Investimentos

Petróleo retoma alta com negociações da Petrobras (PETR4) e novos estímulos da China – confira os destaques desta terça-feira (24)

A nova onda de estímulos da China anima o mercado de commodities, enquanto os índices americanos batem recordes.

Por Matheus Spiess

24 set 2024, 09:07 - atualizado em 24 set 2024, 09:31

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(Imagem: Montagem Canva Pro)

Os índices americanos voltaram a bater novos recordes, impulsionados pela análise dos investidores sobre uma enxurrada de comentários dos formuladores de políticas do Federal Reserve, que sugerem espaço para mais flexibilização após o recente corte de meio ponto percentual na taxa de juros.

Outros pronunciamentos do Fed estão previstos ao longo da semana, mantendo o mercado em estado de atenção. Além disso, dados que indicam uma atividade empresarial ainda robusta nos EUA, apesar de um crescimento moderado, reforçam o otimismo de que a maior economia do mundo pode alcançar um “pouso suave”. 

Outro fator que tem animado os mercados é a nova onda de estímulos na China. O país asiático cortou novamente suas taxas de juros e os requisitos de reserva, além de flexibilizar regulamentações no setor imobiliário e oferecer suporte aos mercados de ações.

Essas medidas foram anunciadas com grande impacto, claramente com o objetivo de garantir que os dados oficiais do PIB chinês alcancem a meta estipulada pelo governo. Esse movimento é positivo para as commodities, que já apresentam alta nesta manhã, e pode trazer algum ânimo para o mercado brasileiro, que segue abalado pela recente deterioração da credibilidade fiscal do governo.

A ver…

· 00:56 — O risco da irresponsabilidade fiscal

No Brasil, o mercado direciona suas atenções à análise da ata do Copom divulgada hoje (24), que reafirmou a postura rígida adotada na última reunião. O Banco Central sinalizou que pode intensificar o ritmo de elevação da taxa Selic nos próximos encontros, dependendo tanto da evolução da política fiscal quanto das tendências de flexibilização monetária no cenário internacional.

Ao mesmo tempo, a possibilidade de um upgrade na classificação de crédito do Brasil em 2025 ganha fôlego com a agenda do ministro Fernando Haddad, que hoje pode se reunir com representantes da Fitch. Após já ter mantido encontros com equipes da S&P Global e da Moody’s, Haddad sugeriu que o Brasil poderia recuperar seu grau de investimento até o fim do próximo ano, um prognóstico que, dado o contexto atual, soa excessivamente otimista.

Embora as declarações do ministro tenham trazido algum alívio para os investidores, que estavam inquietos após a divulgação do relatório de receitas e despesas na última sexta-feira, essas falas estão longe de representar uma solução para os problemas estruturais. Para recuperar o grau de investimento, o Brasil precisa avançar dois níveis nas avaliações das três principais agências de classificação de risco, que vêm exigindo reformas fiscais mais profundas e consistentes.

No entanto, o mais recente relatório bimestral demonstrou uma conduta que vai na direção oposta disso com uma flexibilização fiscal maior do que antes, não apenas com um aumento modesto no bloqueio, mas também com a liberação de gastos previamente contingenciados. Na prática, isso reduziu os cortes previstos de R$ 15 bilhões para R$ 13,3 bilhões.

A situação fiscal é ainda mais delicada do que aparenta. Com R$ 40,5 bilhões em despesas fora do teto fiscal, o governo Lula enfrentará um déficit real de R$ 69 bilhões em 2024. O cenário é mais grave do que muitos acreditam, e isso já começa a ser refletido no Boletim Focus. Apesar de seu tradicional atraso, o boletim revela uma piora nas expectativas econômicas, apontando para um cenário de inflação mais alta e aumento das taxas de juros. O curto parece cada vez mais complicado.

· 01:47 — E a Reforma?

A falta de acordo entre o governo e o Congresso resultou no bloqueio das deliberações no Senado, a partir desta segunda-feira, em relação ao principal projeto de regulamentação da reforma tributária. Desde agosto, o texto segue sem relator designado, criando um impasse que tem travado seu andamento. Senadores solicitaram ao governo a retirada do pedido de urgência, argumentando que o período eleitoral dificultaria a análise adequada dentro do prazo constitucional de 45 dias. No entanto, o Palácio do Planalto optou por manter o ritmo acelerado de tramitação. Pelo regimento, o projeto deveria ter sido votado até o último domingo, mas como isso não aconteceu, a pauta do Senado foi trancada.

Embora não haja votações críticas previstas antes das eleições, a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, marcada para 8 de outubro, pode ser prejudicada. Com a pauta trancada, apenas matérias com prazos constitucionais definidos poderão ser apreciadas. Isso representa um desafio adicional para um governo que já se encontra em posição de minoria no Congresso e enfrenta uma corrida contra o tempo para aprovar essa e outras propostas importantes. Além disso, o bloqueio dificulta o avanço de outras etapas da reforma tributária, como a reforma da tributação sobre a renda, que deveria ser implementada gradualmente, mas agora se torna ainda mais incerta.

· 02:35 — A máquina americana não para

Nos EUA, o corte significativo nas taxas de juros já ficou para trás, e agora os investidores voltam sua atenção para os próximos grandes eventos que podem impactar o mercado. Entre os destaques estão o prazo para o financiamento do governo federal, previsto para o início da próxima semana, o relatório de empregos de setembro, que será divulgado em 4 de outubro, o início da temporada de resultados do terceiro trimestre e, em novembro, a aguardada eleição presidencial.

Enquanto isso, os índices de ações seguem próximos ou atingindo novos patamares históricos. O S&P 500 avançou 0,3% no dia, registrando seu 40º recorde de fechamento em 2024. O Dow Jones Industrial Average também subiu 0,1%, alcançando uma nova máxima histórica.

Este desempenho é promissor, especialmente considerando que estamos entrando no que é tradicionalmente a semana mais desafiadora do ano para as ações. O mês de setembro, que historicamente é difícil para os mercados, mostrou continuidade no movimento positivo após uma desaceleração em agosto. Enquanto no mês anterior os temores de desaceleração econômica e uma possível recessão dominaram o sentimento, setembro trouxe alívio, dissipando essas preocupações.

Na agenda, o Índice de Confiança do Consumidor referente a setembro será observado com atenção, pois pode reforçar a percepção de que a economia americana ainda está distante de uma recessão iminente. Excelente notícia para os ativos de risco.

· 03:28 — Abrindo a ONU

Como de costume, o Brasil será o primeiro país a discursar na 79ª Assembleia Geral da ONU, que tem início hoje. Na semana passada, comentei sobre a importância deste encontro anual, que ganha novos contornos este ano.

Em primeiro lugar, há uma crescente discussão sobre uma possível reforma da ONU, especialmente no que se refere ao Conselho de Segurança. Em segundo lugar, o debate sobre a regulamentação da inteligência artificial (IA) terá destaque, impulsionado pela divulgação do relatório final de um órgão consultivo das Nações Unidas que estudou o tema por meses. Intitulado “Governing AI for Humanity”, o documento apresenta uma série de descobertas e recomendações para a ONU e atualiza o relatório provisório do grupo, publicado em dezembro de 2023.

A ONU mantém uma visão otimista sobre o futuro da IA e seu potencial para o bem, mas reconhece que esse otimismo deve ser equilibrado com uma análise realista dos riscos envolvidos e das lacunas nos atuais sistemas de governança. A tecnologia da IA é poderosa demais, e os riscos são elevados demais para que sua regulamentação dependa exclusivamente das forças de mercado ou de iniciativas isoladas e fragmentadas em nível nacional e multilateral.

O relatório recomenda que a ONU desenvolva um sistema de governança global inclusivo para a IA, convocando governos e partes interessadas a garantir que o desenvolvimento dessa tecnologia respeite os direitos humanos. Se a organização for bem-sucedida em definir o caminho correto, em cinco anos poderemos observar uma governança de IA que seja inclusiva e capacite indivíduos, comunidades e nações de forma ampla e equilibrada.

· 04:13 — Novos estímulos chineses

O Banco Central da China lançou uma série de medidas inéditas de apoio à economia, realizando sua ação mais ousada até o momento para alcançar a meta de crescimento anual de cerca de 5%. O governador do Banco Popular da China, Pan Gongsheng, reduziu o nível de reservas obrigatórias que os bancos precisam manter, atingindo o menor patamar desde, pelo menos, 2020. Além disso, outras taxas foram ajustadas, como a redução da entrada mínima para a compra de segundas residências, assim como a diminuição dos juros sobre hipotecas já existentes.

Foi a primeira vez em pelo menos uma década que essas medidas foram implementadas simultaneamente, demonstrando a urgência da situação. Essas ações impulsionaram tanto os mercados acionários quanto o de commodities. Como resultado, o petróleo bruto registrou alta, uma vez que as medidas anunciadas pela China devem estimular o crescimento e a demanda por energia no maior importador de petróleo do mundo — um sinal positivo para o setor energético.

· 05:02 — E por falar em petróleo…

A Total Energies, gigante francesa do setor petrolífero, está em negociações com a Petrobras (PETR4), discutindo as ambições internacionais da estatal brasileira.

O presidente da Total demonstrou interesse em parcerias globais com a Petrobras, considerando essa colaboração como altamente positiva. Esse avanço acontece logo após uma reunião relevante entre o ministro de Petróleo e Gás Natural da Índia, Hardeep Singh Puri, e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, que discutiram a possibilidade de aumentar as importações indianas de petróleo bruto da estatal brasileira.

Esses diálogos reforçam o potencial de expansão das relações comerciais da Petrobras

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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