Bom dia, pessoal. Hoje, o clima nos mercados financeiros globais está marcado por uma continuação da tensão já sentida ontem. As bolsas europeias operam em queda nesta manhã, de maneira similar ao movimento dos futuros americanos, que também caem. Do outro lado do mundo, a maioria das bolsas asiáticas recuou hoje, particularmente impactadas pelas ações de tecnologia, que reagiram ao guidance decepcionante da Meta (dona do Facebook) divulgado ontem. Esses números geraram preocupações quanto ao potencial de lucros que a inteligência artificial pode oferecer ao setor de tecnologia, intensificando os receios de taxas de juros mais altas nos Estados Unidos. Ainda na Ásia, destaque para a desvalorização do iene japonês frente ao dólar, que atingiu seu nível mais baixo em 34 anos, a 155 ienes por dólar, um patamar que muitos acreditam que possa provocar uma intervenção cambial por parte do governo japonês.
O resultado da Meta também lançou uma sombra sobre os números esperados da Microsoft e da Alphabet (dona do Google), programados para serem divulgados ainda hoje. Ainda no âmbito corporativo internacional, o Grupo BHP fez uma abordagem para aquisição da Anglo American, numa operação que pode ser o maior negócio do ano, influenciando significativamente o setor de mineração. Este acontecimento ocorre em um dia de menor agitação para o minério de ferro, após os ganhos registrados na quarta-feira. Na agenda econômica, a divulgação preliminar do PIB dos EUA para o primeiro trimestre acontecerá ainda esta manhã e pode introduzir volatilidade aos mercados, especialmente se o resultado superar as expectativas. Este dado vem antes do índice de preços PCE de março, a medida de inflação preferida pelo Fed, que será revelada amanhã. No Brasil, o mercado ainda está absorvendo os resultados da Vale e as últimas novidades sobre a regulamentação da Reforma Tributária.
A ver…
· 00:57 — Avançando com a Reforma Tributária
No mercado brasileiro, o Ibovespa registrou quedas consecutivas, fechando a quarta-feira abaixo dos 125 mil pontos. Esse comportamento foi uma resposta ao clima de cautela predominante nos mercados globais, com os investidores aguardando os próximos indicadores econômicos dos EUA, incluindo o Produto Interno Bruto e o Índice de Preços de Gastos com Consumo Pessoal (PCE) que serão divulgados na sexta-feira. Essa expectativa fomentou uma aversão ao risco, levando o dólar a uma alta, aproximando-se dos R$ 5,15. Embora as perdas tenham sido parcialmente mitigadas pelo aumento no preço do minério de ferro, que beneficiou as ações da Vale, a situação se inverteu no pre-market americano nesta quinta-feira, após a divulgação dos resultados da companhia. A mineradora reportou um lucro de quase US$ 1,7 bilhão no 1T24, representando uma queda de 9% em relação ao ano anterior, um resultado que, apesar de estar em linha com o esperado, trouxe uma perspectiva negativa.
Por outro lado, o cenário político em Brasília mostra sinais de maior cooperação entre o governo e o Congresso. Notadamente, o PT está considerando Marcos Pereira, do partido Republicanos, como potencial sucessor de Arthur Lira na presidência da Câmara no próximo ano, buscando fortalecer a aliança legislativa. Esse alinhamento poderia impulsionar Tarcísio de Freitas, do mesmo partido, como um possível candidato presidencial em 2026, um desenvolvimento que o mercado receberia positivamente, apesar de ainda estar distante. Adicionalmente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou ontem à noite a proposta mais significativa da Reforma Tributária. O projeto estabelece as bases para a implementação de um Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) dual, que substituirá cinco tributos atuais — três federais (PIS, Cofins e IPI), um estadual (ICMS) e um municipal (ISS). A alíquota proposta para o IVA está entre 25,7% e 27,3%, com uma média de 26,5%. O presidente da Câmara, indicou que pretende colocar a regulamentação da reforma em votação antes do recesso parlamentar de julho, o que seria um importante indicativo de progresso.
· 01:46 — O que esperar do PIBão americano
Nos EUA, o aguardado relatório do PIB de hoje chega num contexto onde os agentes de mercado antecipam um número moderado que poderia incentivar cortes nas taxas de juros no futuro próximo. No entanto, é provável que os mercados se sintam desiludidos, pois a expectativa geral é de mais um trimestre de robustez econômica. O consenso de mercado projeta que o PIB real tenha se expandido a uma taxa anual de 2,2% nos primeiros três meses de 2024. Esta previsão é corroborada pelo último Nowcast da equipe do Fed de Nova York e pelo modelo de previsão GDPNow do Fed de Atlanta, que nesta manhã estimou um crescimento de 2,7% para o trimestre.
Embora essas projeções estejam abaixo do crescimento de 3,4% registrado no último trimestre de 2023, a economia americana tem mostrado uma resiliência surpreendente. Em contraste com as previsões de dezembro, que sugeriam um crescimento de menos de 1% para o primeiro trimestre, o desempenho atual evidencia uma economia vigorosa, sustentada por um mercado de trabalho sólido. A força do emprego, com médias de quase 300 mil novas vagas mensais no trimestre e baixas taxas de desemprego, junto ao aumento salarial, tem servido de pilar para um consumo contínuo e, consequentemente, para o impulso no PIB. Adicionalmente, o cenário é complementado por uma série de resultados corporativos importantes, incluindo empresas como Alphabet e Microsoft. Outras empresas notáveis que também divulgarão seus resultados incluem American Airlines, AstraZeneca, Bristol Myers Squibb, Caterpillar, Nasdaq, S&P Global e T-Mobile, entre outras.
· 02:32 — Banido
O presidente dos EUA, Joe Biden, assinou recentemente uma legislação que estabelece condições para a proibição do TikTok no país, a menos que sua empresa-mãe chinesa, a ByteDance, venda o aplicativo dentro de um ano. Este desenvolvimento é um novo episódio na tensa relação entre EUA e China, e sinaliza um possível confronto entre interesses comerciais e de segurança nacional. A lei possibilita o fim do TikTok nos EUA, o que pode beneficiar as grandes empresas de tecnologia americanas. No entanto, a implementação de uma proibição ou de uma venda forçada não será imediata. A legislação estipula um prazo de aproximadamente nove meses para a venda do TikTok, com a possibilidade de uma extensão de até 90 dias pelo presidente, caso haja avanços significativos na negociação. Além disso, essa mesma medida pode se estender a outros aplicativos chineses considerados ameaças.
A ByteDance provavelmente recorrerá à justiça para contestar a legislação. Se a disputa for perdida, a venda forçada parece ser a única opção. Este cenário enfrentará dificuldades adicionais, especialmente se as autoridades chinesas decidirem impedir a venda. Caso a ByteDance opte por não vender o TikTok, ou se o aplicativo for efetivamente banido, cerca de 170 milhões de usuários, além de anunciantes e criadores de conteúdo, terão que buscar alternativas. As plataformas mais prováveis para acolher esses usuários são o Facebook e o Instagram, já que 60% dos usuários do TikTok indicam que migrariam para estes serviços da Meta, com outros possivelmente optando pelo YouTube. Este não é o primeiro embate entre os EUA e a China no setor tecnológico, lembrando o CHIPS Act de 2022, marcando mais um capítulo na espécie de nova guerra fria entre as duas maiores economias do mundo.
· 03:29 — O impacto da inteligência artificial
O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, destacou a inteligência artificial (IA) como um dos maiores desafios enfrentados pelo banco, comparando seu impacto potencial não apenas ao da internet, mas ao de inovações revolucionárias como a máquina a vapor e a prensa móvel. Segundo Dimon, a IA tem o potencial de aumentar a produtividade em quase todas as áreas de trabalho. Esta perspectiva foi tão significativa que ele dedicou uma seção de sua recente carta anual aos acionistas para discutir a importância da IA para as operações do JPMorgan e seu impacto mais amplo na sociedade. O otimismo de Dimon em relação à IA é evidente.
Embora os efeitos completos da IA ainda sejam incertos em termos de negócios, economia e sociedade, é claro que sua influência será profunda. A adoção da IA já está remodelando ambientes de trabalho em todo o mundo, e estima-se pelo Fundo Monetário Internacional que quase 40% dos empregos globais poderiam ser transformados por essa tecnologia. Setores variados, desde a medicina até as finanças e a música, já começam a experimentar as mudanças provocadas pela IA. Este é apenas o começo, e a atual temporada de resultados financeiros pode fornecer uma indicação inicial dos investimentos em capex voltados para essa área emergente.
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· 04:14 — 75 anos
No início de abril, a OTAN comemorou seu 75º aniversário, marcando um período de fortalecimento significativo após uma fase de incertezas antes da pandemia. A agressão russa à Ucrânia revitalizou a aliança militar, incentivando um aumento nos gastos com defesa por parte dos aliados europeus e expandindo o grupo para 32 nações com a inclusão recente da Finlândia e da Suécia, a partir dos 12 membros fundadores em 1949. Entretanto, a OTAN enfrenta agora desafios sem precedentes enquanto se prepara para uma cúpula de líderes em Washington em julho.
Em uma tentativa de proteger a ajuda militar à Ucrânia contra as incertezas políticas dos EUA, a aliança propôs coordenar diretamente as entregas de armas para Kiev e criar um fundo de 100 bilhões de dólares para os próximos cinco anos. Esta é uma mudança estratégica, distanciando-se das preocupações anteriores de alimentar a narrativa do presidente russo, Vladimir Putin, de que a OTAN está envolvida no conflito.
Apesar das declarações do presidente francês Emmanuel Macron sobre a potencial presença de tropas terrestres ocidentais na Ucrânia terem encontrado resistência entre seus colegas líderes, há um reconhecimento discreto de que descartar qualquer opção pode ser imprudente diante da agressão russa. Além disso, dentro da aliança, surgem dúvidas sobre o contínuo compromisso dos EUA com a segurança europeia, especialmente com a possibilidade de Donald Trump retornar à presidência. Com um histórico de prevenir grandes conflitos em seus territórios por 75 anos, a grande questão é se a OTAN poderá manter esse legado de sucesso no futuro.
· 05:03 — Algumas decepções antes de nossos nomes favoritos
Ontem, a Meta revelou que superou as expectativas dos analistas com seus lucros e receita no primeiro trimestre. No entanto, as projeções de receita para o próximo trimestre ficaram abaixo do esperado, levando a uma queda de mais de 14% nas ações da empresa no pré-mercado em Nova York nesta manhã. A IBM, por sua vez, também apresentou resultados mistos: seu lucro de US$ 1,61 bilhão no primeiro trimestre, que representa um aumento de 25% em relação ao mesmo período do ano anterior, excedeu as previsões. Contudo, sua receita foi uma decepção, resultando em uma queda de mais de 8% em suas ações hoje.
Esses resultados contrastam com os da Tesla esta semana, onde os números não foram animadores. A empresa registrou queda nos lucros, vendas abaixo do esperado e redução nas margens. No entanto, como as ações da Tesla já haviam caído mais de 40% este ano, muitas das más notícias parecem ter sido antecipadas pelo mercado. Isso levou os investidores a se concentrarem nos aspectos positivos, impulsionando um aumento de 12% nas ações ontem.
O antigo modelo de negócios da Tesla focava em veículos premium com altas margens, uma estratégia viável quando havia poucos concorrentes à altura. Contudo, com a ascensão de novos competidores, a empresa está agora apressando o lançamento de um modelo de baixo custo que possa competir em preço enquanto gera lucro. Paralelamente, Elon Musk está investindo pesadamente em aplicações de inteligência artificial, vislumbrando uma nova área de crescimento lucrativo.
Hoje ainda teremos a divulgação dos resultados da Microsoft e da Alphabet. Dentre as empresas mencionadas, prefiro a…