europa também.

E por falar no velho continente, as bolsas europeias abriram o pregão com ganhos nesta manhã, apesar de um dia com poucos indicadores econômicos.

Até mesmo a bolsa alemã registra alta, mesmo após a divulgação de uma leve queda de 0,1% no PIB em relação ao trimestre anterior, um resultado esperado. Enquanto isso, os futuros americanos mostram uma queda moderada, seguindo a tendência de fraqueza observada ontem. A agenda econômica de hoje é relativamente tranquila, com o índice de confiança do consumidor sendo um destaque menos significativo nesta semana.

A ver…

· 00:57 — A prévia da inflação

No Brasil, o mercado financeiro estará digerindo a nomeação do novo CEO da Vale, que promete ser um dos principais destaques corporativos desta terça-feira (comentarei mais sobre o tema na sequência). A mineradora pode assumir o protagonismo do pregão de hoje, aos moldes do que aconteceu com a Petrobras ontem. As ações preferenciais da estatal registraram alta de 7,26%, enquanto as ordinárias subiram 8,96%, liderando os ganhos do dia.

Esse desempenho foi impulsionado pela elevação da recomendação das ADRs da Petrobras (PETR4; ADR: PBR), negociadas em Nova York, de “neutra” para “compra” pelo Morgan Stanley, que destacou expectativas favoráveis em relação aos dividendos da empresa. Além disso, o aumento nos preços do petróleo contribuiu para o resultado positivo.

Outro ponto de atenção será a fala aguardada do ministro Fernando Haddad, que poderá comentar sobre o envio do Orçamento de 2025 ao Congresso. Espera-se novos detalhes fiscais, com destaque para a possível elevação da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que pode gerar cerca de R$ 15 bilhões em receitas para a União em 2025.

Também hoje, será divulgado o principal dado da semana: a prévia da inflação de agosto, o IPCA-15. A expectativa é que o índice desacelere de 0,30% em julho para 0,19% em agosto. Um resultado abaixo do esperado pode desafiar o cenário de alta na taxa Selic, que tem dominado as discussões recentes no mercado. Para a inflação em 12 meses, a mediana das projeções aponta para uma redução de 4,45% para 4,35%. As expectativas para a inflação do próximo ano, que haviam desacelerado nas últimas semanas, estabilizaram, reforçando as preocupações de Gabriel Galípolo sobre a desancoragem das expectativas inflacionárias.

A grande questão agora é se o Banco Central brasileiro se colocou em uma situação delicada, onde a única saída seria elevar a taxa básica de juros. Acredito que o problema tenha sido uma falha na comunicação; uma abordagem mais cautelosa teria sido mais adequada, especialmente considerando que os juros nos EUA devem começar a cair a partir de setembro. Se a alta da Selic for confirmada, enquanto quase 80% dos bancos centrais globais reduzem suas taxas, esse movimento contracionista poderá fortalecer o real até o início de 2025.

· 01:49 — A novela finalmente terminou

Na noite de segunda-feira, a Vale (VALE3) anunciou a nomeação de Gustavo Pimenta como seu próximo presidente, com posse prevista para janeiro do próximo ano, conforme comunicado na CVM. A decisão, aprovada de forma unânime pelo conselho de administração após um criterioso processo de seleção, sinaliza a intenção de manter a continuidade na gestão, dado que Pimenta atualmente ocupa o cargo de vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores.

Formado em Economia pela UFMG e com mestrado pela FGV, Pimenta acumula vasta experiência, tendo passado por instituições como Citigroup e AES Brasil (AESB3) antes de integrar a equipe da Vale. Dentro da empresa, ele já desempenhou papéis importantes, liderando áreas como Suprimentos, Energia e Descarbonização, o que reforça o compromisso da mineradora com a sustentabilidade.

A escolha de Pimenta encerra um período de incertezas em torno da sucessão, que foi marcado pela tentativa do governo de influenciar a nomeação com um candidato próprio, gerando críticas tanto internamente quanto no mercado. A conclusão do processo de seleção seguindo elevados padrões de governança corporativa é vista como uma conquista significativa para a companhia e para o ambiente empresarial brasileiro. A confirmação de Pimenta como CEO da Vale é percebida como uma medida que reduz riscos e deve ser bem recebida pelos investidores.

· 02:35 — Na expectativa

Nos EUA, o mercado de ações voltou a atingir novos recordes, mas o movimento foi bastante desigual. O Dow Jones Industrial Average subiu 65 pontos, ou 0,2%, alcançando seu primeiro recorde de fechamento desde 17 de julho, marcando o 23º recorde de fechamento do ano para esse índice de blue-chips. Em contraste, o S&P 500 e o Nasdaq Composite recuaram ligeiramente, com o grupo “Magnificent Seven” de ações de tecnologia de megacapitalização sendo um dos principais fatores para essa discrepância no desempenho dos índices. 

O mercado está fortemente focado na expectativa pelos resultados da Nvidia, que serão divulgados na noite de amanhã. Enquanto isso, a ideia de uma possível rotação setorial está ressurgindo como um cenário viável. Na agenda econômica, enquanto aguardamos o índice de gastos com consumo pessoal (PCE) na sexta-feira, a atenção se volta para o Índice de Confiança do Consumidor de agosto, divulgado pelo Conference Board.

· 03:21 — Mais uma vez acima de US$  80 por barril

Nesta terça-feira (27), os contratos futuros de petróleo registram queda, após uma alta superior a 3% na segunda-feira (26), que elevou o preço do barril para acima de US$ 80. Esse aumento foi impulsionado, em parte, pelo anúncio de que a Líbia interrompeu sua produção devido a uma crise política interna, além da expectativa de uma escalada nos ataques entre Israel e o Hezbollah, que se intensificaram no fim de semana.

Conforme mencionado anteriormente, o Hezbollah lançou centenas de mísseis contra o norte de Israel, em retaliação ao assassinato de um de seus comandantes seniores no mês passado. Com isso, o petróleo registra uma pausa hoje, após o maior rali de três dias desde abril do ano passado.

As tensões geopolíticas, entretanto, não se limitam ao Oriente Médio. Na Europa, a Ucrânia foi alvo de um ataque maciço na segunda-feira, quando a Rússia lançou mais de 100 mísseis e um número similar de drones contra várias cidades do país. Esse ataque, focado principalmente em infraestruturas de energia, causou apagões generalizados e resultou na morte de pelo menos três pessoas.

Ao que tudo indica, embora o petróleo possa recuar temporariamente devido a uma redução na percepção de demanda ou a um possível acordo de cessar-fogo, a constante ameaça de intensificação das tensões geopolíticas sugere que essa queda nos preços pode não se sustentar por muito tempo.

· 04:18 — Novamente no espaço

Em breve, os seres humanos darão seus primeiros passos no espaço sem a participação de uma agência governamental. A missão Polaris Dawn, operada pela SpaceX, de Elon Musk, marcará um marco histórico ao realizar a primeira caminhada espacial com uma tripulação composta inteiramente por astronautas civis, sem vínculo com nenhuma agência espacial governamental. O lançamento está previsto para ocorrer no final desta semana, após um vazamento de hélio ter adiado a decolagem inicialmente programada para esta manhã.

A missão será liderada pelo bilionário e entusiasta da aviação Jared Isaacman, que comandará a viagem espacial a bordo da cápsula Dragon da SpaceX acompanhado por Scott Poteet, piloto da Força Aérea e amigo de longa data, e pelas engenheiras da SpaceX Anna Menon e Sarah Gillis. 

Este voo teste representará um marco significativo para a exploração espacial científica privada. Durante a missão, a equipe passará por uma zona de radiação extrema a até 1.400 km acima da Terra, uma altitude que não é visitada por humanos desde a última expedição lunar da NASA, em 1972. Os astronautas civis coletarão dados sobre os efeitos do espaço na saúde humana e testarão as comunicações baseadas em laser do sistema Starlink. E isso é apenas o começo: outras duas missões Polaris já estão planejadas para o futuro, sinalizando um novo amanhecer na exploração espacial privada. Me parece um pequeno passo para o homem, mas um gigantesco salto para a humanidade.

· 05:04 — Aguardando o lançamento

Nesta semana, o mercado acompanhou o anúncio de que Luca Maestri, antigo diretor financeiro da Apple (APPL34), deixará seu cargo no final do ano. Sua função será assumida por Kevan Parekh, atual vice-presidente de planejamento financeiro e análise, a partir de 1º de janeiro, como parte de uma sucessão planejada pela empresa…

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.