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Mercado em 5 minutos

Pós-feriado nos EUA, a discussão sobre o teto da dívida finalmente parece caminhar para uma conclusão; entenda

Além disso, no Brasil, presidente Lula recebe líderes da América do Sul, e o primeiro-ministro chinês quer ampliar as trocas com a Rússia

Por Matheus Spiess

30 maio 2023, 08:46 - atualizado em 30 maio 2023, 08:47

Mercado em 5 minutos - temores bancários
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Lá fora, as ações asiáticas estiveram predominantemente em alta nesta terça-feira (30), com os investidores comemorando a perspectiva de que a maior economia do mundo evitará um grande calote da dívida, melhorando o sentimento na maioria das classes de ativos. Contudo, há incerteza sobre se o Congresso aprovará o acordo depois que um punhado de legisladores (republicanos e democratas) disse na segunda-feira que se oporia ao projeto de lei, embora se espere que seja aprovado. 

Adicionalmente, os investidores também temem agora que o acordo seja um compromisso que possa ter consequências negativas. Por isso, após o feriado nos EUA e no Reino Unido, que resultou em uma redução da liquidez nos mercados globais nesta segunda-feira, os investidores aguardam ansiosos pela reação de Nova York ao acordo da dívida americana. Por enquanto, há um tom predominantemente positivo entre os mercados europeus e os futuros americanos. 

A ver… 

· 00:38 — As expectativas inflacionárias 

No Brasil, os investidores se debruçam sobre alguns dados importantes na agenda do dia, a começar com as contas do Governo Central em abril, que devem mostrar superávit de R$ 15,9 bilhões após déficit de de R$ 7,0 bilhões em março — o resultado pode não ser lá grande coisa, mas já é uma melhora. Contudo, nem só de dados fiscais vive o mercado brasileiro nesta terça-feira. 

Contamos também com o IGP-M de maio, que deve registrar deflação de 1,61% no mês, um aprofundamento versus o dado de abril, que já tinha indicado deflação. O movimento de desaceleração inflacionária já foi verificado no Boletim Focus de ontem, com mais uma semana de queda nas expectativas para a inflação de 2023, já apontando para 5,71% no acumulado do ano.  

A melhora da inflação e das expectativas impulsionam a perspectiva de redução da Selic no terceiro trimestre, em agosto ou setembro, com respaldo na estabilidade fiscal e no avanço do arcabouço, que está sendo discutido no Senado e poderá ganhar mais reforço derivado de sugestões dos senadores. Isso pode ajudar a termos novas devoluções nos prêmios sobre a curva de juros. 

· 01:27 — Holofotes apontados para o Brasil 

Hoje, o presidente Lula recebe os líderes da América do Sul, todos em situação política bem delicada. Além do evento deste ano, o Brasil sediará o G20 em 2024, no Rio de Janeiro, com as 20 maiores economias do mundo (cerca de 80% do PIB). Por fim, Lula confirmou recentemente Belém como sede da COP30, a conferência da ONU sobre meio ambiente, em novembro de 2025. A oficialização vem em um momento de atrito entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática e o Congresso Nacional. Resta saber se o país saberá aproveitar os holofotes. 

· 02:04 — Voltamos a discutir o teto da dívida americana 

Nos EUA, a discussão sobre o teto da dívida finalmente parece caminhar para uma conclusão. Os mercados estão otimistas de que os extremistas políticos serão mantidos sob controle e o acordo será aprovado (a votação está prevista para amanhã). Para isso, a Casa Branca e os líderes republicanos do Congresso prepararam campanhas de lobby para obter a aprovação de um acordo para evitar um calote dos EUA, tentando conter os republicanos e democratas mais radicais. 

Parece que o presidente Joe Biden está ligando pessoalmente para os legisladores para apoiar este projeto de lei, enquanto membros do gabinete e altos funcionários da Casa Branca já haviam telefonado para pelo menos 60 democratas da Câmara no início da manhã de segunda-feira. Tanto Biden quanto o presidente republicano da Câmara, Kevin McCarthy, expressaram confiança de que será possível reunir os votos necessários. Fora o debate, contamos hoje com dados de sentimento do consumidor. 

· 03:10 — Instabilidade na Alemanha e na Espanha 

A Alemanha tem sido o motor econômico da Europa há décadas e agora entrou em recessão. A resiliência está desmoronando e significa perigo para todo o continente. Décadas de política energética falha, o fim dos carros com motor de combustão e uma transição lenta para novas tecnologias estão convergindo para representar a ameaça mais fundamental à prosperidade da nação desde a reunificação. Para piorar, ao contrário de 1990, a classe política carece de liderança para enfrentar as questões que atormentam a competitividade do país. Em outras palavras, o país corre o risco de um longo e lento declínio, com consequências para toda a União Europeias, 

Enquanto isso, na Espanha, o presidente do governo (funciona de maneira parecida a um primeiro-ministro), Pedro Sanchez, está apostando que pode reverter o cenário político fraturado do país depois que seu partido sofreu uma derrota esmagadora nas eleições regionais de domingo. Sánchez surpreendeu seus adversários na segunda-feira ao dissolver o parlamento e convocar uma eleição geral antecipada poucas horas depois de saber toda a extensão de suas derrotas nas urnas do dia anterior. Os partidos espanhóis terão menos de dois meses para se preparar e fazer campanha para a eleição de 23 de julho, prevista anteriormente para dezembro. 

· 04:05 — E as relações entre os russos e os chineses? 

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, expressou o compromisso de fortalecer a cooperação com a Rússia, ampliando as trocas comerciais e econômicas. Em uma carta ao fórum de negócios China-Rússia, Li enfatizou que essa determinação se estende a outros países, visando promover uma cooperação global de alta qualidade e impulsionar uma economia mundial aberta. A relação é problemática para o Ocidente, que trava uma batalha contra os russos por meio dos ucranianos. 

Segundo fontes russas, o país tem como objetivo alcançar a meta de aumentar o comércio bilateral com a China, atingindo a marca de US$ 200 bilhões até o final de 2023 — as áreas de energia renovável e fornecimento de petróleo devem ser centrais. O governo russo critica as sanções impostas pelos Estados Unidos e seus aliados, tentando criar a narrativa de que a Rússia não apenas sobreviveu às punições, mas também continuou a se desenvolver e fortalecer sua cooperação com a China. 

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.