Bom dia, pessoal. Lá fora, as ações asiáticas estiveram predominantemente em alta nesta terça-feira (30), com os investidores comemorando a perspectiva de que a maior economia do mundo evitará um grande calote da dívida, melhorando o sentimento na maioria das classes de ativos. Contudo, há incerteza sobre se o Congresso aprovará o acordo depois que um punhado de legisladores (republicanos e democratas) disse na segunda-feira que se oporia ao projeto de lei, embora se espere que seja aprovado.
Adicionalmente, os investidores também temem agora que o acordo seja um compromisso que possa ter consequências negativas. Por isso, após o feriado nos EUA e no Reino Unido, que resultou em uma redução da liquidez nos mercados globais nesta segunda-feira, os investidores aguardam ansiosos pela reação de Nova York ao acordo da dívida americana. Por enquanto, há um tom predominantemente positivo entre os mercados europeus e os futuros americanos.
A ver…
· 00:38 — As expectativas inflacionárias
No Brasil, os investidores se debruçam sobre alguns dados importantes na agenda do dia, a começar com as contas do Governo Central em abril, que devem mostrar superávit de R$ 15,9 bilhões após déficit de de R$ 7,0 bilhões em março — o resultado pode não ser lá grande coisa, mas já é uma melhora. Contudo, nem só de dados fiscais vive o mercado brasileiro nesta terça-feira.
Contamos também com o IGP-M de maio, que deve registrar deflação de 1,61% no mês, um aprofundamento versus o dado de abril, que já tinha indicado deflação. O movimento de desaceleração inflacionária já foi verificado no Boletim Focus de ontem, com mais uma semana de queda nas expectativas para a inflação de 2023, já apontando para 5,71% no acumulado do ano.
A melhora da inflação e das expectativas impulsionam a perspectiva de redução da Selic no terceiro trimestre, em agosto ou setembro, com respaldo na estabilidade fiscal e no avanço do arcabouço, que está sendo discutido no Senado e poderá ganhar mais reforço derivado de sugestões dos senadores. Isso pode ajudar a termos novas devoluções nos prêmios sobre a curva de juros.
· 01:27 — Holofotes apontados para o Brasil
Hoje, o presidente Lula recebe os líderes da América do Sul, todos em situação política bem delicada. Além do evento deste ano, o Brasil sediará o G20 em 2024, no Rio de Janeiro, com as 20 maiores economias do mundo (cerca de 80% do PIB). Por fim, Lula confirmou recentemente Belém como sede da COP30, a conferência da ONU sobre meio ambiente, em novembro de 2025. A oficialização vem em um momento de atrito entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática e o Congresso Nacional. Resta saber se o país saberá aproveitar os holofotes.
· 02:04 — Voltamos a discutir o teto da dívida americana
Nos EUA, a discussão sobre o teto da dívida finalmente parece caminhar para uma conclusão. Os mercados estão otimistas de que os extremistas políticos serão mantidos sob controle e o acordo será aprovado (a votação está prevista para amanhã). Para isso, a Casa Branca e os líderes republicanos do Congresso prepararam campanhas de lobby para obter a aprovação de um acordo para evitar um calote dos EUA, tentando conter os republicanos e democratas mais radicais.
Parece que o presidente Joe Biden está ligando pessoalmente para os legisladores para apoiar este projeto de lei, enquanto membros do gabinete e altos funcionários da Casa Branca já haviam telefonado para pelo menos 60 democratas da Câmara no início da manhã de segunda-feira. Tanto Biden quanto o presidente republicano da Câmara, Kevin McCarthy, expressaram confiança de que será possível reunir os votos necessários. Fora o debate, contamos hoje com dados de sentimento do consumidor.
· 03:10 — Instabilidade na Alemanha e na Espanha
A Alemanha tem sido o motor econômico da Europa há décadas e agora entrou em recessão. A resiliência está desmoronando e significa perigo para todo o continente. Décadas de política energética falha, o fim dos carros com motor de combustão e uma transição lenta para novas tecnologias estão convergindo para representar a ameaça mais fundamental à prosperidade da nação desde a reunificação. Para piorar, ao contrário de 1990, a classe política carece de liderança para enfrentar as questões que atormentam a competitividade do país. Em outras palavras, o país corre o risco de um longo e lento declínio, com consequências para toda a União Europeias,
Enquanto isso, na Espanha, o presidente do governo (funciona de maneira parecida a um primeiro-ministro), Pedro Sanchez, está apostando que pode reverter o cenário político fraturado do país depois que seu partido sofreu uma derrota esmagadora nas eleições regionais de domingo. Sánchez surpreendeu seus adversários na segunda-feira ao dissolver o parlamento e convocar uma eleição geral antecipada poucas horas depois de saber toda a extensão de suas derrotas nas urnas do dia anterior. Os partidos espanhóis terão menos de dois meses para se preparar e fazer campanha para a eleição de 23 de julho, prevista anteriormente para dezembro.
· 04:05 — E as relações entre os russos e os chineses?
O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, expressou o compromisso de fortalecer a cooperação com a Rússia, ampliando as trocas comerciais e econômicas. Em uma carta ao fórum de negócios China-Rússia, Li enfatizou que essa determinação se estende a outros países, visando promover uma cooperação global de alta qualidade e impulsionar uma economia mundial aberta. A relação é problemática para o Ocidente, que trava uma batalha contra os russos por meio dos ucranianos.
Segundo fontes russas, o país tem como objetivo alcançar a meta de aumentar o comércio bilateral com a China, atingindo a marca de US$ 200 bilhões até o final de 2023 — as áreas de energia renovável e fornecimento de petróleo devem ser centrais. O governo russo critica as sanções impostas pelos Estados Unidos e seus aliados, tentando criar a narrativa de que a Rússia não apenas sobreviveu às punições, mas também continuou a se desenvolver e fortalecer sua cooperação com a China.